Política

Bolsonaro contrata ministro do TCU investigado por corrupção para dar aulas de “boas práticas de governança”

Augusto Nardes, do TCU, é investigado em processo por receber suposta propina para favorecer afiliada da Globo no sul

Por Revista Fórum 22/04/2019 07h07
Bolsonaro contrata ministro do TCU investigado por corrupção para dar aulas de “boas práticas de governança”
Bolsonaro contrata ministro do TCU investigado por corrupção para dar aulas de “boas práticas de governança” - Foto: Reprodução

Investigado na Operação Zelotes por, supostamente, receber R$ 2,5 milhões em troca de recrutar um grupo de lobistas para comprar decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) favoráveis à RBS, conglomerado de comunicação que atua no Sul, o ministro Augusto Nardes (Tribunal de Contas da União) tem sido chamado pelo governo de Jair Bolsonaro para dar aulas sobre boas práticas de governança. As informações são de Camila Mattoso e Fábio Fabrini, na edição desta segunda-feira (22) da Folha de S.Paulo.

Segundo a reportagem, Nardes deu palestra para o próprio presidente e seus ministros em 14 de março, no Palácio do Planalto. No dia 26 do mesmo mês, esteve em evento em Brasília com os superintendentes da Polícia Federal, um dos órgãos que o investigam.

Segundo a investigação, a ação de Nardes, de comprar decisões favoráveis à RBS no Carf – tribunal que avalia recursos de contribuintes a autuações da Receita – anularam um débito que ultrapassa R$ 1 bilhão da empresa de mídia, afiliada da Globo, no Sul do país.

Em novembro, 14 suspeitos de integrar o suposto esquema, entre empresários, ex-integrantes do conselho e advogados, foram denunciados à Justiça Federal por corrupção e lavagem de dinheiro.

Nardes não está entre os acusados, pois tem foro especial e o inquérito que o investiga tramita no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ex-deputado federal que iniciou sua carreira política na Arena, partido da ditadura militar, Nardes foi indicado para uma das vagas da Câmara no TCU em 2005. No tribunal, ganhou notoriedade em 2015, como relator das contas do governo da então presidente Dilma Rousseff, processo que foi o embrião do impeachment.