Onze ex-ministros da Saúde assinam manifesto conjunto pedindo “vacina para todos já”
Texto é assinado inclusive pelos dois médicos nomeados por Bolsonaro, antecessores do militar Eduardo Pazuello, que está no cargo desde maio deste ano

A postura do governo de Jair Bolsonaro de praticamente declarar guerra à vacinação contra o coronavírus levou 11 ex-ministros da Saúde de diferentes governos a publicar um manifesto em conjunto a respeito do tema.
Com o título “Vacina para todos já!”, o texto defende que “o país necessita de um plano sólido, abrangente, que contemple todas as vacinas que consigam registro na Anvisa, sem qualquer tipo de discriminação. E que permita, ao longo do ano de 2021, garantir a vacinação para toda a população brasileira, prevenindo o surgimento de doença grave e suas consequências, reduzindo substancialmente a atual pressão sobre nosso sistema de saúde e garantindo o pleno retorno às atividades econômicas e sociais”.
Entre os ex-ministros que assinam o manifesto estão alguns nomes mais progressistas, como Alexandre Padilha, Humberto Costa e José Gomes Temporão, e também figuras mais conservadoras, como Barjas Negri e José Serra.
Porém, dois os nomes que mais chamam a atenção são os dos dois médicos que foram nomeados por Jair Bolsonaro para o cargo, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Ambos deixaram o Ministério da Saúde por desacordos com a postura do presidente com respeito à pandemia. Atualmente, quem comanda a pasta é um militar: o general Eduardo Pazuello.
A história da ciência brasileira está profundamente ligada ao processo de pesquisa, desenvolvimento e produção de imunobiológicos e vacinas. Entre os países em desenvolvimento, o Brasil é um dos poucos a dispor hoje de uma base produtiva e tecnológica em vacinas. Dois dos maiores produtores mundiais estão no Brasil: o Instituto Butantan (São Paulo) e o Instituto Bio-Manguinhos, na Fundação Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro).
Essa base produtiva e o esforço de ação coordenada do SUS nas três esferas de governo permitiram que o país disponha hoje de um dos melhores e mais abrangentes programas de imunizações do mundo, capaz de garantir altíssima cobertura vacinal e que tem possibilitado a prevenção e o controle de várias doenças. Exemplos recentes são a vacinação da população brasileira, em 2010, contra o H1N1, quando 100 milhões de pessoas foram imunizadas com vacinas produzidas localmente no Instituto Butantan; a erradicação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita, em 2010; e a introdução de novas vacinas, como a anti-HPV, em 2014, que nos próximos anos reduzirá drasticamente a mortalidade por câncer de colo uterino.
Contando com a proteção do SUS, um sistema de saúde de caráter universal e com vários centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) voltados para o campo da vacinologia, o Brasil produz em seus laboratórios a maioria das doses utilizadas pelo país em seu programa nacional de vacinação. Se considerado apenas o ano de 2018, nosso programa de imunizações utilizou mais de 300 milhões de doses de vacinas.
Essa capacidade endógena na produção de imunizantes, que reduz nossa dependência do exterior e garante altas coberturas vacinais, foi construída a partir de uma visão estratégica de distintos governos com parcerias de transferência de tecnologia entre laboratórios públicos e empresas multinacionais do setor farmacêutico.
Inovamos também na nossa capacidade logística, que nos permite dispor de milhares de pontos de vacinação em todo o território nacional e de mobilizar milhares de profissionais plenamente capacitados na organização e execução de campanhas de vacinação em massa.
Infelizmente, todo esse acúmulo de competências está sendo colocado em risco pela desastrada e ineficiente condução do Ministério da Saúde em relação à estratégia brasileira de vacinação da população contra a Covid-19.
O país necessita de um plano sólido, abrangente, que contemple todas as vacinas que consigam registro na Anvisa, sem qualquer tipo de discriminação. E que permita, ao longo do ano de 2021, garantir a vacinação para toda a população brasileira, prevenindo o surgimento de doença grave e suas consequências, reduzindo substancialmente a atual pressão sobre nosso sistema de saúde e garantindo o pleno retorno às atividades econômicas e sociais.
Alexandre Padilha
Arthur Chioro
Barjas Negri
Humberto Costa
José Agenor Álvares da Silva
José Gomes Temporão
José Serra
José Saraiva Felipe
Luiz Henrique Mandetta
Marcelo Castro
Nelson Teich
Ex-ministros da Saúde
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