HGE e UE do Agreste são referências no atendimento a vítimas de acidentes
No período entre 18 e 25 deste mês foi comemorada em todo o Brasil a Semana Nacional do Trânsito, campanha que tem como finalidade conscientizar a valorização da vida, através da mudança de atitude em todos os atores do trânsito, sejam eles pedestres, ciclistas, passageiros ou condutores. Na contramão desse esforço coletivo estão as estatísticas apresentadas pela Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca, e Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió.
Somente a Unidade de Emergência do Agreste registrou 54.061 atendimentos a vítimas da violência no trânsito nos últimos cinco anos. Os números são alarmantes e representam 25% do total de atendimentos realizados pela Unidade. Ou seja, a cada quatro pessoas que procuram atendimento no hospital, pelo menos uma foi vítima de acidentes de trânsito, em sua maioria envolvendo motocicletas.
No período entre 1º de janeiro e 22 de setembro deste ano, a Unidade de Emergência do Agreste já registrou 8.249 atendimentos por este motivo. Como ocorre em todos os anos, as ocorrências campeãs são as quedas de moto. Somente este ano foram contabilizados 4.936 atendimentos a pacientes feridos por quedas desse tipo de veículo.
Já no HGE, anualmente mais de 10 mil pessoas vítimas de acidentes de trânsito são atendidas. Em 2014, a unidade hospitalar atendeu 12.014 acidentados no trânsito. Nos seis primeiros meses deste ano, a unidade recebeu 6.511 vítimas de acidentes nas estradas. Os acidentes de motocicleta e as colisões lideram a lista com 2.672 e 2.436 ocorrências, respectivamente. A unidade também recebeu 780 vítimas de atropelamentos, 364 de acidentes envolvendo bicicletas e 229 capotamentos.
Constatação
O auxiliar de enfermagem Jailton Lourenço, de 45 anos, retornava do trabalho da esposa quando se envolveu em um grave acidente ao se aproximar de sua residência. A moto ficou completamente destruída, mas a vida foi salva graças ao socorro especializado que recebeu. Com fixador na perna direita e algumas escoriações no corpo, o profissional se recupera no único hospital alagoano referência em trauma, o HGE.
Para o cirurgião-geral Amauri Clemente, a diminuição do uso do álcool, devido às restrições estabelecidas, como a Lei Seca, assim como o aumento da conscientização, tem auxiliado na redução dos acidentes mais graves.
“A garantia do socorro especializado, com as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) nas ruas vem salvando mais vidas porque agiliza o atendimento dentro do hospital”, acrescentou.
A enfermeira Mariana Rocha, 32 anos, cuida, diariamente, de vítimas de acidentes de trânsito no hospital. Prestativa, ela passa a conhecer várias histórias de pacientes que chegam a passar mais de dois meses na unidade hospitalar. O que muitos não sabem é que a profissional também já esteve envolvida em um acidente quando tinha apenas seis anos de idade.
“Eu retornava da praia, quando fui atropelada por um carro, fraturei o fêmur direito e a clavícula. Foi uma fratura exposta, cheguei a ficar 18 dias na UTI. Entendo bem o sofrimento deles. Além da dor e sofrimentos vividos, passamos a conviver com as marcas e sequelas no próprio corpo”, contou a enfermeira, que convive com uma prótese na perna e espalha alegria por onde anda, característica de quem tem na vida motivos de sobra para sorrir.
Atendimento Especializado
As estatísticas do HGE demonstram que os homens são as maiores vítimas de acidentes no trânsito. O horário de maior ocorrência dos acidentes está entre às 18h e 21h e a faixa etária de maior atendimento está entre pacientes de 25 e 34 anos.
O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) representa mais de 40% das hospitalizações de indivíduos abaixo dos 20 anos e responde pela maioria das lesões provocadas por causas externas. Estatísticas apontam que de 5% a 10% dos pacientes que sofrem este tipo de trauma podem apresentar sequelas mental, cognitiva, psicológica, na linguagem ou motora.
De acordo com o cirurgião Amauri Clemente, as principais causas de acidentes no trânsito são velocidade excessiva, dirigir sob efeito do álcool ou outras drogas, desrespeito à sinalização e distância insuficiente em relação ao veículo dianteiro. “O respeito e a cooperação no trânsito são fundamentais. É preciso ter esta consciência para produzir mudanças que contribuam com um trânsito mais humano e seguro”, lembrou o especialista em assistência ao trauma.
De acordo com a psicóloga da UE do Agreste, Mônica Leal, os números são alarmantes e que boa parte dos acidentes registrados na região poderia ser evitada. “Infelizmente muitos de nossos pacientes poderiam não estar aqui, uma vez que contribuíram para serem mais uma vítima da violência no trânsito. A ingestão de bebidas alcoólicas, a não utilização de capacetes e a imprudência são alguns dos fatores que acarretam a vinda de algumas pessoas para cá”, alertou a psicóloga.