O notícia de que pelo menos três pessoas tinham desenvolvido a síndrome de Guillain-Barré, uma doença neurológica rara e séria, e que poderia estar ligada a dengue chamou a atenção e causou um certo alvoroço. Os casos teriam sido registrados no início desse ano na cidade de Cajazeiras, no Sertão da Paraíba. Um dos três pacientes, uma escrivã da Polícia Civil, morreu após iniciar o tratamento.

No estado da Bahia mais 13 casos da síndrome Guillain-Barré foram confirmados, o que aumenta para 42 o número de pacientes com a doença, segundo o balanço atualizado nesta segunda-feira (13) pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). O total de notificações subiu de 55 para 76. Dos casos confirmados, 26 têm histórico de dengue, zika ou chikungunya, vírus considerados epidêmicos no estado. A síndrome causou uma morte na Bahia.

O portal 7Segundos entrou em contato com o infectologista José Maria Constant e que afirmou que a síndrome de Guillain-Barré é decorrente de uma infecção viral e com um difícil diagnóstico.

“Qualquer infecção viral como sarampo, caxumba, gripe, dengue e tantas outras podem desencadear a síndrome mas isso não é tão simples de acontecer”, explicou o infectologista.

Para explicar que não é tão comum de acontecer, José Maria Constant, citou como exemplo a possibilidade de risco de contaminação em um procedimento cirúrgico.

“Todas as pessoas que passam por uma cirurgia há a previsibilidade de infecção.Mas isso não quer dizer que todas os pacientes serão contaminadas”, exemplificou José Maria Constant.Dengue é um doença endêmica, ou seja, onde há o mosquito transmissor as pessoas podem ser infectadas, o que não ocorre com a síndrome de Guillain Barré, portanto não há uma relação direta de quem teve dengue, e outras doenças infecciosas, vão desenvolver a síndrome.

O mais importante, segundo o infectologista, é avaliar os sintomas de paciente que apresente qualquer infecção viral e descartar ou não a possibilidade da síndrome de Giullain-Barré. Outro aspecto ressaltado pelo médico infectologista é saber que a síndrome não é contagiosa.
Síndrome de Giullain-Barré

A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca parte do próprio sistema nervoso por engano. Isso leva à inflamação dos nervos, que provoca fraqueza muscular.

Sintomas

• Perda de reflexos em braços e pernas
• Hipotensão ou baixo controle da pressão arterial
• Em casos brandos, pode haver fraqueza em vez de paralisia
• Pode começar nos braços e nas pernas ao mesmo tempo
• Pode piorar em 24 a 72 horas
• Pode ocorrer somente nos nervos da cabeça
• Pode começar nos braços e descer para as pernas
• Pode começar nos pés e nas pernas e subir para os braços e a cabeça
• Dormência
• Alterações da sensibilidade
• Sensibilidade ou dor muscular (pode ser cãibra)
• Movimentos descoordenados

Tratamentos

Não existe cura para a síndrome de Guillain-Barré. Entretanto, há muitos tratamentos disponíveis para ajudar a reduzir os sintomas, tratar as possíveis complicações e acelerar a recuperação do paciente.

Quando os sintomas são graves, a hospitalização será recomendada para dar continuidade a um tipo de tratamento mais específico, que pode incluir aparelhos de respiração artificial.
Nos estágios iniciais da doença, tratamentos que removem ou bloqueiem a ação dos anticorpos que estão atacando as células nervosas podem reduzir a gravidade e a duração dos sintomas da Síndrome de Guillain-Barré.

Outro método é bloquear os anticorpos usando altas doses de imunoglobulina. Nesse caso, as imunoglobulinas são adicionadas ao sangue em grandes quantidades, bloqueando os anticorpos que causam a inflamação.