Alagoas

Acidentes com motos cresce no Agreste e trauma fica na memória das vítimas

Por 7 Segundos 06/10/2016 13h01
Acidentes com motos cresce no Agreste e trauma fica na memória das vítimas
Acidentes de trânsito, principalmente com motos, representam 30% do volume de atendimento no Serviço Agendamento para Exames de Lesão Corporal que funciona no IML da capital. - Foto: Divulgação

Os números de acidentes com motocicletas multiplicam com a mesma velocidade que a frota deste veículo no estado de Alagoas.

Em todo o Estado são 250.988 motocicletas que circulam pelos 102 municípios alagoanos. Em Arapiraca, por exemplo, são 36.007 motos e os acidentes acontecem diariamente.

O Portal 7 Segundos fez um levantamento junto aos órgãos de Segurança Pública e o Hospital de Emergência do Agreste (HEA). Os dados são assustadores.

O HEA, com sede em Arapiraca, Capital do Agreste, mas que atende os demais municípios da região, além das cidades do Sertão de Alagoas, registrou em todo o ano de 2015, 9.593 acidentes envolvendo motocicletas.

Os levantamentos do Hospital de Emergência do Agreste até 30 de agosto desta ano de 2016, segundo dados repassados pela assessoria de comunicação, já contabilizam 6.537 acidentes de motos na região.

Os números são ainda maiores com os acidentes do mês de setembro e também dos primeiros dias do mês de outubro. Na noite de terça-feira (4), por exemplo, dois acidentes foram registrados em Arapiraca envolvendo motocicletas.

Dos tipos de acidentes com motos, as quedas lideram a estatística. Em 2015 foram registradas 7.074 quedas de motos. O hospital registrou 27 pacientes, vítimas de acidentes de trânsito, que morreram ano passado.

Em 2016 até 30 de agosto foram 5.116. Até essa data, 25 pessoas morream no HEA. Nesse rítmo é provável que até o final deste ano os números ultrapassem o resultado do ano passado.

Tipos de acidentes

Os tipos de acidentes com motocicletas são muitos. O HEA enumera pelo menos sete e classica um oitavo com 'outros'. Além das quedas com motos, há os acidentes por atropelamento; colisões com carro; bicicleta; poste; árvore e colisão com animal, e com outros.

Em entrevista ao Portal 7 Segundos, o tenente Salatiel, responsável pelo setor do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), disse que os motivos são variados, mas que basicamente todos os acidentes de trânsito ocorrem devido a imprudência dos condutores de qualquer tipo de veículo.

"Em média temos na nossa região cerca de 90 acidentes por mês. São 60 acidentes envolvendo carros e 30 acidentes com moticicletas. Embora o número de acidentes seja maior com carro, o número de lesão é maior com os motociclistas", desclarou Salatiel.

O tenente afirmou que as ações educativas são realizadas em parceria com a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), entre outras entidades que atuam com o trânsito em geral.

"A orientação é a de sempre como ter cuidado com o veículo, observar os faróis, os pneus e quem não for habilidade não conduzir nenhum tipo de veículo e muito menos ingerir bebida alcóolica. O nosso trabalho é preventivo e o realizamos através das blitzen", ressaltou Salatiel.

Duante uma blitz, os policiais da PM e os agentes da SMTT observam a habilitação do condutor e se há algum tipo de problema no veículo. Além de mencionar o mais agravante que é a combinação de bebida alcóolica com o guidão ou a direção do veículo.

O tenente Salatiel recomenda à população ligar para o 190 e denunciar qualquer tipo de imprudência no trânsito, que uma viatura da PM vai até o local para evitar um dano maior.

Acidente na memória

A data de 21 de setembro de 2004 vive cravada na memória do advogado Valdeildo Silva, 38 anos. À época ele tinha 26 anos e acabara de sair do trabalho no Hospital Afra Barbosa conduzindo uma moto. Passou no serviço da mulher e ambos seguiram para a casa pela Rodovia AL-110.

Nas proximidades do trevo do Campo de Aviação de Arapiraca, um carro vinha pela AL-115 em direção à AL-110 e não esperou que o casal passasse pelo trevo e avançou. Ao entrar na pista, o condutor do veículo bateu na moto e o casal caiu na contramão. O motorista do veículo fugiu do local sem prestar socorro ao casal.

"Por pouco um carro que vinha em nossa direção não passou por cima de mim, já que eu tinha ficado imobilizado na pista, devido à fratura na perna direita. Até que um motorista me levou para a Unidade de Emergência", relatou Valdeildo Silva.

O advogado passou por uma cirurgia e teve que usar fixador (ferros) por 3o dias. Depois ele foi submetido a outras cirurgias e ficou em acompanhamento médico por onze meses.

"As sequelas foram muitas e nunca havia passado por algo desse tipo. Fiquei afastado do trabalho e o meu emocional ficou muito abalado. Levava uma vida agitada e fiquei imobilizado numa cama", contou o advogado.

Depois do acidente, Valdeildo Silva afirmou que teve que ter mudanças de hábitos para enfrentar o dia a dia, além do trauma de voltar a dirigir.

"Hoje o acidente ainda está cravado na memória. Dirigo meu carro com tranquilidade, mas quando pego minha moto fico meio apreensivo", concluiu o advogado.