Educação

Sete meses após aprovação, governo ainda não definiu regras para programa de renegociação de dívidas do Fies

Por G1 07/06/2018 11h11
Sete meses após aprovação, governo ainda não definiu regras para programa de renegociação de dívidas do Fies
Sete meses após aprovação, governo ainda não definiu regras para programa de renegociação de dívidas do Fies - Foto: Reprodução

governo federal ainda não regulamentou as regras para que estudantes inadimplentes no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) possam renegociar sua dívida junto à União. A informação foi repassada ao G1 pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) por meio da Lei de Acesso à Informação no início do mês e confirmada na tarde desta quarta-feira (6) pelo ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva.

"Ressaltamos que ainda não houve a regulamentação do Programa Especial de Regularização do Fies. Dessa forma, ainda não há qualquer contrato vinculado a esse Programa", informou o FNDE, via LAI

O programa já é lei: ele foi incluído na MP do Novo Fies, a medida provisória editada pelo governo federal em julho de 2017, aprovada na Câmara dos Deputados em outubro e no Senado em novembro.

Ao mesmo tempo, a inadimplência cresce de maneira consistente e já dobrou desde 2014. Em março, segundo dados obtidos pelo G1, quase 250 mil estudantes não pagavam as parcelas havia mais de três meses.

"O número de inadimplentes é tão alto que fez com que não tivéssemos sustentabilidade, inclusive com apontamentos do Tribunal de Contas da União, falando de rombo de até R$ 20 bilhões, por exemplo", afirmou o ministro da Educação.

De acordo com Rossieli, o MEC está "trabalhando" na questão da renegociação de dívidas. "Estamos trabalhando muito forte nisso", disse ele.

Porém, o assunto não teve definições na última reunião do Comitê Gestor do Fies – órgão que vai determinar a regulamentação –, realizada na terça-feira (5).

Segundo o MEC, essas regras só serão definidas "após sanção da MP 812", uma medida provisória que o governo federal enviou ao Congresso em 27 de dezembro e que já foi aprovada em 28 de maio e remetida à Presidência no dia 30. O prazo para o governo sancionar ou vetar a lei termina no próximo dia 19.

Ao G1, o FNDE informou, por meio de nota, que a lei foi alterada pela MP 812. "A alteração se fez necessária para adequar as mesmas regras de renegociação tanto para o antigo quanto para o Novo Fies", diz o comunicado. O FNDE também afirma que, quando foi publicada, a nova lei já "não poderia ser materializada", porque o texto fixava prazos que já haviam passado.

Antes de ser regulamentada, então, a lei precisou ser alterada por uma segunda medida provisória, "para que tanto os estudantes que firmaram seus contratos de financiamento no primeiro semestre de 2018 e para aqueles que contrataram até o segundo semestre de 2017 tenham as mesmas possibilidades e condições de renegociação de eventuais dívidas".

'Sustentabilidade'

Desde 2015, o governo tem tomado medidas para restringir o número de novos contratos do Fies e, a partir do ano passado, ele também criou novas regras para aumentar a transparência e restringir os limites das faculdades particulares.

Veja que medidas foram tomadas até agora para reduzir a inadimplência do Fies:

Limite de cobrança das faculdades: Um dos focos das mudanças foi o valor das mensalidades cobradas pelas instituições. Segundo o ministro Rossieli, um problema das regras anteriores foi uma brecha da qual as faculdades particulares se aproveitaram para lucrar em cima do Fies, fazendo o que ele chama de prática de "preços exclusivos para o Fies".

"Se você chegasse e fosse pagar a mensalidade, custava 300. Se você buscasse o financiamento do Fies, custava 900, 1.200 reais. Ou seja, só quem ganhava era a instituição, que fazia um preço diferente, o que era ruim para o governo, porque não conseguia nem ter uma previsibilidade. E muito ruim para o aluno", diz o ministro.

Para resolver isso, o MEC decidiu atrelar o valor do finaciamento à mensalidade cobrada pelas faculdades em cada turma de cada curso.

"A instituição não pode mais jogar um preço da forma como ela quer. Tem que ser, para o aluno que estiver no Fies, o menor valor da turma em que ele estiver estudando. Isso é muito importante para a sustentabilidade."

Maior transparência: Outra mudança foi a divulgação, por parte das faculdades, do valor total que o estudante vai dever a cada semestre. "O aluno tem conhecimento do valor a ser contratado, o que é muito importante", disse o ministro.