Feminicídio que vitimou jovem de São José da Tapera mancha a imagem de Alagoas Brasil afora
Família de Mônica participa de manifestação neste domingo pelo centro da cidade sertaneja
“Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas”. A frase da escritora Audre Lorde nos convida a refletir sobre a influência do patriarcado e um dos crimes que mais mancham a imagem de Alagoas: o feminicídio.
Pensando a nível nacional, o Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022, em comparação com 2021, segundo levantamento feito com base nos dados oficiais dos estados e Distrito Federal. Mais de 1,4 mil mulheres foram assassinadas pelo fato de serem mulheres - uma a cada seis horas, em média.
Apesar de dados da Secretaria de Segurança Pública apontarem redução nos números de assassinatos de mulheres classificados como feminicídio, a taxa de Alagoas ainda está acima da média nacional, ocupando a 7ª colocação no ranking dos estados.
Estão em situação pior que Alagoas apenas os estados do Mato Grosso do Sul, Rondônia, Mato Grosso, Acre, Tocantins e Rio Grande do Sul.
Um dos casos mais recentes em Alagoas é o da jovem Mônica Cavalcante, de apenas 26 anos, que foi brutalmente assassinada pelo marido, Leandro Pinheiro Barros, na porta do fórum de São José da Tapera, Sertão de Alagoas. O crime acorreu após uma discussão entre o casal durante uma festa.
Antes de sua morte trágica, Mônica conseguiu gravar um vídeo corajoso, no qual denunciava ser vítima de violência física e psicológica nas mãos de seu esposo. Ela declarou que, se algo lhe acontecesse, o próprio marido seria o culpado. Infelizmente, suas palavras proféticas se concretizaram, deixando todo o estado de Alagoas consternado e revoltado.
Apesar da denúncia em vídeo feito pela vítima, a realidade das principais vítimas de feminicídio em Alagoas é bem diferente. De acordo com dados divulgados pela SSP/AL, 90,32% das vítimas de feminicídio no estado não chegaram a registrar boletim de ocorrência anterior de violência doméstica.
Segundo a presidente da Associação para Mulheres (AME), advogada Júlia Nunes, denunciar quando a vítima sofre o primeiro indício de violência é essencial para impedir mortes. Pra ela, é preciso ficar atenta aos sinais.
“É preciso que as mulheres fiquem atentas aos sinais desde o início do relacionamento. O homem não bate ou mata na primeira vez. Tudo se inicia pela violência velada, psicológica, quando ele limita a mulher, os seus comportamentos normais, afasta dos amigos e da família, e ela sente medo de falar algo que pensa, tem receio. É preciso perceber e nesse momento colocar um fim na relação, porque se primeiro começa pelo psicológico, o físico é a próxima consequência”, disse a advogada ao jornal Gazeta de Alagoas em fevereiro deste ano.
O Portal 7Segundos reforça que em caso de violência doméstica, é imprescindível que:
- No caso de violência física u sexual, chame a Polícia Militar pelo 190. Ligue e denuncie de imediato a agressão. Se o agressor for capturado, deverá ser preso em flagrante, nos moldes da Lei Maria da Penha;
- Em casos de necessidade de atendimento pré-hospitalar, ligue para 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192 (Samu);
- Aja rápido. Vá até uma delegacia de polícia e registre a ocorrência. Algumas lesões podem desaparecer rápido. Quanto mais rápido air, mais opções a polícia tem para protegê-la;
- Colabore com a polícia: dê detalhes do caso, faça exame de corpo de delito, se necessário. Se possível, tenha imagens que comprovem o que aconteceu e/ou testemunhas;
- Para denúncias de situações que não sejam emergenciais nem estejam acontecendo no momento, você pode ligar para o 180 (Central de Atendimento à Mulher)ou para o 181 (Disk-Denúncia).
MANIFESTAÇÃO
Diante do crime que vitimou Mônica Cavalcante em São José da Tapera, mulheres, moradores e familiares da jovem se uniram em um movimento de protesto. Um ato está sendo convocado para este domingo (25), no Centro da cidade sertaneja, com o objetivo de manifestar repúdio à violência doméstica e exigir Justiça.
Enquanto a comunidade se mobiliza para protestar contra a impunidade e cobrar a prisão de Leandro Pinheiros Barros, o criminoso segue foragido. As autoridades estão empenhadas na busca do suspeito, e espera-se que ele seja capturado e responsabilizado pela atrocidade cometida.
Quem souber de informações que possam ajudar a polícia a identificar o paradeiro do feminicida, deve entrar em contato com a polícia através do Disk-Denúncia 181. A identidade da fonte será mantida no mais absoluto sigilo.