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Moradores de Craíbas afirmam que detonação da Vale Verde durante inspeção foi fake

Filmagem enviada à Defensoria Pública da União mostram barulho e muita poeira, diferente da apresentada em inspeção

Por 7Segundos 19/11/2023 08h08
Moradores de Craíbas afirmam que detonação da Vale Verde durante inspeção foi fake
Vale Verde fez detonação durante visita técnica ocorrida na terça (14) - Foto: Comunicação MPFAL

A explosão de mina efetuada pela Mineração Vale Verde durante visita técnica do Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União, realizada na última terça-feira (14), no Projeto Serrote, localizado na zona rural de Craíbas, foi classificada como "fake" pelos moradores da região.

A detonação não provocou o barulho e a poeira que os moradores da comunidade Lagoa do Mel reclamam desde o início das atividades da mineradora, que seriam causa de danos a imóveis e à saúde da população e de animais da comunidade localizada próxima à mina.

A situação foi observada pelo defensor público federal, Diego Bruno Martins Alves, autor de ação civil pública para avaliar responsabilidades no impacto da atividade empresarial nos imóveis, saúde e bem-estar da comunidade no entorno da mineração.

"Na visita técnica, a Vale Verde executou uma explosão na mina, para dar conhecimento às partes do processo. Porém, não teve nenhum barulho levantou pouca poeira. Os moradores disseram que aquela explosão foi encenada. O que ocorre é uma explosão muito forte", afirmou o defensor federal, que cedeu ao 7Segundos imagens da detonação feita pela Vale Verde durante a visita técnica em comparação com vídeos enviados por moradores à Defensoria Pública da União.

A visita faz parte das ações definidas pela Justiça Federal na ação civil pública e teve como objetivo compreender o processo de desmonte - ou explosão - de rochas para a extração de cobre e verificar os impactos relatados pelos moradores da região, que reclamam do surgimento de rachaduras na estrutura de imóveis e ainda surgimento de casos de problemas respiratórios decorrentes da liberação de poeira, além dos transtornos decorrente da poluição sonora.

Além do defensor federal Diego Alves, estiveram presentes a procuradora da República Juliana Câmara e também integrantes da Agência Nacional de Mineração, (ANM), Advogacia-Geral da União (AGU), Defesa Civil Nacional, Defesa Civil Estadual e Instituto do Meio Ambiente (IMA).

O grupo visitou as instalações do Projeto Serrote e depois seguiu até a residências de moradores das proximidades. A explosão foi acompanhada em uma das residências com medição sismográfica. Nesta parte da vísita, os técnicos da mineradora disseram que os estudos de impacto de vibração sonora são feitos a casa seis meses e que as explosões controladas são incapazes de provocar movimentações de terra semelhantes a abalos sísmicos.

Em seguida, o grupo vistoriou alguns imóveis e constatou a presença de fissuras na alvenaria das construções. Também foram relatados problemas respiratórios que atingem principalmente crianças e ainda problmas de origem psicológica, relacionados a incertezas em relação quanto à manutenção das moradias e prejuízos na produção agrícola e morte de animais.

"Todos os órgãos competentes estão aqui para verificar a nossa situação, nós que estamos sofrendo com as rachaduras, mortandade de animais. Hoje temos a oportunidade de mostrar a real situação", relatou um dos moradores da região, Tancredo Barbosa, que gravou trechos da visita.

Entenda o caso


A Mineração Vale Verde é alvo de reclamações de moradores das proximidades do Projeto Serrote desde o início das atividades da extração de minério de cobre. De acordo com eles, as explosões ocorrem fora dos horários e dias acordados com a comunidade e têm trazido uma série de transtornos, que vão desde o surgimento de fissuras e rachaduras que atingem residências e até mesmo a escola da comunidade, aumento da incidência de problemas de saúde decorrentes da poeira gerada pelas explosões e até mesmo a mortadade de animais, que segundo eles está relacionada ao barulho provocado pelas explosões.

A Defensoria Pública da União ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal e a 11ª Promotoria de Justiça de Arapiraca instaurou inquérito civil para investigar as denúncias.

A ação civil pública determinou a execução de um plano de trabalho em três frentes: a estruturação das Defesas Civis do Estado e dos municípios de Arapiraca e Craíbas, para a definição de planos de contingência em casos de desastres; estudos técnicos independentes, iniciado por mapeamento de área de risco e laudo a ser realizado pelo Laboratório Sismológico da UFRN; e ainda o georreferenciamento da área, para identificação dos imóveis e população afetada.

De acordo com petição assinada pelo defensor federal Diego Alves, os grupos de trabalho criados no dia 10 de outubro, pouco avançaram. Com isso, o representante da DPU requereu que as Defesas Civis do Estado, de Craíbas e de Arapiraca apresentem lista de equipamentos/materiais necessários para estruturação; à Mineração Vale Verde que fornça equipamentos e automóvel à Defesa Civil de Craíbas em tempo integram; e à prefeitura de Craíbas para iniciar o trabalho de levantamento das áreas afetadas pela atividade mineradora.