Saúde

População reclama dos serviços do 3º Centro e apelam por transferência de servidores

Pacientes reclamam de tratamento dado por funcionários do local

Por 7Segundos 21/10/2020 17h05 - Atualizado em 21/10/2020 17h05
População reclama dos serviços do 3º Centro e apelam por transferência de servidores
3º Centro de Saúde de Arapiraca - Foto: Arquivo

Acolhimento e atendimento humanizado, é o que esperam as pessoas que buscam atendimento na saúde pública, mas no 3º Centro de Saúde de Arapiraca, localizado no bairro Santa Edwirges, acontece justamente o contrário, de acordo com relatos de pacientes que buscam atendimento no local. Nas últimas semanas, o 7Segundos têm recebido relatos de vários pacientes reclamando do atendimento no local.

"Ninguém está satisfeito com o atendimento no 3º Centro. Depois de vários 'nãos' se consegue finalmente ser atendido por uma das médicas, ela mal olha para você e ignora o que você está falando. É um tratamento muito desumano, nem animal merece ser tratado assim", afirmou um morador da localidade.

O 3º Centro de Saúde, que durante os primeiros meses da pandemia funcionou como Unidade Sentinela, atende os bairros Santa Edwirges, Brasiliana, parte do bairro Santa Esmeralda, Caititus e Jardim de Maria. Além do atendimento normal aos pacientes, também funciona no local o projeto Saúde na Hora, que amplia o horário de atendimento de 7h às 20h, sem intervalo.

Um usuário, que pediu para não ter o nome divulgado afirmou que uma das médicas que está atualmente atuando no 3º Centro teria sido transferida de outra unidade de saúde do município por "arrumar confusão" com os pacientes. "Na verdade, as duas médicas que trabalham lá parecem ter estudado com um cavalo, porque atendem mal do mesmo jeito. A intenção de denunciar é para ver se a prefeitura toma alguma providência", declarou.

O homem conta que recentemente sofreu uma reação alérgica e procurou atendimento no 3º Centro de Saúde, por volta do meio-dia. De acordo com ele, ao chegar lá, havia outras três mulheres aguardando atendimento enquanto a médica estava conversando com funcionárias que ficam no arquivo.

"Elas estavam batendo papo, isso estava muito claro. Não estavam resolvendo assuntos de trabalho. Só depois de 40 minutos é que a primeira senhora foi chamada para ser atendida. Quando finalmente chegou a minha vez, o atendimento foi à distância, disse o que tinha acontecido e falei que a minha língua estava descamando. Sem sequer examinar, ela disse que não era nada daquilo e que entendia o que estava acontecendo. Passou um antibiótico e no final disse que se tivesse descamação na língua eu não podia tomar o remédio. Então eu não tomei, né?", relatou.

Uma outra moradora da região que sofre de enxaqueca também reclama do atendimento no 3º Centro de Saúde. Ela conta que estava há dias com dor de cabeça, que já havia tomado dipirona e não havia surtido efeito. Ao ser atendida por uma das médicas, perguntou se poderia dar encaminhamento para um neurologista. "Ela disse que não precisava, que ela sabia o que estava fazendo e que quando eu tomasse dipirona a dor de cabeça ia passar, mesmo dizendo para ela que não tinha funcionado. É muita humilhação, saí do consultório chorando", disse.

Nesta quinta-feira (21), um paciente com sintomas de desidratação provocada por diarreia, voltou para casa sem receber atendimento médico. A esposa conta que, devido às dificuldades de atendimento no local, primeiro entrou em contato com agente de saúde, que recomendou que eles fossem até o 3º Centro.

"Eu nem queria levar o meu marido lá, tanto pelas condições dele, como também por já saber como ia ser. Parece que as meninas que trabalham no arquivo tem medo das médicas, Mas agente de saúde disse que não tinha outro jeito, então 9h levei meu marido para lá. Achava que na situação dele não iriam mandar de volta pra casa sem atender, mas foi justamente isso que aconteceu. Disseram que a médica já estava com três pacientes para atender e era pra gente voltar meio-dia. Se a enfermeira Micheline estivesse lá, isso não teria acontecido", relatou a mulher.

A reportagem entrou em contato com um dos agentes de saúde que trabalha no 3º Centro, que explicou que a enfermeira mencionada trabalhou por muitos anos no local, mas pediu transferência porque estaria sendo alvo de perseguição. "Ela é daquelas profissionais que ama o que faz. Antes, ninguém voltava para casa sem ser atendido. Ela fazia questão disso. Mas depois que essas médicas chegaram tudo mudou. Teve uma vez que negaram atender uma criança hemofílica que estava visivelmente passando mal, disseram que não tinha esfigmomanômetro e que a menina tinha ser atendida no 5º Centro. A mãe saiu do consultório com a criança e foi procurar a enfermeira para pedir ajuda. Todo mundo que trabalha lá ficou de olho para ver se ela iria passar pela decisão da médica. Mas a enfermeira explicou que como era recomendação da médica, ela não podia fazer nada. Depois que a mãe saiu do local com a criança, a enfermeira caiu no choro porque não podia ajudar", declarou. Algum tempo depois, a enfermeira pediu transferência e atualmente está trabalhando na zona rural.

Agente de saúde afirma que as reclamações dos usuários são frequentes e já está afetando seu trabalho de campo. "Já aconteceram capacitações em que se enfatizava muito que os pacientes devem ser acolhidos e para evitar ao máximo que sejam mandados de volta para casa sem receber atendimento, mas acontece justamente o contrário. Aí quando a gente vai fazer visita, a gente precisa registrar no tablet a foto da pessoa, ou a foto de um documento dela ou a assinatura de um termo. A maioria das pessoas fica desconfiada com isso e se recusam todas as opções justamente por conta das reclamações", declarou.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura de Arapiraca, mas até o momento o município não enviou nota se manifestando sobre o assunto.