No dia do fotógrafo o Portal7Segundos faz uma homenagem a este profissional especialista em registrar os episódios da vida
Conheça a trajetória de dois fotógrafos que foram atraídos para a profissão pelo amor e pelo prazer em fotografar
Gravar com luz. Essa é a tradução literal da palavra “fotografia” que tem sua origem etimológica no idioma grego: foto (luz) e graphein (gravar). As primeiras experiências dessa técnica de gravação de imagens a partir da exposição de material fotossensível surgiram ainda com os alquimistas no século 350 A.C. e foi se desenvolvendo e evoluindo ao longo da Idade Média até conquistar uma maior popularidade entre os séculos XVIII e XIX com a invenção dos primeiros aparelhos de fotografia ou protótipos de máquinas fotográficas a exemplo do “daguerreótipo”, uma espécie de caixa enorme de madeira capaz de captar uma imagem permanente através de uma lente e a gravando sobre um vidro. O problema do equipamento era o seu peso, que dificultava o seu transporte. O aparelho recebeu esse nome porque foi inventado pelo francês Louis Jaques Mandé Daguerre (1789-1851).
Daguerreótipo, equipamento fotográfico criado no final do século XVIII. Foto: reprodução/internet
É por causa desta invenção que no Brasil o Dia do Fotógrafo é comemorado em 8 de janeiro. Teria sido nesta data que o Brasil recebeu o seu primeiro Daguerreótipo no ano de 1840, trazido por um francês, Louis Compte, para o Imperador Dom Pedro II na cidade do Rio de Janeiro.
Poder ter a sua própria imagem ou a de amigos, lugares e objetos registrados para sempre em um papel ou nas pastas de arquivos digitais, como ocorre hoje em dia, atraiu e popularizou a fotografia que começou a virar moda ainda no século XIX. Quem não gostaria de tirar um retrato para a posteridade? Fazer pose para fotos também virou uma tendência que segue até os dias atuais. Até mesmo o temido cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião, se rendeu aos encantos da fotografia.
Lampião com integrantes de seu bando em pose para fotografia. Foto: reprodução/internet
Com o desenvolvimento das modernas câmeras digitais que se popularizaram nos aparelhos de telefone celular, fazer ou tirar uma boa fotografia requer um certo conhecimento técnico, um aperfeiçoamento que requer estudo ou no mínimo uma boa leitura e observação sobre o tema.
Em busca do sonho
Tornar-se especialista em fotografia era o sonho de Valter Sousa, 51 anos, natural da cidade de Água Branca, no Alto Sertão de Alagoas. Valter começou a gostar de fotografia há 20 anos quando ainda morava em sua terra natal. Mesmo distante dos grandes centros, Valter conseguiu comprar uma câmera analógica e começou a fotografar a família e os amigos. Aos poucos, foi se apaixonando pelo ofício e algum tempo depois, ganhou sua primeira câmera profissional, ainda analógica.
Valter Sousa durante o ofício de fotografar. Foto: acervo pessoal
Valter conheceu o jornalista Maikel Marques que trabalhava em um jornal na cidade de Arapiraca. Maikel conheceu o trabalho de Valter e começou a lhe pedir, eventualmente, algumas fotos para compor material jornalístico sobre a região sertaneja. Foi quando a paixão pela fotografia começou a ser despertada de vez em Valter Souza, que em 2009 foi para Maceió fazer um curso de fotografia, mas para isso, Valter teve que trabalhar como porteiro de prédio para poder se sustentar e pagar o curso.
"Fiz um curso de porteiro para poder trabalhar e ter dinheiro para fazer o curso de fotografia. Em 2014 eu comprei a minha primeira câmera profissional, foi quando pintou um dinheiro extra e fiz o curso de fotografia com a fotógrafa e professora Ana Clark. Lá conheci coisas que não conhecia e o curso mim ensinou muito. Com a prática, aprendi mais ainda", conta Valter Sousa.
Parte de Catedral de Nossa Senhora dos Prazeres em Maceió clicada com o antigo prédio do INSS da Praça dos Palmares. Foto: Valter Sousa
Após o curso, Valter começou a tirar fotos em festas de casamento e aniversário ajudando a um amigo. Em 2017, entrou para o grupo Perambular de fotografias, formado por vários profissionais da área fotográfica. "Foi quando participei de minha primeira exposição. Foi um sonho realizado onde eu estava no meio de vários fotógrafos de nome como o Jorge Vieira, João Facchinetti, Ana Clark, dentre outros", destaca Valter Sousa que passou a se especializar cada vez mais no ramo fazendo cursos, praticando e aprimorando sua técnica, o que lhe rendeu a participação em outras exposições fotográficas e alguns prêmios também.
Garças na Praia da Avenida em Maceió. Foto: Valter Sousa
Valter tornou-se especialista em fotos artísticas. Registrar as paisagens e o cotidiano de sua cidade Natal, Água Branca e da capital de Alagoas, Maceió, onde mora atualmente, virou uma característica de seu trabalho. “Fotografar é vida, é ter sua história congelada no tempo”, define Valter Sousa.
Cidade sertaneja de Água Branca coberta pela neblina. Foto: Valter Sousa
A fotógrafa Lourdes Rizzatto descobriu a fotografia ainda no curso de comunicação social na Universidade Federal de Alagoas com o renomado fotógrafo e professor Celso Brandão no final da década de 1980. Com mais de vinte e cinco anos de profissão, Lourdes afirma que é jornalista de coração e fotógrafa de alma. Lourdes foi instrutora de fotografia no Sesc Alagoas entre os anos de 1998 a 2000, trabalhou como jornalista e repórter fotográfica em alguns jornais de entidades, fez books em Maceió, mas foi em Arapiraca, a partir de 2009, que iniciou com o esposo, Silvestre Rizzatto, um registro despretensioso das manifestações culturais da cidade que escolheram viver.
Fotógrafa e jornalista Lourdes Rizzatto. Foto: Giovanni Luiz-7Segundos
Em 2009, Lourdes e Silvestre realizaram a primeira exposição denominada “Vejo Flores em Você”, no Memorial da Mulher Ceci Cunha na cidade de Arapiraca; em 2013, o casal participou de um edital do Sesc Alagoas e realizou a exposição “Guardiões da Memória: cultura e arte popular em Arapiraca” em homenagem aos grandes mestres em vida.
Morro Santo da Massaranduba em Arapiraca durante a Semana Santa. Foto: Lourdes Rizzato
Os trabalhos com registros fotográficos em eventos sociais e culturais levou o casal Rizzatto a criar o blog ClickDue que uniu o jornalismo e a paixão pela fotografia. Em 2015, Lourdes Rizzatto deu início a um projeto voluntário de um curso de fotografia com máquina fotográfica (Olhar Especial) voltado para crianças autistas da Clínica da Pestalozzi de Arapiraca.
Peregrinação ao Morro Santo da Massaranduba em Arapiraca. Foto: Lourdes Rizzatto
O projeto acompanhado por profissionais do SAUT – Serviço de Atendimento a Autistas durou cerca de um ano. Em 2021, com a Lei Aldir Blanc, o projeto foi reformulado para um curso de fotografia com celular para alunos do CAEEP – Centro de Atendimento Educacional Especializado da Pestalozzi de Arapiraca. O projeto foi selecionado pelo edital Vera Arruda e quinze alunos puderam aprender com aulas teóricas e práticas não apenas o lado técnico do registro fotográfico, mas também o despertar do “olhar” deles para a cultura de Arapiraca.
Aula de fotografia para crianças do Projeto Olhas Especial. Foto: acervo pessoal/Lourdes Rizzato
Para Lourdes Rizzatto “a fotografia é uma das formas mais lindas de expressão. Mostrar o seu próprio olhar através das lentes, levar o outro para o seu registro de um lugar, de uma pessoa, de um objeto ou de algo artístico é mostrar um pouco da sua alma para o próximo, é dizer veja o que eu vejo, goste ou não, eu vejo assim! O projeto Olhar Especial traz isso. No dia do Fotógrafo nada mais indicado do que conhecer o talento desses novos fotógrafos na exposição “Olhar Especial” na praça central do Arapiraca Garden Shopping”, finaliza.
Veja mais registros fotográficos de Valter Sousa e Lourdes Rizzatto em nossa galeria de fotos.