Justiça

João Beltrão é réu em assassinato de cabo da PM

Por 7 Segundos com Extra e Repórter Alagoas 19/10/2015 08h08
João Beltrão é réu em assassinato de cabo da PM
- Foto: Reprodução

O deputado João Beltrão vai sentar no banco dos réus sob a acusação de ter mandado executar o cabo da Polícia Militar José Gonçalves da Silva Filho, em maio de 1996. O depoimento do réu acontecerá no dia 29 de outubro às 17h, na sede da 17ª Vara Cível da Capital, em Maceió. O depoimento foi uma decisão do juiz Alberto Jorge Barros. 

José Gonçalves era envolvido em crimes de pistolagem e na época do crime trabalhava para João Beltrão. De acordo com os autos do processo, o militar teria sido executado a mando de Beltrão porque negou executar um desafeto do patrão. A recusa desse crime de pistolagem custou a vida do próprio Gonçalves. Ele foi morto quando estava no antigo posto de combustíveis Veloz, no trevo que dá acesso ao bairro Benedito Bentes, em Maceió. Cabo Gonçalves já havia sofrido três atentados e no processo que tramita na justiça os mandantes teriam sido o ex-coronel Manoel Cavalcante e João Beltrão. Em 26 de outubro do ano passado, por quatro votos a três, Cavalcante foi absolvido, por clemência, pelo assassinato do cabo Gonçalves.

João Beltrão 

João Beltrão também é acusado de mandar executar Pedro Daniel de Oliveira Lins, o Pedrinho Arapiraca, morto com 15 tiros, em frente a um posto telefônico, em Taguatinga, no Tocantins, em 9 de julho de 2001. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que redistribuiu o processo ao Tribunal de Justiça alagoano, o deputado João Beltrão (PRTB) é o mentor intelectual do crime. Beltrão devia R$ 54 mil pela compra de 337 cabeças de gado a Pedrinho Arapiraca.

Outro homicídio atribuído ao deputado João Beltrão é do agricultor Paulo José Gonzaga dos Santos, em maio de 2000, na cidade de Santa Luzia do Paruá, no Maranhão. João Beltrão teria comprado uma fazenda hipotecada pelo Banco do Nordeste que pertencia a Paulo José. Beltrão teria pago R$ 35 mil e assumido o compromisso verbal de pagar o restante das parcelas.    

Nesses dois casos um  policial militar identificado como  Jaires da Silva Santos,  é acusado de ser o autor material dos homicídios . Até fevereiro desse ano, o militar Jaires da Silva , era lotado no gabinete do deputado João Beltrão, com salário de R$ 1.442,58. 

Coronel Cavalcante

Pela condenação de vários crimes o ex-coronel Cavalcante cumpriu pena regime fechado durante 13 anos. Desde 2012 foi solto e aguarda julgamento de outros processos em regime semiaberto. Ele é visto constantemente em Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, região onde vive seus familiares.

Na década de 90 o coronel Cavalcante chefiava um grupo de militares que ficou conhecido como “ A Gangue Fardada em Alagoas. Eles executavam desafetos a mando de políticos e empresários de Alagoas. O cabo José Gonçalves fazia parte da gang de Cavalcante. O pai da menina Eloá Pimentel, cabo Everaldo dos Santos, também era um dos integrantes da Gangue Fardada e está preso em Maceió.

Um dos assassinatos, comandados pelo ex-tenente-coronel, foi o do tributarista Sílvio Vianna, chefe do setor de Arrecadação Estadual, morto a tiros por cobrar dívidas de usineiros em Alagoas, em 1996. Tamanha era a influência do ex-militar no aparelho estadual que o então governador Divaldo Suruagy nomeou o próprio militar para investigar o crime do qual foi acusado, anos depois.

A Gangue Fardada era conhecida pela crueldade na execução das vítimas. Alguns de seus integrantes chegaram a serrar uma mulher. Outros mataram o irmão do ex-governador Ronaldo Lessa, o delegado Ricardo Lessa

O crime, conforme o processo, foi um "consórcio de deputados" formado pelo vice-presidente da Assembleia, deputado Antônio Albuquerque (PTdoB), o deputado João Beltrão (PRTB) e o ex-deputado federal Francisco Tenório (PMN), este último preso pelo crime.