Sertão

Fiscalização constata abandono de Estação de Tratamento

Por 7 Segundos 25/11/2015 09h09
Fiscalização constata abandono de Estação de Tratamento
- Foto: Assessoria

No Município de Jaramataia, a Fiscalização Preventiva Integrada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI do São Francisco), por meio da equipe de recursos hídricos, constatou, nesta terça-feira (24), o abandono da Estação de Tratamento de Água e Esgoto, que foi entregue pelo governo federal no ano passado, após custar milhões de reais aos cofres públicos. O descaso da Prefeitura Municipal coloca em risco a saúde da sua população, que, dependente de fossas rudimentares, convive com um esgotamento sanitário precário e, direta ou indiretamente, contribui com a poluição da principal fonte de água local, a do “Velho Chico”.

O abandono da estrutura pública foi recorrente no trabalho de fiscalização da equipe de recursos hídricos. Nos últimos dois dias, ela passou pelos municípios de Estrela de Alagoas, Cacimbinhas, Major Izidoro e Jaramataia para averiguar as condições de alguns dessalinizadores que a União, em parceria com o Estado de Alagoas, implantou na região em 2013. Dos cinco alvos, dois estavam sem funcionar, dois funcionavam de forma inadequada e apenas um funcionava perfeitamente.

Segundo a FPI do São Francisco, os dessalinizadores são muito úteis à população porque permitem separar água doce da água salobra, a partir da prospecção desta em poços, e ainda destinar o líquido impróprio para consumo humano à prática de psicultura, o que representa não só uma opção de alimentação rica em nutrientes em pleno semiárido, como também uma alternativa comercial para os populares.

No povoado do Sítio Cruz do Meio, na zona rural de Cacimbinhas, o líder comunitário Fabiano Lourenço da Silva lamentou a bomba quebrada recentemente, que impedia o uso simultâneo do dessalinizador com a prospecção de água. Mas a liderança não percebeu que, por conta de uma medida imprudente no equipamento, a maior parte do líquido distribuído aos seus vizinhos era salobra. “Somos cerca de cem pessoas, se levar em conta os três povoados que dependem dessa água”, disse.

A coordenação da equipe de recursos hídricos mostrou-se preocupada com a falta de compromisso de instituições governamentais em orientar à população sobre o modo adequado de usar os dessalinizadores.

“Desde a etapa anterior da FPI do São Francisco, encontramos esse problema com os equipamentos, o que nos levou a notificar o Governo do Estado, a partir da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, para desenvolverem um trabalho de capacitação junto aos moradores. Capacitada, a própria comunidade tem condições de autogerir o sistema simplificado de abastecimento de água”, destacou a coordenadora.

Reservatórios abandonados

O descaso com os reservatórios de água de Major Izidoro e de Jaramataia levou a FPI do São Francisco a notificar as prefeituras dos municípios e a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) a regularizarem a situação. “Embora estivessem com as portas fechadas, o acesso ao local era muito fácil. Imagine se alguém consegue entrar no prédio e despejar veneno na água? Essa é a realidade de vários dos 19 municípios que recebem recursos hídricos do Rio São Francisco provenientes do município de Pão de Açúcar. Sofre quem bebe, não quem abastece”, destacou a coordenação.

Ao longo das visitas, a Vigilância Sanitária Ambiental da Sesau recolheu amostras de água de cada ponto para avaliar o grau de contaminação, visto que o tratamento da água ocorrer apenas pelo uso de cloro, muitas vezes sem os devidos cuidados. O resultado da avaliação sai em três dias.

Com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) e do Ministério Público do Estado de Alagoas, a equipe também encontrou uma pocilga em pleno centro urbano de Major Izidoro, onde porcos comiam restos mortais da própria espécie, próximo a um riacho. A FPI do São Francisco recomendou que a Prefeitura Municipal interditasse o criatório.

Diante do abandono do poder público com o abastecimento de água nos municípios visitados, o sargento do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) Jeilson Lima Vieira lamentou o desperdício de oportunidades de melhorar a realidade da população local e do Rio São Francisco. “Por aqui,ar ações preventivas que ajudariam a economizar o erário dão lugar a uma população sanitariamente vulnerável, que precisa cada vez mais dos serviços de saúde. Até mesmo uma estação de tratamento milionária e com alto poder resolutivo perde para esgotos que trazem fedentina e poluição dos recursos hídricos e, com eles, doenças decorrentes da contaminação da água e do solo”, explica.