Falta de vacinas pode prejudicar mais de 7,5 mil arapiraquenses que ainda não tomaram 2ª dose
O problema é nacional e foi provocado pela autorização do governo federal de que as doses reservadas fossem utilizadas
A Devido a falta de doses da vacina Coronavac, fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan, cerca de 7.647 arapiraquenses podem ser prejudicados, caso os imunizantes demorem a chegar.
De acordo com uma análise feita pelo Portal 7 Segundos, que cruzou dados disponíveis no Sistema Nacional de Monitoramento de Vacinas, este é o número total de pessoas que ainda não tomaram a segunda dose da vacina na Capital do Agreste alagoano.
O município precisou interromper a aplicação da segunda dose da Coronavac por duas vezes por falta de doses disponíveis.
De acordo com os dados, cerca de 6.290 pessoas com idades entre 60 e 64 anos tomaram a primeira dose da Coronavac em Arapiraca. Destas, apenas 1.626 tomaram a segunda dose. Ou seja, 4.664 ainda aguardam a chegada de novas doses.
Já para a população entre 65 e 69 anos, 1.363 aguardam a segunda dose; entre 70 e 74 anos, 664 arapiraquenses aguardam a segunda dose; entre 75 e 79 anos, são 311 pessoas; acima de 80 anos o número é menor, 137.
Alguns profissionais de Saúde também pode ser prejudicados com a falta de vacinas. Segundo o Sistema Nacional de Monitoramento de Vacinas, dos 4.026 profissionais que tomaram a primeira dose da Coronavac, cerca de 3.518 tomaram a segunda dose. Outros 508 ainda aguardam a chegada de mais imunizantes.
Há pelo menos 15 dias a Prefeitura de Arapiraca tem alertado sobre o problema. De acordo com a coordenadora de Doenças Imunopreveníveis de Arapiraca, Mônica Suzy, o município tem se reunido constantemente com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems/AL) para debater sobre o tema.
Na última sexta-feira (23), Arapiraca recebeu cerca de 2.500 doses da Coronavac para minimizar o atraso na aplicação. Mas, segundo o município, todas as doses foram aplicadas em menos de 48 horas.
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) emitiu uma nota técnica aumentando o prazo de intervalo entre a primeira e a segunda dose da Coronavac. Confira nota na íntegra:
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau/AL) informa que, em razão da redução na quantidade de vacinas contra a Covid-19 enviada pelo Ministério da Saúde (MS) para Alagoas, decidiu conjuntamente com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems/AL), que o prazo para aplicação da segunda dose da Coronavac será estendido, passando de 21 para 28 dias em todo o estado - permitido pelo fabricante e previsto na bula da vacina. A diminuição nas remessas enviadas pelo Ministério afetam todo o país, visto que a capacidade de produção do Instituto Butantan foi reduzida por falta de insumos.
Em Alagoas, havia sido estipulado, inicialmente, que o prazo seria de 21 dias entre a primeira e a segunda dose. De acordo com a bula do imunizante, há informações científicas sobre o intervalo de 28 dias garantir uma melhor resposta imunológica no organismo contra o novo coronavírus.
A Sesau e o Cosems orientam, ainda, a população, a prestar atenção na data que consta no cartão de vacinação e acrescentar sete dias para tomar a segunda dose da Coronavac. Caso no cartão de vacinação a segunda dose esteja marcada para a próxima segunda-feira, dia 26 de abril, agora esta pessoa deve procurar os pontos de vacinação no dia 03 de maio.
Problema Nacional
Desde o último dia 21 de março, o Ministério da Saúde modificou a orientação com relação ao uso da Coronavac, autorizando que todas as vacinas armazenadas pelos estados e municípios para garantir a segunda dose fossem utilizadas imediatamente como primeira dose.
A decisão foi criticada pelo atual ministro da Saúde Marcelo Queiroga, que assumiu o cargo em há pouco mais de um mês.
Adriano Machado/Reuters
"Tem nos causado certa preocupação a CoronaVac, a segunda dose. Tem sido um pedido de governadores, de prefeitos, porque, se os senhores lembram, cerca de um mês atrás se liberou as segundas doses para que se aplicassem e agora, em face de retardo de insumo vindo da China para o Butantan, há uma dificuldade com essa 2ª dose", declarou Queiroga no Senado.
Durante sua participação na comissão do Senado que acompanha a pandemia, Queiroga informou que está negociando a compra de novas vacinas da China.
"Há também negociações com outros fabricantes de vacinas da China que estão sendo encaminhadas e no momento que houver algo conclusivo, eu terei muita satisfação em passar para os senhores", disse Queiroga aos parlamentares, sem dar mais detalhes ou informar com quais fabricantes as negociações estão sendo feitas.