Alagoas

Cada vez mais cresce o número de mulheres frentistas em postos de combustíveis

Só em Arapiraca, elas chegam a dominar 30% das vagas de trabalho

20/10/2012 06h06
Cada vez mais cresce o número de mulheres frentistas em postos de combustíveis
Da redação

Em pleno século vinte e um, algumas profissões ainda causam espanto à sociedade quando são comandadas por mulheres, a exemplo de taxistas, motoristas de ônibus, maquinistas de trem, cobradores ou frentistas. Mas, nos últimos anos, as coisas começaram a mudar. Para o espanto de muitos, certos conceitos – ou preconceitos - vêm sendo revistos dentro da estrutura organizacional da sociedade e, principalmente, das empresas.

Não são poucos os gerentes em recursos humanos que vêm tentando abrir os olhos do mercado de trabalho para recrutar essa leva de mão de obra, que tanto vem se qualificando nos mais diversos segmentos da economia.

Hoje, a mulher mostra não só a força que certas profissões exigem, mas, inteligência, dedicação e, sobretudo, paciência, muitas vezes escassa em certos ofícios exercidos pela classe masculina.

As que buscam um lugar ao sol, claro, sofrem mais preconceito do que as mulheres já consolidadas em profissões em que a presença feminina ainda é vista com olhos tortos. Uma dessas classes que ainda é atingida pela discriminação é a frentista, que, notoriamente, tem invadido os postos de combustíveis das grandes e médias cidades.

Em Arapiraca, no agreste do Estado, essa invasão tem sido facilmente observada. É o caso de Rita Maria da Silva, de 18 anos, recém contratada em um posto de combustíveis, no bairro Verdes Campos. Trabalhando no estabelecimento há apenas 15 dias, a jovem conta que chegou sem experiência alguma no ramo. “Nos primeiros dias, a maior dificuldade foi conseguir discernir os tipos de combustíveis. Mas o pessoal foi paciente e me ensinou tudo”, explica.

Rita conta, ainda, que acabou de concluir o ensino médio. E deu sorte, já que esta, além de ser sua primeira experiência como frentista de posto, é, também, sua estreia no mercado de trabalho. “Eu estava à procura de um emprego. Como não queria esperar até acabar uma faculdade para entrar no mercado de trabalho, deixei o currículo aqui e rapidamente fui chamada”, conta.

Perguntada se nesse pouco tempo de ofício, ela já sofreu algum tipo de preconceito por exercer uma função até então masculina, ela foi enfática. “Pelo contrário. Os clientes que vêm aqui elogiam. Dizem que mulher é mais organizada e dão força para que a gente continue assim”, completa.

Cantadas existem

Em quase todas as profissões, as cantadas existem. Não tem como bani-las, principalmente em se tratando de um ambiente onde as mulheres começam a dominar o espaço. No posto onde Rita Maria trabalha, dos nove frentistas que se revezam em três turnos, seis são mulheres. E neste caso, não seria diferente. Elas não estão de fora deste tipo de assédio.
 
“Eu tento encarar a situação com naturalidade e tranquilidade. A gente escuta e, em certos casos, finge que não ouve. Tem que saber contornar a situação”, explica.

Oportunidade e planos para o futuro

Apesar de satisfeita com a vaga em que ocupa, Maria Rita é jovem e, como tal, faz planos para o futuro. Solteira, mora com os pais e já pensa em se organizar para crescer mais tarde. “Como comecei agora, ainda estou me organizando. Mas quero fazer faculdade e cursos profissionalizantes”, destaca.

Crescimento da participação feminina no setor



Segundo o diretor do Sindicato dos Combustíveis do Estado de Alagoas, Ibn Pinto, nos últimos dez anos, a participação da mulher no setor de frentista cresceu em torno de 30%. Ibn Pinto atribui o aumento da figura feminina, neste segmento, por conta das mudanças na tecnologia dos veículos atualmente em circulação. “Como advento da tecnologia, os postos estão percebendo que o conhecimento está sobrepondo a força, antes utilizada com a mão de obra masculina. A mulher é mais sensível. Em certos manuseios elas têm mais cuidado que os homens”, conclui.