A seleção precisava de um técnico. A CBF trouxe um bedel
Dunga será o novo técnico da seleção brasileira não por seus resultados em campo. José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Gilmar Rinaldi não estão considerando os títulos das Copas América e das Confederações nem a seleção afiada e competitiva pré-Copa de 2010.
Eles veem em Carlos Caetano Bledorn Verri uma espécie de capitão do mato que, montado em seu cavalo, vai enquadrar aqueles que passarem da linha. Como se o problema da seleção fosse disciplinar, e não tático e técnico como o time que fracassou na Copa mostrou.
A escolha foi anunciada pelo site da Revista PLACAR, em furo publicado na quinta.
A sanha pelo disciplinador foi revelada em conversas divulgadas pelo jornalista Wanderley Nogueira, da Jovem Pan. Segundo ele, nas conversas que antecederam a escolha, foi lembrado que “com Dunga, os jogadores não fariam fila na porta do salão [de cabeleireiros] do hotel, um dia antes de um jogo decisivo ‘para arrumar o visual e ajeitar as unhas’”.
Como fosse esse o grande responsável pela derrota vexaminosa para a Alemanha, e não o de Felipão ser um técnico ultrapassado, sem variações táticas e com uma convocação que ele mesmo reconheceu como fraca. Nada, a culpa é apenas da vaidade pré-jogo dos atletas, e só um disciplinador resolveria.
Está provado – pelas últimas Copas e pelo desempenho desses técnicos em campeonatos – que não é reprimindo jogadores que se ganha jogos. O Brasil se fartou de ter técnicos com essas características. Leão, por exemplo, não pode nem mesmo ter o nome citado em diversos clubes que treinou, embora tenha sido ressuscitado pelo São Paulo há dois anos.
Marin ainda tem a cabeça na década de 1970, nossos anos de chumbo, quando era deputado estadual e pela Arena e depois vice-governador e governador biônico escolhido pela ditadura.
Naqueles anos, o disciplinador Dorival Knipel, o Yustrich, era tido como o exemplo de técnico durão. Teve tanto sucesso que não conseguiu dar ao Corinthians o título que não vencia havia 20 anos. Morreu aos 72 anos, em 1990, colecionando poucos títulos no currículo.
Dunga assumiu em 2006 com a mesma missão que terá a partir desta terça-feira: moralizar a seleção. Trouxe Jorginho e transformou o grupo em uma legião de carolas – alguns deles, tão pilhados quanto desequilibrados.
Do grupo que deixou para Mano Menezes, apenas um tinha sido formado em sua gestão e deixado para o sucessor: Ramires. Felipão deixa Neymar (mérito de Mano) e Bernard, mas, ao contrário de quatro anos atrás, não há nenhum novo craque surgindo e que ainda não foi aproveitado.
É difícil imaginar a seleção para 2018 considerando os jogadores do atual grupo que não estão queimados ou com a idade expirando.
Enquanto isso, nada de discutir inovações táticas ou erros técnicos que foram cometidos em campo. Nenhuma ideia sobre a mudança na concepção de formar atletas brasileiros.
Uma mexida nas estruturas das ligas brasileiras, as nacionais e as estaduais? Nada. Vão é querer disciplina. A velha tática da escola de guerra, incentivada pela rigidez no comportamento e por lições de autoajuda e religiosidade extrema que mais atrapalham que ajudam.
Alemanha soltou seus jogadores em Santa Cruz Cabrália e eles se misturaram com os locais para festejar – em algumas situações, pareciam até bêbados.
A Holanda deixou que os atletas levassem suas mulheres para os quartos de hotéis e os liberaram para passear na praia. Não foi apenas agora; na Copa da África do Sul também foi assim.
Nos dois Mundiais, ficaram entre os quatro primeiros. Enquanto isso, a seleção brasileira anda em círculos. Ou melhor: anda para trás, mirando os anos de chumbo como se eles fossem exemplo para alguma coisa.
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