Servidor que morreu após infarto teve pedido de remoção para cuidar da saúde negado
O luto dos amigos e familiares do servidor do judiciário, Bruno Alencar de Albuquerque, de 35 anos, continua bastante doloroso, mesmo quase um mês após sua morte.
Seus amigos alegam que um problema injusto ocorrido no seu ambiente de trabalho teria piorado seu problema de saúde e, mesmo que de forma indireta, causado sua morte.
Bruno tinha um grave problema ocular e mesmo após apresentar laudos de dois médicos particulares e de três médicos da própria Junta Médica Oficial do Tribunal de Justiça, atestando a necessidade de sua remoção, sua solicitação foi negada pelo desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima, que entendeu que ele poderia realizar o tratamento em Alagoas mesmo.
Em uma carta encaminhada à Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério Público da União (Fenajufe), a noiva de Bruno desabafou sobre a influência desse problema na piora no seu estado de saúde.
"Bruno nasceu com problema nas duas córneas, foi submetido a um transplante ainda criança, e em outubro do ano passado teve que refazer a cirurgia. Há poucos meses ele apresentou quadro de rejeição e se submeteu a um tratamento doloroso para tentar reverter a situação. Seu problema, que sempre dependeu de atenção especial, se agravou, surgindo a necessidade de atendimento especializado e urgente", inciou escrevendo.
"Tal situação gerou a indispensabilidade da remoção requerida perante o órgão (Processo Administrativo 2297/2016), visto que, apesar de haver tratamento oftalmológico na cidade em que passava a semana para trabalhar (uma das justificativas usada para ser negado o pedido de remoção), é inegável que não havia a especialização necessária para tratar de um caso tão específico como o dele. E justamente por conta disso Bruno tinha em mãos e juntou ao requerimento o laudo da médica que sempre o atendeu em Maceió, o laudo do médico que o atendia desde os cinco anos de idade em São Paulo, bem como o laudo da Junta Médica Oficial do Tribunal (três médicos), todos eles atestando a necessidade da remoção", continuou.
Em outro trecho da carta, ela relata que após ter sua remoção negada, Bruno ficou bastante angustiado e apresentava uma instabilidade emocional enorme, não só pela preocupação que tinha com a condição de sua visão, mas também pelo sentimento de injustiça da decisão tomada, que iria dificultar muito o tratamento tão importante para a manutenção de sua já precária visão.
No último dia 13 de novembro, Bruno foi levado para o Hospital da Unimed e lá teve um infarto, que o levou à morte.
"Acredito, como sei que meu noivo assim pensava, que as decisões devem ser tomadas tanto com base no que a Lei permite, quanto com um sentimento de humanidade, de compaixão, e principalmente com sensibilidade, para que a Justiça seja realmente justa. No caso do Bruno não houve uma coisa nem outra", finalizou sua noiva.