Valdivia arranca aplausos até quando erra e é ovacionado no Chile

A camisa 10 da seleção chilena tem um dono que nasceu na Venezuela, mas que é para os chilenos o representante único de um futebol criativo e imprevisível, não tão chileno quanto o futebol local está acostumado: Jorge Valdivia, visto como gênio e um dos mais queridos pela torcida - muito mais do que é hoje em São Paulo, pelos próprios torcedores do Palmeiras, como ilustrado na vitória do anfitrião da Copa América sobre o Equador, nesta quinta-feira (11).
O Chile jogou no estádio Nacional, na capital Santiago, e venceu por 2 a 0. O primeiro de Valdivia chamou atenção. Há muito, talvez mais de um ano, o camisa 10 não joga tão bem pelo clube o futebol que jogou por 45 minutos na partida. À frente de três volantes no mutante 4-3-1-2 do técnico argentino Jorge Sampaoli, teve liberdade para se posicionar onde prefere, e criou diversas chances para o rápido e habilidoso Alexis Sánchez. E até quando errou foi aplaudido.
É claro que hoje os ídolos chilenos são Alexis e o volante Arturo Vidal, da Juventus (ITA), que abriria o placar com gol em cobrança de pênalti. Mas cada um é idolatrado de sua forma, e Valdivia entra no pódio. Do camisa 10 a torcida espera a criatividade que os chilenos não têm, passes que outros jogadores não conseguem enxergar, e ele ofereceu isso contra o Equador. Mesmo quando errou, foi aplaudido, por ter o objetivo reconhecido. Quando acertou, levantou o não tão empolgado torcedor chileno.
A situação contrasta totalmente com o que acontece hoje no Palmeiras. Em situação indefinida, o meia pode até já ter se despedido do Palmeiras, uma vez que seu contrato acaba em agosto, a Copa América acaba em julho e ele ainda não acertou a renovação de vínculo. Nos últimos meses, Valdivia dividiu gritos de apoio e de repúdio nas arquibancadas do Allianz Parque.
Aos 22 minutos do segundo tempo, imediatamente após o gol de Vidal, Valdivia foi substituído. No embalo do gol, a torcida o ovacionou e reconheceu a boa exibição do meia.
Na quarta-feira, Jorge Sampaoli falou que Valdivia é "determinante em sua característica". O camisa 10 pode estar muito longe da grande fase que viveu em outros anos, como em 2008, pelo Palmeiras, mas sete anos depois continua fundamental para a seleção.
Para que pudesse contar com Valdivia nesta Copa América, a seleção chilena colocou à disposição do jogador o fisioterapeuta cubano José Amador, que trabalha com o Chile. Amador foi ao Brasil e passou a tratar as lesões de Valdivia em São Paulo, num tratamento especial escancarado e reconhecido. Com problemas musculares e com risco de perder o torneio, Valdivia convenceu o Palmeiras em janeiro deste ano a poder ir ao Chile e continuar o tratamento com Amador. Conseguiu e, não por acaso, joga a Copa América como titular agora.
O Chile volta a jogar na segunda-feira, contra o México, pela segunda-rodada do Grupo A. E com mais espaço para Valdivia, provavelmente. Seu reserva, Matías Fernández, foi expulso após vinte minutos em campo.
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