Economia

Dólar está em queda, após intervenção reforçada do Banco Central

Por volta da 10h50, a cotação estava em R$ 3,70, com queda de 0,99%

Por Agência Brasil 21/05/2018 13h01
Dólar está em queda, após intervenção reforçada do Banco Central
Queda do Dólar - Foto: Reprodução/Internet

O dólar comercial opera em queda na manhã de hoje (21), com o reforço na oferta de swap cambial, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, pelo Banco Central (BC).

Por volta das 10h50, a moeda estava cotada a R$ 3,70, com queda de 0,99%. O BC anunciou oferta adicional de swaps na última sexta-feira (18), após o sexto pregão consecutivo de alta da moeda americana. Na sexta-feira, o dólar fechou o dia valendo R$ 3,74, com aumento de 1,04% em relação ao dia anterior.

O Banco Central anunciou a oferta adicional de 15 mil contratos, em leilão realizado. Todos os contratos foram aceitos para o vencimento do dia 2 de julho de 2018. O BC informou ainda que continuará a fazer a renovação (rolagem) dos contratos que vencem dia 1º de junho. A medida já vinha sendo adotada ao longo da última semana, quando o dólar acumulou alta de 3,85% em relação ao ao real.

Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a alta do dólar nos últimos diasestá relacionada a uma combinação de fatores internacionais e preocupações domésticas, principalmente o cenário eleitoral.

Com a economia em crescimento além do esperado e o desemprego em baixa, os Estados Unidos devem experimentar uma inflação acima da média dos últimos anos, obrigando o Banco Central daquele país a aumentar taxa básica de juros para moderar os efeitos de uma pressão maior sobre os preços, como costuma ocorrer no Brasil quando a inflação cresce. Atualmente, a taxa de juros dos Estados Unidos está na faixa de 1,5% a 1,7% ao ano, mas o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, deve promover ainda mais duas elevações do índice até o fim do ano.

Com taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, investidores com capital aplicado em países emergentes, como o Brasil, podem retirar recursos desses locais e investir em títulos do Tesouro americano, os treasures, considerados os papéis mais seguros do mundo. Este é um dos efeitos que fazem com que o dólar se valorize em relação ao real.

Swaps cambiais

Quando há momentos de fortes oscilações (volatilidade) no mercado de câmbio, como atualmente, o BC intervém no mercado. O swap (troca, em inglês) cambial é um derivativo financeiro (contratos com variação em função do preço de outro ativo). Nesse tipo de contrato, o BC se compromete a pagar ao detentor do swap a variação do dólar, acrescida de uma taxa de juros (cupom cambial), e a receber, em troca, a variação da taxa básica de juros, a Selic, acumulada no período do contrato. Assim, quem vende esse contrato fica protegido caso a cotação do dólar aumente, mas tem de pagar a variação da taxa Selic ao Banco Central.

Assim, as empresas se protegem de uma variação excessiva da alta da moeda americana e há aumento da liquidez no mercado, com injeção de dólares no mercado futuro.

De acordo com dados da última sexta-feira (18), o estoque de contratos de swapsestavam em US$ 24,798 bilhões. Desses, US$ 5,650 bilhões vencem no dia 1º de junho deste ano.

Em 2017, esse estoque era menor – encerrou o ano em US$ 23,8 bilhões. Em 2016, o estoque era de US$ 26,6 bilhões e no final de 2015, de US$ 108,1 bilhões.

A perspectiva de aumento da taxa de juros americano ocorre desde 2013. A partir de junho daquele ano, grandes empresas brasileiras captaram recursos externos, o que gerou a necessidade de hedge (proteção) . Segundo o BC, no intuito de oferecer estabilidade financeira e econômica, a autoridade monetária optou por oferecer essa proteção via swaps, atendendo à demanda do mercado.

A partir de abril de 2016, o estoque de swap cambial começou a cair com a sinalização de que os Estados Unidos não subiriam muito a taxa de juros no curto prazo. Com isso, o BC aproveitou o momento para reduzir o saldo desses contratos. Agora, com o aquecimento da economia americana, a sinalização é de aumento dos juros daquele país. 

*Colaborou Pedro Rafael Vilela