Morte de empresário Marcelo Leite durante abordagem policial completa um ano
Dos três PMs que são réus no processo, apenas um está preso
A morte do empresário Marcelo Leite completa um ano nesta terça-feira (05) e familiares lembram a data com uma missa, às 19h na Igreja de Santa Edwirges, e com um ato pela paz após a celebração.
Em um perfil criado pela família no Instagram, vários parentes e amigos deixaram mensagens falando em saudades e pedindo por justiça.
O arapiraquense Marcelo Leite tinha 31 anos e, no dia 14 de novembro de 2022, foi atingido nas costas por uma bala de grosso calibre durante uma abordagem policial em frente ao 3º Batalhão da Polícia Militar, na AL 220, em Arapiraca.
O projétil, disparado na traseira do veículo, atravessou o porta-malas e feriu o empresário nas costas, atingindo um dos rins, o baço e parte do intestino. Ele foi socorrido para o Hospital de Emergência do Agreste, transferido para a Santa Casa de Maceió e em seguida para o Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Durante o período de 20 dias em que permaneceu internado, foi submetido a várias cirurgias, mas não resistiu e teve a morte declarada na madrugada de 05 de dezembro de 2022.
Os policiais militares que faziam parte da guarnição que abordaram Marcelo Leite, Jilfran Batista, Ariel Oliveira Santos Neto, Xavier Silva de Moraes e Gustavo Angelino Ventura, alegaram - no início das investigações - que agiram em "legítima defesa". Eles contaram que o empresário havia passado em alta velocidade por um quebra-molas, desobedecido ordem de parada e apontado uma arma para a viatura policial.
A guarnição, que era comandada por Jilfran Batista, teria reagido deflagrando tiros de fuzil na direção do pneu do carro do empresário, que foi atingido por um dos projéteis. Eles chegaram a apresentar a arma de fogo que estaria em poder da vítima e provocado a reação. Mas, durante a investigação do caso, que contou com a ajuda de imagens de uma câmera de segurança pertencente a uma empresa localizada nas proximidades e com a reconstituição do crime, a polícia chegou a conclusão de que o revólver foi "plantado" pelos policiais.
Jilfran Batista, que é apontado como o autor do disparo que atingiu Marcelo Leite, foi denunciado pelo Ministério Público e tornado réu pelos crimes de homicídio qualificado, fraude processual - referente a alteração da cena do crime, e denunciação caluniosa - por atribuição de porte de arma à vítima.
Ariel Oliveira Santos Neto e Xavier Silva de Moraes, integrantes da guarnição que fez abordagem ao empresário, respondem pelos crimes de denunciação caluniosa e fraude processual. Gustavo Angelino Ventura, em depoimento à Corregedoria da Polícia Militar, admitiu ter movido o carro da vítima do local do crime para próximo da guarita do Batalhão e é réu pelo crime de fraude processual.
Os policiais militares foram afastados do serviço operacional, mas mesmo assim, em agosto deste ano, foram promovidos da patente de cabo para terceiro sargento, gerando revolta na família e amigos do empresário e até um pedido do senador Rodrigo Cunha para que o Ministério da Justiça retirasse as promoções.
Dos quatro réus que respondem a processo pela morte de Marcelo Leite, o 3º sargento Jilfran Batista é o único que está preso. Ele teve a prisão decretada pela Justiça, no dia 21 de novembro, por descumprir as medidas cautelares exigidas pela 5ª Vara Criminal de Arapiraca, a partir de petição feita pelo Ministério Público Estadual, que juntou fotografias reunidas pela família do empresário, mostrando o policial militar participando de eventos com aglomeração de pessoas no período noturno, quando deveria permanecer em casa.
Jilfran começou a cumprir a prisão preventiva nas instalações do 3º Batalhão, mas uma semana depois foi transferido para o Presídio Militar, localizado em Maceió. Os outros três seguem aguardando julgamento em liberdade.