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Sob temporal, México vence caos camaronês

Por Redação Placar 13/06/2014 16h04
Sob temporal, México vence caos camaronês
- Foto: Toru Hanai/REUTERS

A chuva caiu como alívio para os jogadores de México e Camarões, mas não para os torcedores de Natal. Castigados pelo temporal da manhã, eles demoraram à chegar à Arena das Dunas.

Pior: enfrentaram o trânsito das vias engarrafadas pelas obras inacabadas (como o viaduto que circunda o estádio) e também uma greve de ônibus, que deixou só 30% da frota circulando.

Com uma temperatura de 23 graus (bem menos do que esperavam para uma partida em pleno sol das 13h), as seleções de México e Camarões entraram em campo como se o jogo fosse no estádio Azteca – ou no Jalisco, ou qualquer outro que você pensar em solo mexicano.

Devidamente tequilados, cervejados e com uma animação digna de headbanger em show de metal (única lugar possível de encontrar uma euforia semelhante), a torcida da “El Tri” não parava. Sombreros lotaram as arquibancadas, acompanhados de torcedores vestidos como lutadores de telecatch, a luta-livre mexicana. Antes de o jogo começar, eles já entoavam “Cielito Lindo”, a canção latina que aqui traduzimos para “Ai, ai, ai/tá chegando a hora”. E estava mesmo. Tanto que, na hora do hino, os mexicanos pareciam sediar sua terceira Copa.

Pobres camaroneses. Tão minoria que tiveram que contar com quatro representantes do Congo, antigo Zaire, mandados para a Copa para torcer para “as nações irmãs” africanas. Havia mais alemães, colombianos, suíços e colombianos que representantes dos Leões Indomáveis.

Ficamos para o campo, então. O México deu a saída já com gritos de “Olé”. Menos, rapaziada.

O primeiro lance de perigo foi com o lateral Aguillar, pela direita. Chute mascado que saiu para fora, para euforia mexicana – que ama esperar o goleiro (no caso, Itandje) se preparar para cobrar o tiro de meta para começar um grito ensurdecedor que só termina com um imenso “PUTO”. Voltaria a repetir no chutes seguintes, incluindo o de Guardado, que foi parar nas mãos de Itandje.

Para você, brasileiro de olho no jogo do Castelão: o México, apesar das indefinições pré-Copa, é um time organizado, sobretudo na defesa. Três zagueiros e dois laterais atrapalham a transição do meio para a frente. Vasquez é um cão de guarda, e Guardado e Herrera têm dupla função: criar e não deixar criar. Giovani dos Santos e Peralta, mais soltos, nem por isso aliviam a saída de bola.

Quando vão para o ataque, Layun e Aguillar se transformam em pontas, centrando para Peralta. Giovani é quem corre com a bola para o centro da área – embora tenha feito um gol, mal anulado, de centroavante contra Camarões, quando o relógio ainda marcava 11 minutos de jogo.

Eto'o, o mais isolado de todos os jogadores da partida, pouco participava. Era o único homem no ataque de Camarões, enquanto o restante tentava conter os avanços mexicanos. Mas foi dele a ação mais incisiva do ataque camaronês, quando o lateral Assou-Ekotto deixou de ser uma avenida para Aguillar e avançou para cruzar no centro da área. A bola passou bem perto do gol de Ochoa.

Sorte, para os mexicanos, que os camaroneses são um caos tático. Ainda pelas pontas, Layun e Aguillar davam trabalho. O último foi derrubado em uma jogada imprudente de Choupo-Moting. Guardado lançou à area, mas Giovani dos Santos e Peralta não a alcançaram. Giovani ainda teria outro gol mal-anulado pelo juiz Wilmar Roldan, da Colômbia, ao cabecear depois de um desvio. Em cruzamento de Rafa Marquez, Oribe Peralta desperdiçou – ainda que, mais uma vez, um impedimento tenha sido mal apontado.

Primeiro tempo encerrado, era hora de corrigir as ineficiências. Logo no início, em boa enfiada de Aguillar, Peralta parou no goleiro Itandje. Era a tal “contundência” que faltou nos amistosos pré-Copa? Se faltava, ela veio nos pés de Peralta, em jogada tramada pela lateral até o passe de Herrera encontrar Giovani. Chute defendido por Itandje e gol de Peralta no rebote, aos 16min do segundo tempo.

Camarões precisava avançar. Assou-Ekotto continuava o homem das grandes jogadas. Em cobrança de falta, viu a bola passar bem perto de Ochoa. Eto'o continuava isolado. Só foi acionado quando estava cercado por Rodríguez e Moreno – e nada pode fazer.

Miguel Herrera colocou, aos 32min, Javier Hernandes, o popular Chicharito, no lugar de Oribe Peralta, o carrasco brasileiro na final da Olimpíada de 2012, em Londres. Contemplou os dois: a torcida, que pediu o jogador do Manchester United, e Peralta, que saiu sob aplausos do gramado.

Chicharito ciscou, fez boas jogadas, perdeu um gol já nos acréscimos de frente para a rede, mas nada que pareça convencer o treinador a colocá-lo como titular no próximo jogo, contra o Brasil. Sob os gritos de “olé” (agora, sim, com alguma razão), o México tocou a bola e manteve a parede de ferro que impediu os africanos de jogarem – embora o cruzamento de Moukandjo e depois uma cabeçada do mesmo jogador tenham arrancado calafrios perto do frio. Se vai ser assim contra o Brasil? Convém lembrar a frase de Rafa Marquez: “A recepção tem sido linda, mas que não esqueçamos: vamos jogar contra o favorito e na casa dele”.

FICHA TÉCNICA
13/6 – ARENA DAS DUNAS (NATAL-RN)
MÉXICO 1 X 0 CAMARÕES

J: Wilmar Roldan (Colômbia); P: 39216; G: Peralta, 16 do 2°; CA: Moreno e Nonkeu

MÉXICO: Ochoa (5); Rodríguez (5), Rafa Marquez (5,5) e Moreno (5); Layun (6), Guardado (5,5) (Marco Fabián 24 do 2º (5,5)), Vasquez (5), Herrera (6) (Salcido 45 do 2º (s/n) e Aguillar (7); Giovani dos Santos (6) e Peralta (6,5) (Chicharito Hernandes 34 do 2º (5,5)) T: Miguel Herrera

CAMARÕES: Itandje (5,5); Djeugoue (4) (Nounkeu, int. (4,5)), N'Koulou (5,5), Chedjou (5,5) e Assou-Ekotto (5,5); M'bia (5), Song (5) (Webo 39 do 2º (s/n)) e Enoh (5); Moukandjo (6), Eto'o (4,5) e Choupo-Moting (4,5). T: Volker Finke