Região Agreste quer retomar espaço como polo produtor de milho
Empresários, produtores rurais, estudantes universitários e representantes de diversos municípios do Agreste alagoano conheceram na última sexta-feira (16) os resultados dos testes conduzidos por técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri) e do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater/AL), em parceria com a Embrapa, com 25 cultivares de milho transgênico e duas variedades de milho não transgênico plantado em uma área de1,5 hectareno povoado Bom Nome, na zona rural do município de Arapiraca.
Dentro do calendário de atividades do Programa de Incentivo à Produção de Grãos desenvolvido pelo Governo do Estado, o Dia de Campo serve para demonstrar o desempenho de cada unidade experimental de milho aos interessados em investir na cultura a partir da próxima safra.
De acordo com o técnico extensionista da Emater, Manoel Henrique, responsável pela condução da pesquisa na área, o plantio do milho teve início em junho e, apesar das adversidades climáticas verificadas nesse período, os experimentos foram bem sucedidos.
“Tivemos um período de seca prolongado, com baixa umidade do solo, o que interferiu na experimentação, mas, mesmo assim, foi possível observar a viabilidade de vários materiais plantados aqui. Com a experimentação, podemos dar mais garantias ao grande e ao pequeno agricultor de que é seguro diversificar sua produção”, afirmou.
O superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Hibernon Cavalcante, explica como foram realizados os experimentos. “Todos os materiais foram plantados no mesmo dia, com a mesma adubação, num padrão. No final, observamos qual o diferencial que existe entre os cultivares e vai caber ao produtor escolher a melhor variação para a sua terra. Para ajudar os agricultores nesse sentido, vamos fazer a divulgação dos resultados dos experimentos. No entanto, o mais importante nesse processo é que todas as variações apresentaram entre 60% e 100 % de lucratividade”, disse.
Ao lado da prefeita Célia Rocha, do diretor-presidente da Emater/AL, Carlos Dias, e do presidente da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal), Marcelo Lima, e do superintendente da Codevasf, Luciano Chagas, o secretário da Agricultura, Álvaro Vasconcelos, declarou que a meta do Governo do Estado é fazer com que o município de Arapiraca e a Região Agreste de forma geral retomem seu posto como polo produtor de milho no Nordeste.
“Arapiraca já esteve entre os maiores produtores de milho do Brasil e não vamos medir esforços para que isso volte a ser uma realidade. Somente uma indústria dessa região consome por ano 250 mil toneladas de milho. No ano passado, todo o Estado de Alagoas produziu apenas 24 mil toneladas. Isso quer dizer que a demanda aqui é grande e nosso empenho é para que Alagoas alcance a autossuficiência nessa produção e pare de comprar o produto de outros estados”, disse Vasconcelos.
A prefeita Célia Rocha ressaltou a união entre Estado e os municípios como fator decisivo para o sucesso dos esforços pela diversificação da economia alagoana. “A crise do setor canavieiro nos faz buscar outros caminhos, e o milho tem um mercado assegurado, garantido, técnicos preparadíssimos, instituições financeiras dispostas a investir. O produtor pode ter a certeza de que isso vai dar retorno que eles esperam, com geração de emprego e renda e melhoria da qualidade de vida do homem do campo. Essa diversificação trará muitos frutos para os produtores alagoanos e, especialmente, para os produtores da região do Agreste alagoano”, avaliou Célia Rocha.
“Eu tenho certeza de que o momento é esse, com a vontade do governador Renan Filho de diversificar a agricultura de Alagoas, preservando a cana de açúcar, que continua sendo muito importante para a economia do Estado. O governador tem certeza de que se ele investir, proporcionalmente ao que é investido na indústria ou em outros segmentos, no agronegócio e na agricultura familiar, nos assentamentos, nós vamos conseguir gerar um número cinco vezes maior de empregos”, disse o secretário Álvaro Vasconcelos.
Parceria com a UFAL
As duas variedades de milho não transgênico cultivadas na área do povoado Bom Nome foram monitoradas por alunos e professores do Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com supervisão do renomado professor Paulo Vanderlei, integrante da comissão formada pela Seagri para elaborar e executar o Programa de Incentivo à Produção de Grãos. Mesmo sem as alterações genéticas que aumentam a resistência do milho transgênico a pragas e intempéries climáticas, na avaliação de Paulo Vanderlei, o desempenho das duas variedades foi amplamente satisfatório.
No entanto, para o professor, a possibilidade de aplicação dos estudos feitos pela Ufal em benefício da sociedade alagoana é o grande avanço proporcionado pelo Programa de Grãos. “Tenho muita satisfação em poder reverter os conhecimentos que adquirimos em nossas pesquisas para melhorar a produtividade e as condições de vida do homem do campo. Essa é a verdadeira função da universidade. Fico muito feliz em participar da Comissão de Grãos e em trazer, hoje, mais de 40 alunos do Ceca para acompanhar este Dia de Campo”, disse Vanderlei.
Durante o evento, o diretor-presidente da Emater Alagoas, Carlos Dias, propôs ao professor uma parceria entre a Ufal e o Instituto em projetos de pesquisas e extensão rural da Emater. “Vamos conversar sobre os melhores locais para difundir experimentos, sobre as prioridades dos dois órgãos e sobre as demandas da sociedade. Essa parceria seria interessante para as duas partes, já que os alunos teriam a oportunidade de aplicar seus conhecimentos, seja na agricultura ou pecuária aqui em Alagoas, e para a Emater, nesse caso, com a possibilidade de construir uma rede ainda maior de assistência e extensão rural aqui no Estado”, explicou Dias.
Para Paulo Vanderlei, a experiência seria muito válida, já que, em campo, os alunos vivenciariam a realidade e as dificuldades enfrentadas pelos agricultores e produtores rurais. “Aqui, por exemplo, faltou água. Tivemos dificuldade para colher dentro do prazo, o controle de plantas invasoras foi deficiente, mas mesmo assim conseguimos produzir. Então, o aluno que tiver essa vivência vai estar em sintonia com a realidade e, no futuro, será um profissional mais bem preparado”, disse o professor.