Arapiraca

Malabaristas se apresentam nos semáforos de Arapiraca

Por 7 Segundos 02/01/2016 12h12
Malabaristas se apresentam nos semáforos de Arapiraca
- Foto: 7Segundos

Provavelmente todo mundo que trafega pelas ruas de Arapiraca já se deparou com artistas de rua fazendo malabares. Bolas, clavas e tochas de fogo são alguns dos instrumentos usados pelos malabaristas para chamar a atenção dos motoristas e mostrar toda a habilidade dessa técnica milenar.

A reportagem do Portal 7 Segundos conversou com um desses artistas de rua. Aldenir Rodrigues, 19 anos, é natural de Palmeira dos Índios, e já está nas ruas exercendo a profissão há cerca de dois anos. Ele conta que ficava observando os malabaristas que chegavam ao município e ficava repetindo os movimentos.

“Depois que adquiri certa habilidade comecei nas ruas de Palmeira dos Índios e depois comecei a viajar por outras cidades e estados como Sergipe, Pernambuco e Bahia”, contou Rodrigues.

Dia a Dia 

A vida de quem sobrevive de arte nas ruas não é fácil. Aldenir revela que vive um dia de cada vez. Como ele é natural de Palmeira dos Índios, tem amigos em Arapiraca e quando está na cidade dorme e faz pelos menos alguma refeição na casa deles. Mas quando está em outra cidade a barraca nas praças é a morada da maioria dos malabaristas.

“A gente acorda e olha o que tá faltando: um pão, a manteiga, um copo de café. Então vamos para o semáforo fazer malabares para poder nos alimentar”, revelou. 

Mas na maioria das vezes o que ele consegue ganhar nos semáforos são caras fechadas, olhares desconfiados e um certo preconceito. “Ainda são poucos os motoristas que abrem o vidros dos carros e nos dão alguma moeda como recompensa pelo nosso trabalho. As pessoas vivem muito estressadas, é preciso ter um olhar mais humanizado daquilo que está ao redor delas”, comentou o malabarista.

Projetos

O malabarista palmeirense disse que agora em janeiro vai para o Ceará participar da Convenção Nordestina de Malabares e no final do ano quer participar da Convenção Nacional, que acontece em Minas Gerais. Ele disse que nas convenções participam malabaristas do mundo inteiro, especialmente os chilenos – considerados atualmente os melhores nesse tipo de arte.

Depois dessas duas experiências Aldenir disse que quer passar uma temporada no Chile onde há um celeiro se artistas que dominam o malabarismo. Ele revela que essa primeira viagem internacional vai contribuir para adquirir mais experiência, técnica e maturidade.

Aos 19 anos, ele afirma que não sabe se vai permanecer nas ruas fazendo malabares pelo resto da vida. Questionado sobre quanto tempo vai permanecer nas ruas fazendo malabares, Aldenir revela que não sabe quando tempo vai permanecer nas ruas fazendo malabares. Ele disse que tem colegas que hoje os jogos com bolas, clavas e tochas e hoje faz trabalha em um escritório de advocacia. “Ainda sou muito jovem, por enquanto estou feliz fazendo arte para as pessoas, mesmo sabendo que muitos não reconhecem o valor do artista de rua”, ponderou.

A única certeza que ele tem é de tentar desenvolver na cidade natal um projeto cultural para ensinar crianças e jovens a arte do malabarismo. Ele disse que em Palmeira dos Índios tem um casarão abandonado que ele sonha em transformar no “Casarão das Artes”. “Muita criança de rua e aquelas que vivem à margem da vulnerabilidade social podem transformar suas vidas através da arte, mas é preciso que o poder público e entidades privadas sejam parceiras para que o projeto possa ser viabilizado”, finalizou.

Historia do Malabarismo

A arte do Malabarismo, assim como a arte do circo em geral, remonta séculos de existência. Desde o antigo Egito até os dias atuais muitas pessoas se esforçaram em dominar (controlar) objetos de distintas maneiras.

Segundo Karl-Heinz no livro "4.000 Anos de Malabarismo", a primeira evidência gravada do Malabarismo está em pinturas dos túmulos egípcios que datam de 4.000 A.C. Ditas pinturas mostram vários egípcios de pé fazendo malabarismos. Provavelmente a melhor fonte de informações sobre o Malabarismo sob o reino de César está no filme "O Gladiador", onde se mostra malabaristas atuando em feiras da cidade. Dizem também que usavam as tochas dos povoados para jogar com fogo, além de cuspi-lo e assim divertir o imperador nos dias de feira. 

A Difusão da Arte - 1980

No início dos anos 80, um boom de malabarismo jovem começou a rodar a Europa.
Em 1987 foi criada a Associação Européia de Malabarismo (EJA) na ocasião de uma convenção que reuniu mais de 1000 malabaristas. Um dos principais méritos da Associação é promover o malabarismo em toda a Europa, organizando a cada ano a Convenção Européia de Malabarismo em um país diferente, além de apoiar logisticamente e financeiramente as convenções nacionais.

Na América do Sul, o Malabarismo como vemos hoje chegou com viajantes mambembes e "backpackers", na Argentina o movimento começou no fim dos anos 80.

A arte pulou rapidamente para o Chile de onde saem hoje, (por enquanto), os melhores malabaristas do continente.

No Brasil as convenções chegaram em 1999, e na última participaram quase 500 malabaristas. Além da Convenção Brasileira de Malabarismo e Circo, temos encontros regionais anuais em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

A evolução do Malabarismo levou até o Malabarismo como conhecemos hoje, misturado com teatro, dança, mágica, música.