Religião

Igreja de Valdemiro Santiago é punida pela Justiça após humilhar fiel negro

"Vilipendiaram grosseiramente o meu direito mais sagrado", disse a vítima

Por Uol 27/04/2021 14h02
Igreja de Valdemiro Santiago é punida pela Justiça após humilhar fiel negro
Pastor Valdemiro Santiago - Foto: Reprodução

A Justiça de São Paulo condenou a Igreja Mundial do Poder de Deus a indenizar o cabeleireiro Jonas de
Freitas, 50, que disse ter sido humilhado por seguranças em um dos seus templos.

Em outubro de 2020, Freitas entrou na unidade localizada no Brás, em São Paulo, ajoelhou-se, ergueu os braços para o alto, fechou os olhos e começou a rezar. Ainda de joelhos, de acordo com seu relato à
Justiça, foi interpelado de modo grosseiro e ostensivo por três seguranças do templo.

De acordo com o cabeleireiro, os seguranças, alegando que tinham recebido uma denúncia e que ele era "suspeito", tomaram a sua mochila e despejaram todo o conteúdo no chão, na frente dos demais fiéis.

"Vilipendiaram grosseiramente o meu direito mais sagrado, de ficar em paz recolhido em oração", afirmou Freitas à Justiça. O cabeleireiro, que considera ter sido vítima de preconceito por ser negro, destacou que, ao ser abordado, solicitou aos seguranças que a revista fosse feita em uma sala reservada, mas não foi atendido.

Fundada em 1998 pelo apóstolo Valdemiro Santiago, a Igreja Mundial afirmou em sua defesa à Justiça que a acusação de preconceito não tem qualquer cabimento. "A Igreja prega a inclusão social, não havendo o que se falar em distinção de pessoas dentro de seu templo", declarou à Justiça por meio de seus advogados.

A Mundial disse que houve uma denúncia contra o fiel, que a abordagem foi realizada respeitosamente e que o cabeleireiro não passou por nenhum tipo de constrangimento. Prometeu entregar um vídeo à Justiça com as imagens da situação, mas não o fez.

O juiz Guilherme Ferreira da Cruz, da 45ª Vara Cível Central de São Paulo, não aceitou a argumentação e condenou a Mundial por danos morais. Freitas queria R$ 80 mil de indenização, mas a punição estabelecida foi de R$ 5.000. 

O processo não cabe mais recurso.