Wilson Gotardo, novo diretor de futebol do Botafogo, foi transparente ao falar sobre a realidade do clube. Em entrevista, ele admitiu que não tem como pagar os salários atrasados dos jogadores e que a porta está aberta para quem quiser sair.

“Não estou preocupado com uma debandada. Quem quiser sair pode sair. Já estamos quase 90 dias sem pagar. O atleta que quiser sair e ir para outro lugar, fique à vontade. Tem jogador de 18, 19 anos que quer jogar. O Vágner Mancini está preparando os meninos também.”

“A situação é desconfortável, claro. Quem vem para o Botafogo, vem para encarar o desafio. Quem está tem a liberdade de ficar ou sair. Mas quem ficar, tem que ter vontade de honrar a camisa. A motivação vem do coração de cada um”, afirmou.

Ex-jogador e ídolo do Botafogo, Gotardo assumiu o cargo há menos de um mês e afirmou que os jogadores estão dispostos a ajudar. O Alvinegro tem a receita penhorada e deve três meses de salário e cinco de direito de imagem.

Por isso, pediu aos jogadores que honrem a camisa. “Temos um problema, que é o financeiro, não podemos criar outros. Eles estão cientes disso. Somos transparentes. Não tenho nada dar a não ser minha vontade de trabalhar.”

“O atleta terá que se adaptar ao novo momento econômico do futebol. E isso não é um problema só do Botafogo. É um problema do país. Vem vindo uma crise aí que vai mudar um pouco essa realidade do futebol brasileiro. Temos que enxugar alguns custos e pensar em valores pagáveis. Voltar a ter os pés no chão”, comentou.

Para exemplificar a situação, Gotardo lembrou da contratação do volante Ramires do Corinthians. Ele disse que o acordo só foi possível porque o Botafogo vendeu o meia Jorge Wagner para o futebol japonês. “Pra chegar um, tem que sair alguém. Fizemos um acordo com o Jorge, ele abriu mão de alguma coisa e trouxemos um jogador com salário menor”, afirmou.

“Para trazer um jogador talentoso, de nome, não temos condições. Mas se acontecer a possibilidade de fazer uma troca, farei”, finalizou.