Estudantes da Ufal ganham prêmio de jornalismo ambiental
O ativista Octávio Brandão foi um dos primeiros alagoanos a preocupar-se com a preservação da hidrografia de Maceió. Entre 1916 e 1917, ele escrevia Canais e Lagoas, que trata do complexo estuarino-lagunar Mundaú-Manguaba. Quase cem anos depois, em 2014, três estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) receberam um prêmio que leva seu nome, por abordarem as águas naturais da capital.
Abidias Martins, Itawi Albuquerque e Márcio Anastacio da Silva foram os campeões da categoria estudante do 10º Prêmio Octávio Brandão de Jornalismo Ambiental, ocorrido no último sábado (14), no bairro do Jaraguá, em Maceió. Com a reportagem "Riacho Salgadinho: um rio de lágrimas", os alunos do curso de Comunicação Social da Ufal levaram a premiação de R$ 1 mil.
Abidias e Márcio já venceram, em 2013, o Prêmio Braskem de Jornalismo com a mesma temática, em uma matéria audiovisual. Desta vez, eles trataram do assunto em versão texto, contando com as fotografias de Itawi. "Criamos um blog e disponibilizamos o texto junto com as fotos e o vídeo produzido anteriormente. Acabou sendo um reportagem multimídia", explicou Abidias. "Nessa edição, também acrescentamos entrevistas com um médico infectologista sobre as doenças contraídas por causa da sujeira e com o diretor técnico do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas sobre as medidas públicas para limpeza do riacho".
O estudante conta que o trabalho incluiu muita pesquisa, entrevistas com especialistas e visitas a comunidades em torno do Salgadinho. O objetivo foi humanizar a abordagem, pois, segundo o estudante, geralmente as reportagens focam mais na poluição e no prejuízo à natureza e não tanto nas pessoas que também sofrem com o problema. "Quem teve a ideia foi o Márcio. A poluição do Riacho Salgadinho é um problema ambiental gritante e muito falado; o próprio Octávio Brandão já falava disso em 1916. Fizemos um registro histórico de como era e do que se tornou o curso d'água; e buscamos saber das pessoas: como é a vida delas por lá, porque vivem lá etc.", explicou.
A matéria premiada pode ser lida aqui.
Menção honrosa
A estudante Milena Barbosa, atualmente cursando o 8º período de jornalismo, também teve seu trabalho reconhecido pelo Prêmio. Ela obteve Menção Honrosa com a reportagem "Amor que salva: a vida maltratada renasce no centro de triagem do Ibama", que escreveu para o blog da Agência de Notícias Ciência Alagoas, um projeto de extensão vinculado ao Programa de Ações Interdisciplinares (Painter) da Ufal, do qual é bolsista.
A matéria fala sobre o trabalho do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que desenvolveu um programa para recuperar filhotes de espécies silvestres que perderam suas mães. O centro deixa os animais sob tutela dos estagiários, que cuidam deles até poderem ser reinseridos na natureza.
A ideia surgiu de uma visita ao Museu de História Natural (MHN), com a equipe da agência, em 2013, quando Milena conheceu Isabella Nogueira, então estagiária do Museu e do Ibama. "Ela estava no terceiro mês do programa com uma filhote de preguiça. A cena do animal agarrado à Isabella me chamou a atenção, por perceber um carinho entre as duas. Marquei para conhecer o programa na sede do Ibama e fiquei ainda mais encantada com o trabalho deles, que também é feito com outras espécies", contou.
Para Milena, a premiação foi uma grata surpresa. "Já havia sido anunciado o primeiro lugar da categoria e eu estava fora do local. Fui em direção ao palco totalmente receosa, mas muito emocionada. O discurso nem foi preparado, pois eu realmente fui surpreendida. Uma menção honrosa é muito mais do que eu poderia esperar", contou. "O prêmio não é só meu, mas de toda a Agência. Agradeço, em especial, à professora Magnólia Santos, que procura sempre extrair o melhor dos alunos, e à Clariza Santos, que incentivou a me inscrever", disse.
A matéria pode ser vista no blog do projeto, que tem por objetivo divulgar notícias sobre a ciência e a tecnologia desenvolvida no estado:
Sobre o Prêmio
O Prêmio Octávio Brandão de Jornalismo Ambiental é uma realização da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), a empresa Braskem e o Sindicato de Jornalistas de Alagoas (Sindjornal). Este ano, cem trabalhos concorreram a sete categorias: estudante, radiojornalismo, webjornalismo, impresso (imagem), impresso (texto), reportagem cinematográfica e telejornalismo. A avaliação foi realizada por jornalistas, ambientalistas e técnicos de Alagoas e de outros estados.