PF investiga desvios em obras de transposição do SF

Um consórcio formado pelas empresas OAS, Galvão Engenharia, Barbosa Melo e Coesa, responsável por dois dos 14 lotes da transposição do Rio São Francisco é alvo de operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta sexta-feira, 11, chamada Vidas Secas. O grupo, do qual quatro empreiteiras já são investigadas na Lava Jato, é suspeito de superfaturamento e de usar empresas de fachada dos doleiros Alberto Youssef e Adir Assad, já condenados por envolvimento no esquema da Petrobrás, para desviar cerca de R$ 200 milhões destinados à transposição, no trecho que vai do agreste do Estado de Pernambuco até a Paraíba.
Apesar das coincidência com a operação tocada pelo juiz Sérgio Moro, no Paraná, a investigação começou independente da Lava Jato. Ao perceber que os alvos se cruzaram, contudo, a Polícia Federal compartilhou informações com a força-tarefa da emblemática operação que desmontou o esquema de corrupção na Petrobrás.
Cerca de 150 policiais federais cumprem nesta manhã 32 mandados, sendo 24 de busca e apreensão, 4 de condução coercitiva e quatro de prisão nos Estados de Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e em Brasília.
Dentre as empresas usadas pelas empreiteiras para desviar o dinheiro está a MO Consultoria, pertencente a Youssef e usada por ele também para desviar dinheiro e irrigar o caixa de partidos e políticos no esquema de corrupção na Petrobrás revelado na Lava Jato. Além disso, segundo a PF, as empresas de Assad também teriam sido utilizadas. Youssef e Assad já foram condenados pelo juiz Sérgio Moro devido ao envolvimento no esquema na Petrobrás.
Obra
A obra de transposição do rio São Francisco é tocada pelo governo federal e foi reiniciada na gestão do ex-presidente Lula. Segundo o Ministério da Integração Nacional, responsável pela execução, a obra engloba a construção de quatro túneis, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e 27 reservatórios.
Além da recuperação de 23 açudes existentes na região que receberão as águas do rio São Francisco. O projeto esta orçado em R$ 8,2 bilhões, com base na planilha orçamentária vigente.
O governo diz que a obra beneficiará uma população estimada de 12 milhões de habitantes, em 390 municípios nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, onde a estiagem ocorre frequentemente. A Região Nordeste possui 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água. O Rio São Francisco apresenta 70% de toda a oferta regional.
Em outubro deste ano, conforme o ministério, 81% da execução física da obra estava concluída, sendo o Eixo Norte com 82,2% e o Eixo Leste com 79,2%.
O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou entre 2005 e 2013 irregularidades que somam R$ 734 milhões nas obras da transposição. O que inclui, contratos que não foram honrados ou que tem sobrepreço, pagamento duplicado por obras ou pagamento de serviços que não foram executados.
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