Alagoas

Feminicídio que vitimou jovem de São José da Tapera mancha a imagem de Alagoas Brasil afora

Família de Mônica participa de manifestação neste domingo pelo centro da cidade sertaneja

Por Erick Balbino/7Segundos 24/06/2023 07h07 - Atualizado em 24/06/2023 07h07
Feminicídio que vitimou jovem de São José da Tapera mancha a imagem de Alagoas Brasil afora
Mônica Cristina Gomes Cavalcante Alves, de 26 anos. - Foto: Reprodução

“Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas”. A frase da escritora Audre Lorde nos convida a refletir sobre a influência do patriarcado e um dos crimes que mais mancham a imagem de Alagoas: o feminicídio.

Pensando a nível nacional, o Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022, em comparação com 2021, segundo levantamento feito com base nos dados oficiais dos estados e Distrito Federal. Mais de 1,4 mil mulheres foram assassinadas pelo fato de serem mulheres - uma a cada seis horas, em média.

Apesar de dados da Secretaria de Segurança Pública apontarem redução nos números de assassinatos de mulheres classificados como feminicídio, a taxa de Alagoas ainda está acima da média nacional, ocupando a 7ª colocação no ranking dos estados.

Estão em situação pior que Alagoas apenas os estados do Mato Grosso do Sul, Rondônia, Mato Grosso, Acre, Tocantins e Rio Grande do Sul.

Um dos casos mais recentes em Alagoas é o da jovem Mônica Cavalcante, de apenas 26 anos, que foi brutalmente assassinada pelo marido, Leandro Pinheiro Barros, na porta do fórum de São José da Tapera, Sertão de Alagoas. O crime acorreu após uma discussão entre o casal durante uma festa.

Antes de sua morte trágica, Mônica conseguiu gravar um vídeo corajoso, no qual denunciava ser vítima de violência física e psicológica nas mãos de seu esposo. Ela declarou que, se algo lhe acontecesse, o próprio marido seria o culpado. Infelizmente, suas palavras proféticas se concretizaram, deixando todo o estado de Alagoas consternado e revoltado.

Apesar da denúncia em vídeo feito pela vítima, a realidade das principais vítimas de feminicídio em Alagoas é bem diferente. De acordo com dados divulgados pela SSP/AL, 90,32% das vítimas de feminicídio no estado não chegaram a registrar boletim de ocorrência anterior de violência doméstica.

Segundo a presidente da Associação para Mulheres (AME), advogada Júlia Nunes, denunciar quando a vítima sofre o primeiro indício de violência é essencial para impedir mortes. Pra ela, é preciso ficar atenta aos sinais.

“É preciso que as mulheres fiquem atentas aos sinais desde o início do relacionamento. O homem não bate ou mata na primeira vez. Tudo se inicia pela violência velada, psicológica, quando ele limita a mulher, os seus comportamentos normais, afasta dos amigos e da família, e ela sente medo de falar algo que pensa, tem receio. É preciso perceber e nesse momento colocar um fim na relação, porque se primeiro começa pelo psicológico, o físico é a próxima consequência”, disse a advogada ao jornal Gazeta de Alagoas em fevereiro deste ano.

O Portal 7Segundos reforça que em caso de violência doméstica, é imprescindível que:

- No caso de violência física u sexual, chame a Polícia Militar pelo 190. Ligue e denuncie de imediato a agressão. Se o agressor for capturado, deverá ser preso em flagrante, nos moldes da Lei Maria da Penha;

- Em casos de necessidade de atendimento pré-hospitalar, ligue para 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192 (Samu); 

- Aja rápido. Vá até uma delegacia de polícia e registre a ocorrência. Algumas lesões podem desaparecer rápido. Quanto mais rápido air, mais opções a polícia tem para protegê-la;

- Colabore com a polícia: dê detalhes do caso, faça exame de corpo de delito, se necessário. Se possível, tenha imagens que comprovem o que aconteceu e/ou testemunhas;

- Para denúncias de situações que não sejam emergenciais nem estejam acontecendo no momento, você pode ligar para o 180 (Central de Atendimento à Mulher)ou para o 181 (Disk-Denúncia).

MANIFESTAÇÃO

Diante do crime que vitimou Mônica Cavalcante em São José da Tapera, mulheres, moradores e familiares da jovem se uniram em um movimento de protesto. Um ato está sendo convocado para este domingo (25), no Centro da cidade sertaneja, com o objetivo de manifestar repúdio à violência doméstica e exigir Justiça. 

Enquanto a comunidade se mobiliza para protestar contra a impunidade e cobrar a prisão de Leandro Pinheiros Barros, o criminoso segue foragido. As autoridades estão empenhadas na busca do suspeito, e espera-se que ele seja capturado e responsabilizado pela atrocidade cometida.

Quem souber de informações que possam ajudar a polícia a identificar o paradeiro do feminicida, deve entrar em contato com a polícia através do Disk-Denúncia 181. A identidade da fonte será mantida no mais absoluto sigilo.