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Em boicote à premiação, astro de “Round 6” anuncia que não irá ao Globo de Ouro

A ausência de Lee Jung Jae se soma a uma série de críticas à associação organizadora da premiação, que acontece no próximo domingo (9), sem tapete vermelho

Por CNN 06/01/2022 06h06
Em boicote à premiação, astro de “Round 6” anuncia que não irá ao Globo de Ouro
Em boicote à premiação, astro de “Round 6” anuncia que não irá ao Globo de Ouro - Foto: Divulgação

O protagonista de “Round 6”, série de destaque da Netflix, Lee Jung Jae anunciou nesta quarta-feira (5), que não participará da cerimônia do Globo de Ouro, programada para o próximo domingo (9). O anúncio ocorreu por meio da agência Artist Company, em comunicado oficial a veículos sul-coreanos.

“Ele está imensamente grato em ter sido nominado a Melhor Ator no Globo, mas decidiu não atender a cerimônia”, informa. O anúncio também aponta que Jung Jae reconhece que a Netflix também não participará do evento, e apoia a ação da empresa. Cita, ainda, preocupações com o avanço da pandemia de Covid-19, devido a variante Ômicron.

O K-drama é o maior sucesso da Netflix em 2021, e foi indicado no Globo ao prêmio de Melhor Série, além das nomeações a Melhor Ator para Jung Jae, e Melhor Ator Coadjuvante para Oh Yeong-su. Apesar disso, a plataforma de streaming já havia se manifestado contra a realização da premiação, seguindo uma onda de críticas a instituição que a organiza: a Hollywood Foreign Press Association (HFPA).

Desde o ano passado, uma série de denúncias de falta de diversidade e más práticas marca a atuação da HFPA, associação composta por jornalistas estrangeiros que cobrem Hollywood e o mercado cinematográfico. Em fevereiro de 2021, reportagem do “Los Angeles Times” apontou uma cultura de corrupção na entidade, na qual erros contábeis eram vantajosos para a organização. O processo de indicação dos nomeados ao Globo também foi descrito como pouco transparente e pouco diverso.

Na esteira dessas revelações, a ex-presidente da HFPA Meher Tatna afirmou que a associação não tinha qualquer membro negro desde, pelo menos, 2002.

Como resposta, estúdios como a Netflix, a Amazon e a Warner Bros, bem como atores como Tom Cruise e Scarlett Johansson anunciaram que não participariam mais de eventos organizados pela HFPA.

Premiação em xeque


O boicote e os pedidos de mudanças prometem esvaziar a cerimônia deste ano. Além dos estúdios e de atores como Jung Jae, juntou-se à iniciativa o canal de televisão NBC, tradicionalmente responsável por transmitir a premiação. Em 2022, o Globo não terá qualquer cobertura televisiva.

Na última terça-feira (4), a HFPA anunciou em seu site os planos para a realização do evento. A cerimônia foi confirmada, no Beverly Hilton Hotel, em Los Angeles, com o objetivo de “demonstrar o extensivo trabalho filantrópico da HFPA”.

O tradicional tapete vermelho foi cancelado, e a noite não contará com a presença de imprensa externa. Não há a expectativa de participação de celebridades e os vencedores das categorias serão anunciados por apoiadores das instituições beneficentes da HFPA.

Histórico de denúncias e críticas

Não é de agora que a associação sofre críticas como estas que esvaziaram a edição 2022 do Globo. Em 2018, o ator Brendan Fraser (“A Múmia”) denunciou que havia sido assediado sexualmente pelo então presidente da HFPA, Philip Berk. O assédio ocorreu em 2003, e a carreira de Fraser, segundo o próprio, nunca mais foi a mesma desde então.

Berk foi expulso da associação somente em 2021, quando e-mails com conteúdos racistas enviados por ele vazaram para a imprensa. No mesmo ano, o movimento Time’s Up, de vítimas de assédio, juntou-se a mais de uma centenas de agências de Relações Públicas, em uma ação de crítica à cultura de abusos da HFPA, ameaçando retirar seus contratados de qualquer evento por ela organizado.

A premiação do Globo de 2021 também foi alvo de controvérsia, com a decisão de indicar o longa “Minari” à categoria de Melhor Filme Estrangeiro – mesmo que a trama, dirigida por um estadunidense, aborde a vida no Kansas de uma família de ascendência sul-coreana.

Na tentativa de responder aos críticos, a associação aprovou um novo código de conduta para seus membros em maio de 2021. Em outubro, também aprovou a associação de 21 novos jornalistas, a maior e mais diversa inclusão simultânea já realizada pela entidade.