Violência

[Vídeo] Aumento da violência contra a mulher está ligado a maior convivência doméstica durante pandemia

Segundo superintendente de Políticas para a Mulher, Glauce Kelly, números da casos de mulheres vítimas de violência aumentou

Por 7 Segundos 21/07/2021 08h08 - Atualizado em 21/07/2021 13h01
[Vídeo] Aumento da violência contra a mulher está ligado a maior convivência doméstica durante pandemia
Superintendente de Políticas para a Mulher de Arapiraca, Glauce Kelly Lima - Foto: 7 Segundos

“A violência contra a mulher não está sendo mais comum, ela está sendo mais noticiado e as pessoas estão tendo mais conhecimento”. O relato é da superintendente de Políticas para a Mulher, da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura de Arapiraca, Glauce Kelly Lima Costa, ao 7Segundos Entrevista.

A psicóloga, que também está à frente do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (CRAMSV), afirmou que a violência contra a mulher aumentou em Arapiraca, principalmente nesse período de pandemia da Covid-19 e que no primeiro semestre deste ano já são 55 casos novos de violência, isto é, a mesma quantidade até agora que todo o ano de 2018.

Naquele ano o CRAMSV realizou o atendimento a 514 mulheres do município de Arapiraca, de todas as regiões da cidade, inclusive da zona rural. Neste ano de 2021 foram de janeiro a junho 467 atendimentos a mulheres que sofrem algum tipo de violência doméstica.

“Nesse período de pandemia, específico, tivemos um aumento da violência por razão de as pessoas estarem dentro de casa. O agressor ficou dentro de casa, a mulher ficou dentro de casa e, acredito eu que as dificuldades financeiras, o uso do álcool e várias outras coisas acabaram amplificando mais ainda essa situação de violência”, relatou Glauce Lima.


A superintendente destacou que a Secretaria de Desenvolvimento Social disponibilizou nesse período de pandemia o atendimento on-line e por esta razão as mulheres poderão ter ficado mais encorajadas a denunciar a violência do companheiro dentro de casa.

Glauce Kelly afirmou que a violência contra a mulher é histórico-cultural e se torna difícil até para a mulher ‘quebrar’ esse ciclo de violência muitas vezes imposto para a mulher como algo normal.

“O casamento era um dos contratos mais difíceis de serem desfeitos. Na verdade antes da Constituição Federal nem podia ser desfeito, era como se a mulher fosse uma propriedade do marido e isso vem de uma sociedade patriarcal”, relembrou ela.

Violência psicológica


Segundo a superintendente de Políticas para a Mulher de Arapiraca, ninguém começa violentando fisicamente à mulher, ela começa sofrendo uma violência psicológica.

“A mulher fica muito frágil e essa violência psicológica vai aumentando até chegar à violência física”, esclareceu Glauce Lima.

A psicóloga ressaltou que existe, inclusive, um ciclo de violência atribuído à mulher. O período de discussão entre o casal é chamado de “Período de Tensão” e depois esse ciclo passa para o “Período de Explosão”, em que acontece a violência física e depois tem o “Período da Lua de Mel”, onde se pede desculpas e que isso não vai mais acontecer e, segundo Glauce, a mulher acredita e perdoa o companheiro.

“Esses ciclos acabam se repetindo muitas vezes e quando a mulher vai procurar ajuda é porque ela vem sofrendo a muito tempo e ela não suporta mais e aí ela necessita de amparo e de uma rede de atendimento”, afirmou.

O CRASMV tem uma equipe de multiprofissionais como psicólogos, advogados, entre outros profissionais e a mulher é atendida por essas pessoas.

“Vamos dando todas as orientações à mulher no que ela precisa e fazemos uma acolhimento respeitoso, com sigilo, porque muitas mulheres tem medo de procurar ajuda por achar que as outras pessoas irão julgá-la. Então, a gente tenta ser o mais humano possível e mostrando todas as possibilidades de ajuda para fortalecer a mulher nesse processo e muitas vezes até acompanhá-la a determinados órgãos para que ela não se sinta sozinha ”, explicou Glauce Kelly.

Mapeamento municipal


A superintendente disse, ainda, que o mapeamento municipal de violência à mulher é feito baseado no atendimento à ela. Segundo ela, a situação de violência acontece nas regiões mais periféricas de Arapiraca e, inclusive, na zona rural do município.

“As pessoas ainda dizem que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Mas, nós metemos a colher sim!”, exclamou Glauce Kelly.

Acompanhe a entrevista completa sobre a violência à mulher no vídeo abaixo do 7Entrevista.

Serviço:

CRAMSV – Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência.
Rua Governador Luís Cavalcante, 1150, bairro Alto do Cruzeiro, Arapiraca - AL.
Telefones: (82) 3539-4017 e 9.9991-2443.
Outros contatos:

Disque 100
– Denunciar violação de direitos humanos;
Ligue 180
– Central de Atendimento à Mulher;
Ligue 190
– Polícia Militar de Alagoas (PMAL).