Pode faltar medicamento para pressão e diabetes, diz Mandetta
Laboratórios brasileiros podem sofrer com a falta de matérias-primas para produção de medicamentos com a decisão da Índia de colocar em quarentena sua população
Laboratórios brasileiros podem sofrer com a falta de matérias-primas para produção de medicamentos com a decisão da Índia de colocar em quarentena sua população por conta da pandemia do coronavírus. O país asiático é um dos principais fornecedores de insumos farmacêuticos do mundo. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, podem faltar no Brasil medicamentos para hipertensão e diabetes, entre outros.
“A Índia mandou parar 1,3 bilhão de pessoas, colocando-as em quarentena. O país é o maior fabricante mundial de insumos farmacêuticos ativos (IFA), utilizado em inúmeros medicamentos fabricados no Brasil”, afirmou na sexta-feira Mandetta. “O mundo está procurando outros fornecedores, mas isso tem um tempo para acontecer. Em 30, 40 ou 60 dias pode haver falta de medicamentos para diabetes e pressão no Brasil. Isso faz parte da bagunça que esse vírus fez no planeta todo”, disse o ministro.
Para o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, o risco de desabastecimento não será imediato, pois as empresas têm estoques para quatro ou cinco meses, em média. “A China é importante, mas a Índia fornece muito insumo para a indústria brasileira. Acredito que a participação dos dois países gira em torno de 30% a 35% cada um no fornecimento de princípios ativos para as farmacêuticas nacionais. Por isso, algumas empresas estão tendo problemas no embarque desses produtos”, afirmou Mussolini ao Valor Econômico.
Segundo o executivo, um dos associados do Sindusfarma chegou a pagar 100% a mais para conseguir embarcar os insumos. “Alguns produtos podem faltar no mercado caso a situação não se estabilize nos próximos meses”, revelou.
Um dos laboratórios que já encontrou problemas foi o Biolab. A empresa teve embarques cancelados de insumos para um medicamento após a decisão indiana. Cerca de 50% dos insumos são da Índia, segundo o presidente da companhia, Cleiton de Castro Marques. “Estamos na iminência de desabastecimento com a medida do governo indiano. Para se ter ideia, tínhamos contratado o embarque de dez toneladas, nosso parceiro nos disse que mandaria cinco toneladas, agora não vem mais nada. Esse produto viria por avião e não vem mais. Temos que entender bem essa medida”, disse o executivo ao Valor.
De acordo com Marques, o insumo é usado em um medicamento que está dentro do programa Farmácia Popular e o seu estoque dura mais dez dias. “Mas temos estoques do medicamento pronto para 60 dias. Não haverá desabastecimento no curto prazo”, afirmou.
Já no caso da Cellera Farma, 70% dos insumos usados na produção vêm da Índia. Segundo o presidente da companhia, Omilton Visconde Júnior, até o meio deste ano, os embarques dos insumos estão confirmados, mas há dificuldades logísticas dentro do país. A preocupação, disse ele, é de que as remessas de produtos sejam barradas pelo governo local. “Se pararem os embarques, vamos produzir o quê? Vai ser difícil não ter falta de algum medicamento no médio prazo. E não é somente aqui no Brasil, mas no mundo. A Índia é um grande fornecedor global”, esclareceu.
Para a farmacêutica sul-africana Aspen o desabastecimento será pontual. O presidente, Alexandre França, está mais otimista. Revelou que algumas empresas têm a Índia como principal fornecedor, mas boa parte das farmacêuticas locais já usam insumos chineses. “Como a China está voltando aos poucos ao normal, não acredito em um grande desabastecimento no nosso mercado. Haverá sim, para alguns produtos que usam o princípio ativo indiano. Até porque não podemos substituir um fornecedor por outro se houver problema de falta de insumo”, destacou.
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