Polícia

Nove anos depois, restos mortais de Roberta Dias poderão ser sepultados

Perícia Oficial confirma que ossada encontrada em Piaçabuçu é de adolescente desaparecida em 2012

Por 7Segundos 14/07/2021 10h10
Nove anos depois, restos mortais de Roberta Dias poderão ser sepultados
Caso Roberta Dias : achado de ossada e peças de roupa confirma versão dada por criminoso em áudio - Foto: Reprodução

Familiares de Roberta Dias finalmente poderão sepultar os restos mortais da jovem, que desapareceu nove anos atrás depois de sair de casa em direção a um posto de saúde, no município de Penedo. A Perícia Oficial do Estado confirmou, na manhã desta quarta-feira (14), que a ossada encontrada no mês de abril em um areal no município de Piaçabuçu pertence a jovem, que foi assassinada aos 18 anos, em 2012.

O laudo pericial do Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística atesta que o DNA da ossada pertence a Roberta Dias. Os restos mortais serão entregues à família da estudante.

O achado de um crânio em um areal em uma praia do município de Piaçabuçu, no dia 18 de abril, levou a família de Roberta Dias a fazer uma busca particular na região, e três dias depois, parte de um esqueleto humano, foi encontrado no local. Mônica Reis, mãe de Roberta Dias, estava convicta de que aquela ossada seriam os restos mortais de sua filha, devido a peças de roupa que a jovem usava no dia que desapareceu. Em entrevista exclusiva para o 7Segundos, ela disse que ter a oportunidade de enterrar a filha traria alívio para ela e a família.


Exame de DNA

A ossada recolhida em Piaçabuçu foi encaminhada para o IML de Arapiraca, que enviou para o Laboratório de Genética Forense o crânio, seis elementos dentários da arcada superior, um fragmento do fêmur e quatro elementos dentários da arcada inferior. Após a extração do perfil genético desse material, a perita criminal realizou o confronto genético com o material biológico da mãe de Roberta, Mônica Reis.

Marina Mazanek, perita criminal responsável pelo exame, esclareceu que a ossada foi encontrada enterrada em estado avançado de deterioração, degradação e alteração óssea, devido ao espaço de tempo, e às intempéries climáticas a que ela foi submetida. Que essas condições do material ósseo e dentário dificultaram o trabalho de extração do DNA para a devida identificação.

Após as análises, a perita descreveu no laudo que é possível concluir que é de 99,9999999% a chance das amostras de DNA dos dentes da arcada superior ser de uma filha biológica da senhora Mônica Reis. Os exames também concluíram que os dentes da arcada inferior, fêmur e osso do crânio pertencem ao mesmo indivíduo da amostra.

“Devido as amostras estarem bastante deterioradas, precisei realizar várias tentativas de extração do material genético, inclusivo usando técnicas diferentes até conseguir o perfil genético desses fragmentos. A partir do sucesso na extração do DNA dos fragmentos foi possível confrontar com o perfil genético da senhora Mônica Costa, mãe da jovem Roberta Dias. O resultado final do exame foi positivo”, explicou a perita.

Assim, que o exame de DNA ficou pronto, o resultado foi encaminhado para a técnica forense Lourdes Ramires, chefe do setor de DNA do Instituto de Medicina Legal de Arapiraca que comunicou conclusão do laudo para a mãe de Roberta Dias. O documento será ainda encaminhado para a delegacia responsável pela investigação e a outros órgãos do sistema de persecução penal que haviam solicitado o exame.

Desaparecimento de Roberta Dias


A jovem Roberta Dias foi vista com vida pela última vez no dia 12 de abril de 2012. Ela tinha 18 anos, morava com a mãe em Penedo, e estava grávida do namorado, que era menor naquela época. A estudante saiu de casa para fazer uma consulta pré-natal em um posto de saúde no município.

Só que ela não chegou ao destino. Conforme as investigações policiais à época, a família do namorado não aprovava o relacionamento e a mãe dele teria tentado convencer Roberta a fazer um aborto. Por conta disso, ela foi considerada a primeira suspeita do desaparecimento.

As investigações sobre o caso foram presididas por vários delegados e tiveram vários suspeitos investigados e descartados. O pai de Roberta Dias, Ademir Dias, que buscava justiça e exigia a elucidação do crime, foi executado em um ponto de ônibus em Piaçabuçu em 2014.

O desaparecimento de Roberta Dias, no entanto, só começou a ser esclarecido em 2018, em um áudio vazado e periciado pela Polícia Federal, em que o namorado de Roberta Dias e pai da criança que ela esperava relata como ele teria matado e enterrado o corpo da jovem, com a ajuda de um amigo. Entre os detalhes revelados estão que ele encontrou a jovem antes de ela chegar ao posto de saúde e a convenceu de sair com ele para conversarem, como a jovem foi assassinada e que eles enterraram o corpo em uma área de praia deserta em Pìaçabuçu.

Na época do crime, Karlo Bruno, namorado de Roberta, e o amigo dele, Saulo Araújo, eram menores de 18 anos.