Alagoas

MP vai apurar se houve negligência médica na morte de jovem no HGE

Wanderson Ricardo faleceu na última sexta-feira (17) 

Por Assessoria 21/05/2013 15h03
MP vai apurar se houve negligência médica na morte de jovem no HGE
Assessoria
O Ministério Público Estadual de Alagoas vai apurar o que causou o óbito do jovem Wanderson Ricardo da Silva, de 23 anos, que, na última sexta-feira (17), morreu no Hospital Geral do Estado vítima de choque séptico e abdômen agudo. A família procurou o Núcleo de Defesa da Saúde Pública do MPE, nesta terça-feira (22), e alegou que a vítima não recebeu o atendimento necessário naquela unidade de saúde. Diante da gravidade do caso, um procedimento administrativo foi instaurado.

O relato da peregrinação de Wanderson e a mãe dele, a dona de casa Ângela Maria da Silva Nascimento, foi contado para a promotora de Justiça Micheline Tenório, coordenadora do Núcleo de Defesa da Saúde Pública do Ministério Público. “No domingo (12), meu filho sentia fortes dores na parte inferior direita do abdômen e nós fomos buscar ajuda no HGE. Lá, deram uma injeção e colocaram ele no soro, em seguida, mandaram-nos embora. Na segunda, as dores continuaram e voltamos ao hospital. Um exame de sangue foi feito e o resultado apontou uma infecção. Uma médica receitou um antibiótico e nos liberou. Na quinta, de novo retornamos porque ele já não suportava mais as dores. Então, o Wanderson fez um exame de urina e o teste mostrou nova infecção. Eu até disse ao médico que aquele quadro era de apendicite e que ele precisava ser operado com urgência. Mas, ninguém me deu atenção. Passei a noite na porta do HGE e, só na quinta, ele fez um raio X. O resultado não mostrou que o apêndice estava prestes a estrangular porque meu filho estava c muitos gases, o que atrapalhou o diagnóstico. Por isso, nada foi feito”, disse a mãe.

“Wanderson continuou internado e, só na quinta-feira à noite, um médico constatou que ele estava com apendicite. Uma enfermeira até me disse que meu filho seria operado e depois me daria informações. Entretanto, chegou o outro dia e nada, apesar de todas as tentativas que fiz durante a madrugada. Foi quando, na manhã da sexta, busquei, de novo, notícias a respeito do estado de saúde dele. No Serviço Social, apenas me disseram que ele havia sido operado e que eu poderia visitá-lo às 15h30. Mas, quando se aproximou esse horário, uma funcionária se aproximou e disse que uma assistente social precisava conversar comigo. De imediato, já senti que o pior tinha acontecido”, contou Ângela Maria da Silva.

Procedimento administrativo


As informações repassadas pela dona de casa constam no termo de declarações que foi oficializado pela promotora Micheline Tenório. Esse documento serviu como base para a instauração de um procedimento administrativo. “Vamos investigar se houve negligência ou imperícia médica por parte dos profissionais que estavam de plantão durante todos esses dias em que a vítima buscou atendimento. E para isso, pediremos apoio ao Conselho Regional de Medicina. Temos que saber se os procedimentos adotados foram ou não corretos para o caso do Wanderson”, informou a promotora de Justiça.

Micheline Tenório também explicou que vai requisitar à direção do HGE o prontuário do paciente e cópia de todos os medicamentos e procedimentos que foram aplicados e realizados, respectivamente, no jovem durante a semana passada. “Será necessário um estudo do prontuário médico. E também vamos investigar a conduta dos demais funcionários que atenderam a essa família. Ela estava vulnerável, com uma situação de sofrimento e merecia ser atendida com dignidade e respeito”, declarou.

A promotora de Justiça também orientou a família a registrar um boletim de ocorrência para que a Polícia Civil instaure um inquérito para apurar o caso e a buscar a Defensoria Pública do Estado de Alagoas para a propositura de uma ação de reparação por danos morais e materiais.

Wanderson Ricardo da Silva Nascimento faleceu na última sexta-feira (17) e o atestado de óbito apontou morte por choque séptico e abdômen agudo.