Arapiraca gasta quase R$500 mil de recursos próprios para os serviços de saúde

A cada ano, a população aumenta e a procura de atendimento para os serviços de saúde também. Mas na contramão deste crescimento, o aumento dos recursos do governo federal para o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) caminha a passos lentos. O resultado dessa equação é a escassez de oferta em exames, consultas e outros serviços de saúde.
A superintendente de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria da Secretária Municipal de Saúde de Arapiraca, Nadja Vieira, informou que os recursos repassados pelo Ministério da Saúde são baseados no contingente populacional de 2008, que era de aproximadamente 200 mil habitantes. Atualmente a população estimada de Arapiraca é de quase 230 mil (229.329), de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro Geográfico e Estatística (IBGE).
Além disso, os valores pagos pela tabela dos SUS estão muito abaixo do que realmente é cobrado. Por isso, que no final do mês a prefeitura de Arapiraca tem que tirar do próprio bolso cerca de R$ 500 para pagar o excedente do teto que o SUS disponibiliza, ou seja a contrapartida.
Ela citou por exemplo, uma simples ultrassom que o município custeia no valor de R$ 40 reais e o governo federal só repassa R$ 24,20 . Milhares de exames são realizados por mês em Arapiraca, e a conta da contrapartida municipal vai aumentando.
Nadja Vieira afirmou que outro problema que afeta o ‘bolso’ da saúde municipal é o número de usuários do SUS que é muito maior do que aqueles que realmente devem ser atendidos na cidade. Ela explicou que o município de Arapiraca é sede da 2ª Macrorregião de Saúde do Estado de Alagoas, ou seja, ela atende usuários de Arapiraca e outros 46 municípios, o que já representa uma demanda muito alta. Mas além de todo esse contingente, usuários do SUS que moram em cidades onde Arapiraca não é referência para esse tipo de atendimento, também se deslocam para o município com o objetivo de receber atendimento médico.
“Pessoas do município de São Brás, por exemplo não fazem parte da 2ª Macrorregião, mas mesmo assim elas ficam em casa de parentes em Arapiraca e afirmam que estão morando aqui e como órgão de saúde não podemos recusar o serviço”, relatou Nadja Vieira.
Isso acontece com usuários do SUS de varias cidades que superlotam as unidades de saúde e centros de atendimentos de Arapiraca, e quem realmente mora na cidade ou faz parte dos municípios que compõem a 2ª Macrorregião, são prejudicadas.
Um exemplo claro dessa disparidade entre número de usuários e recursos destinados pelo SUS é o serviço de oncologia. Nadja Vieira informou que o hospital Afra Barbosa por exemplo, recebe por mês do Ministério da Saúde R$ 133 mil para realizar o tratamento de quimioterapia. Mas o número de paciente que busca o hospital para esse tipo de atendimento é tão alto que os custos ultrapassam os R$ 300 mil. Parte dessa diferença de R$ 267 mil quem paga é a prefeitura de Arapiraca.
O mesmo acontece com o Hospital Chama onde o teto financeiro repassados pelo governo federal para o tratamento de quimioterapia e radiologia é de R$ 152 mil, mas a conta no final do mês chega a R$ 300 mil.
Para Nadja Vieira a saúde pode sofrer um colapso financeiro maior ainda do que já vive , por isso é preciso que a população participe, exija dos representantes alagoanos no Congresso e Senado federais emendas constitucionais para aumentar os recursos destinados à saúde pública.
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