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Jovem descobre que cérebro 'vaza' do crânio após anos de dor constante

Em entrevista ao tabloide britânico The Sun, ela explicou que frequentemente ia ao hospital com dores de cabeça

Por UOL 15/09/2022 09h09 - Atualizado em 15/09/2022 09h09
Jovem descobre que cérebro 'vaza' do crânio após anos de dor constante
A jornalista Georgia Lambert descobriu síndrome rara aos 17 anos - Foto: Reprodução/Instagram

Uma jornalista do Reino Unido descobriu que o cérebro dela "vazava" do crânio, após passar anos com dores de cabeça insistentes. Georgia Lambert, 28, contou que foi diagnosticada na adolescência com malformação de Chiari, uma deformidade de parte do crânio, e siringomielia, que consiste no desenvolvimento de uma cavidade líquida dentro da medula espinhal. 

Lambert, que é de West Sussex, contou a sua história no jornal britânico The Times, onde atualmente trabalha. Ambas as condições são geralmente diagnosticadas quando o bebê nasce. No entanto, no caso dela, a identificação da condição veio apenas na adolescência.

"Fui diagnosticada erroneamente e desacreditada por 18 anos e, quando fui levada a sério, fiquei tão incapacitada que, em vez de reclamar de garotos com amigas, fiquei acordada pensando em quanto tempo me restava de vida", escreveu ela em relato.

Em entrevista ao tabloide britânico The Sun, ela explicou que frequentemente ia ao hospital com dores de cabeça. "Eu sabia que a dor não era normal e ninguém realmente entenderia o que eu estava passando. Muitas vezes as pessoas não acreditavam em mim e foi uma luta real", disse ela.

Maquiagem e dietas

Durante os anos escolares, Georgia relembra que desenvolveu lesões nas pernas que não cicatrizavam. "Eu perambulava por Londres procurando maquiagem que cobrisse tudo e nada parecia funcionar".

No relato para o The Times, Georgia afirmou que seguiu até dietas que prometiam ajudá-la a cessar sintomas que tinha à época, mas nada funcionou. Ela ainda contou que diversas vezes seu sofrimento chegou a ser descreditado, por ser "jovem demais para sentir dor", segundo os médicos. 

Por isso, a jovem passou anos sem realmente saber a realidade do corpo dela. "Meus pais realmente tiveram que se esforçar para obter um diagnóstico para mim", disse.

Diagnóstico aos 17 

Foi apenas aos 17 anos que Georgia conseguiu provar que as dores que sentia eram consequências de uma síndrome rara.

"Meu médico fez uma pausa para respirar antes de tentar pronunciar as duas condições. Ele então explicou que a parte de trás do meu cérebro estava vazando para fora do crânio, o que causou a formação de cistos cheios de líquido na minha medula espinhal".

Três semanas após completar 18 anos, Georgia finalmente passou por uma cirurgia. "Parece estranho, mas fiquei emocionada. Chorei, fiquei tão feliz [ao perceber] que não estava enlouquecendo", relatou ela.

Ela afirma que ainda tem que lidar com outros problemas de saúde decorrentes da condição, como tremores nas mãos, dor na coluna e o vazamento do cérebro no crânio. 

No entanto, a jornalista diz que pode "caminhar novamente" e que está "determinada" a lutar para que a dor crônica seja vista como uma deficiência válida na esperança de ajudar outras pessoas na mesma situação.

Síndrome rara

Segundo informações do NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, em tradução livre) a malformação de Chiari ocorre quando o crânio tem uma má-formação que faz com que a parte inferior do cérebro seja empurrada para baixo, no canal espinhal. A causa exata da condição ainda é desconhecida, mas o NHS informa que o não é descartado um fator genético, uma vez que é possível que crianças tenham herdado um gene defeituoso que afete diretamente o desenvolvimento do crânio.

A malformação de Chiari, por sua vez, é um dos principais fatores para o surgimento da siringomielia. No entanto, não pode ser considerada o único fator para o desenvolvimento da cavidade na medula espinhal.

Pessoas com malformação de Chiari podem não apresentar nenhum sintoma. Já aqueles que sofrem com dores na cabeça podem passar por tratamentos com analgésicos para aliviar a tensão.

Se o quadro for incessante, ou se houver problemas causados pela pressão na medula espinhal, como falta de mobilidade, recomenda-se uma operação chamada "cirurgia de descompressão". O procedimento consiste na remoção de um pequeno pedaço de osso da base do crânio ou de um fragmento da parte superior da coluna.

O objetivo é reduzir a pressão no cérebro e permitir que os líquidos na região fluam normalmente, aliviando os sintomas do paciente.