Aglomerações em filas de agências bancárias voltam a ficar descontroladas em Arapiraca
Com o passar dos meses, tanto usuários quanto agências relaxaram os cuidados básicos
No início da pandemia, uma grande movimentação foi feita pelo poder público, tanto municipal como estadual, para que as instituições financeiras fossem responsabilizadas pelo controle de filas e acesso nas agências bancárias de Arapiraca.
Muitas se comprometeram a organizar o fluxo de pessoas. Algumas chegaram a colocar até tendas para proteger os usuários do sol.
Repetindo um comportamento social, com o passar dos meses, tanto usuários quanto agências relaxaram os cuidados básicos e as filas voltaram a ficar desorganizadas, sem distanciamento e quilométricas.
O Portal 7 Segundos esteve em uma agência da Caixa Econômica, localizada na avenida Rio Branco, e constatou, de perto, a realidade de centenas de pessoas que são obrigadas a irem até o local para receber o Auxílio Emergencial, Bolsa Família e outros programas assistenciais do governo.
Quem precisa de atendimento precisa chegar cedo e se sujeitar a ser infectado pelo coronavírus, já que não há barreiras para contaminação.
Ao perceber o tamanho da fila, a dona de casa Carmen Oliveira preferiu não se arriscar. "Já é o quarto dia que eu venho aqui para tentar resolver pendências no banco, mas a fila é tão grande e desorganizada que eu tenho medo de ficar. Me preocupo não só comigo, mas também com meus pais, que são do grupo de risco", lamentou ela.
Em Maceió o problema também persiste. O relações públicas João Paulo Rocha precisou enfrentar duas filas para conseguir uma simples informação.
"Chegando na porta giratória, o segurança me pediu para pegar uma ficha no estacionamento. Vim 'de boa' pegar a tal ficha e descobri que precisava passar por duas filhas. Tudo isso para conseguir uma informação simples", desabafou.
O Portal 7 Segundos entrou em contato com a assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal e foi informado que a instituição financeira realiza a triagem das filas na agência e a recepção qualificada dos clientes durante todo o horário de funcionamento. Ainda segundo nota da CEF, para evitar filas desnecessárias, a orientação é a utilização do aplicativo Caixa Tem, além dos canais alternativos, como loterias e correspondentes bancários.
Confira a nota da Caixa na íntegra:
A CAIXA informa que realiza a triagem das filas na agência e a recepção qualificada dos clientes durante todo o horário de funcionamento, bem como também possui recepcionistas que conduzem a organização das filas, de forma a garantir o devido afastamento entre as pessoas. Reforçamos que não é preciso madrugar nas filas e esclarecemos que todas as pessoas que comparecem às agências no período compreendido entre 8h e 13h são atendidas no mesmo dia. Elas recebem senhas e, mesmo com as unidades fechando às 13h, o atendimento continua até o último cliente.
O banco permanece realizando ações sistêmicas para melhorar o atendimento nas agências e oferecer um serviço de qualidade aos beneficiários. Entre elas, destacamos a implementação de calendários escalonados de saque do Auxílio e do FGTS Emergencial e a abertura de agências em alguns sábados.
Todas as unidades da CAIXA seguem funcionando para atendimento presencial no interior das agências apenas para serviços sociais essenciais, como o saque sem cartão e senha de benefícios do INSS, saque do Auxílio Emergencial, Seguro Desemprego, Bolsa Família, Abono Salarial e FGTS, além de desbloqueio de cartão e senhas de contas.
A CAIXA orienta ao uso do aplicativo CAIXA Tem e aos canais alternativos, loterias e correspondentes bancários, para os clientes que já podem sacar ou transferir o crédito do Auxílio Emergencial ou do Saque Emergencial do FGTS.
Brasil inteiro sofre com filas
Segundo a Caixa, em dezembro, 15,8 milhões de pessoas em todo o Brasil estão elegíveis para receber o auxílio emergencial. Só nesta quinta-feira (17), o governo federal liberou pagamento para 8,3 milhões de beneficiários.
A situação piora em algumas outras cidades brasileiras, que também disponibilizam programas assistenciais municipais, como é o caso de São Paulo, que faz o pagamento do Renda Básica Emergencial, concedido pela prefeitura.
Em nota, a presidência da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), se mostrou preocupada com o volume de pessoas que procuram as agências todos os dias.
“As pessoas vão às agências, por exemplo, para realizar os saques pela manhã, de acordo com o calendário, e o dinheiro não está disponível. Isso gera muitos transtornos, acumula atendimentos à tarde e aumenta o tempo de espera nas filas”, explica a diretora da Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal em São Paulo (ApcefSP), Vivian de Sá. “Mais uma vez, a falta de planejamento e as trapalhadas do governo são responsáveis pelas filas. É muito assustador ver a quantidade de mulheres com crianças no meio da aglomeração, em plena pandemia, colocando a vida em risco”, acrescenta.