Com atraso salarial, atletas do Icasa cogitam não atuar diante do Vasco
O risco de uma nova ausência de equipe devido a atrasos salariais voltou a pairar no futebol brasileiro.
Sem receber há dois meses e meio, atletas do Icasa cogitaram não entrar em campo diante do Vasco, sexta-feira, no Romeirão, pela décima-oitava rodada da Série B.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Ceará (Safece), Marcos Gaúcho, a medida drástica só acontecerá caso a diretoria não chegue a um acordo com os jogadores do clube de Juazeiro do Norte:
- Não sou a favor de uma greve, porque tem de respeitar o torcedor que foi ao estádio, a imprensa. Mas a má gestão às vezes faz a gente tomar uma atitude mais drástica, como fez o Grêmio Barueri, que foi um sinal de alerta para quem gerencia os clubes.
Na quinta-feira, nós do Sindicato vamos nos reunir com os jogadores e o clube e tentar resolver diplomaticamente a situação no Icasa, ou há a chance de os jogadores não entrarem em campo - declarou, ao LANCE!Net.
De acordo com Marcos Gaúcho, até atletas que saíram do Periquito vêm recorrendo ao Sindicato porque estão sofrendo ameaças da diretoria:
- Jogadores que rescindem contrato são ameaçados de despejo do hotel no qual estão, e têm de fazer acordo com promissória! Outros sofrem com os atrasos salariais e comprovaram os problemas com os quais vêm convivendo.
Os atletas do Icasa se amparam no Artigo 32 da Lei Pelé, que afirma: "É lícito ao atleta profissional recusar competir por entidade de prática desportiva quando seus salários, no todo ou em parte, estiverem atrasados em dois ou mais meses".
Questionado sobre a ameaça de os atletas do Icasa não entrarem em campo diante do Cruz-Maltino, o mandatário do clube, Francisco Paes de Lira, acusou o Sindicato de pressionar o clube:
- É uma balela! O Icasa tem recurso e vai resolver todas as questões financeiras com os atletas. A função do Sindicato não é pressionar. Considero um ato inoportuno, eles tinham de acompanhar o nosso dia a dia, em vez de procurar o clube para fazer este tipo de ameaça - afirmou, ao LANCE!Net.
O presidente da Safece mostrou otimismo em um acordo para que o Icasa esteja em campo diante do Vasco:
- Liguei para o Turatto (André Turatto, gerente de futebol do clube) e decidimos fazer esta reunião na quinta-feira, quando a delegação volta de Curitiba. Nenhum jogador tomou a decisão de não entrar em campo contra o Vasco, isto seria em último caso. Portanto, tenho otimismo quanto a um acordo e espero que o Icasa jogue, sim, na sexta-feira.
Antes do Vasco, curiosamente, o Icasa, décimo-quinto colocado, enfrentará nesta terça-feira outro clube que sofre a ameaça de greve de jogadores. Atualmente em décimo-sexto lugar, o Paraná traz quatro meses de atrasos de salários - e os jogadores deram um prazo até quarta-feira para uma decisão.
Na última sexta-feira, atletas do Grêmio Barueri não entraram em campo contra o Operário-MT, pela Série D, devido ao atraso salarial de quatro meses. Em solidariedade, atletas da equipe mato-grossense deitaram no gramado da Arena Barueri.