Educação

Laudo produzido pelo Instituto de Criminalística embasou pedido de mandado de apreensão e prisão de envolvidos no crime

Tecnologia protegida pela Universidade por meio de patente receberá apoio do Fundo Vale para aproximação com potencial de geração de negócios

Por 7segundos com Assessoria 05/01/2024 16h04
Laudo produzido pelo Instituto de Criminalística embasou pedido de mandado de apreensão e prisão de envolvidos no crime
A pós-doutoranda do Profnit, Nathaly Costa, em apresentação de trabalho no Workshop Brasileiro de Biodiversidade e Biotecnologia - Foto: Ascom

A Universidade Federal de Alagoas foi contemplada com uma premiação especial no Workshop Brasileiro de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia. Nathaly Costa, pós-doutoranda do Programa de Pós-graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (Profnit), apresentou tecnologias desenvolvidas no Laboratório de Ecologia Química da Ufal.

Segundo a pesquisadora, a primeira patente, concedida e apresentada no evento, é fruto de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) enquanto que a segunda patente é fruto de sua tese de doutorado junto a outras três que foram depositadas e outra que foi concedida, o que totaliza o número de cinco patentes como resultado da tese. “Isso mostra que temos outras patentes na mesma área e, no total, são 12 que estão sendo desenvolvidas pelo laboratório”, complementou Nathaly.

Na solenidade, realizada em dezembro passado, foram contempladas cinco tecnologias, sendo três desenvolvidas no Pará, uma no Acre e uma de Alagoas, apresentada por Nathaly, que foi a única representante da região Nordeste no evento. As tecnologias da Ufal consistem em atraentes com atividade feromonal para mosca-das-frutas, de importância econômica com patentes concedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) sob os códigos BR1020180000160 e BR1020150164041.

“Atualmente, a produção sustentável de frutas é um dos principais problemas ligados à fruticultura, principalmente devido ao uso de pesticidas para o controle de insetos praga. Além disso, nos últimos anos, os fruticultores têm enfrentado o desafio de produzir frutas de qualidade para atender às novas exigências dos países importadores, uma vez que o mercado internacional tem adotado protocolos de certificação para estabelecer a equivalência de produtos além das fronteiras”, explicou a pós-doutoranda.

Alternativa


Segundo Nathaly Costa, a mosca-das-frutas é uma das pragas que vêm sendo combatidas no Brasil com o uso de agrotóxicos que geram prejuízos diretos à fruticultura brasileira. Assim, Nathaly apresentou uma alternativa para o manejo desses insetos: o controle por comportamento por meio de semioquímicos que atuam em quantidades extremamente pequenas, e não são tóxicos, propiciando benefício ao produtor e ao consumidor.

“Dada à importância dos semioquímicos no biocontrole de insetos praga, criamos um produto microencapsulado eficaz na captura de fêmeas de mosca-das-frutas, das espécies de Anastrepha obliqua e A. fraterculus, que não oferece riscos de contaminação para o meio ambiente, para os organismos benéficos e para o consumidor”, explicou a pesquisadora, que complementou destacando ainda a inovação existente neste produto.

A professora Ruth Rufino, uma das orientadoras de Nathaly, também comentou sobre o produto desenvolvido. “Trata-se de formulações atraentes, com base no feromônio liberado por machos de A. fraterculus e Anastrepha obliqua, que podem ser utilizadas no campo por fruticultores para o controle das moscas-das-frutas. As formulações são colocadas em armadilhas para que possam atrair as pragas e podem ser utilizadas em diferentes culturas de frutíferas”, contou.

Inovação em prol da sociedade

Para a pós-doutoranda, o produto desenvolvido para o combate das pragas também é inovador: ele utiliza semioquímicos aliados a um substrato específico que garante poder de absorção, liberação contínua e alta especificidade na captura das fêmeas. “Atualmente, não há no Brasil nenhum registro de um produto à base de feromônio para o controle destas pragas”, complementou Nathaly Costa.

Já a professora Sílvia Uchôa, que também orienta o trabalho de Nathaly, celebrou a premiação da tecnologia desenvolvida. Ela disse que o fato de ela ser protegida por patentes de titularidade da instituição pode significar o primeiro passo para a transferência de tecnologia da mesma, podendo gerar recursos para serem reinvestidos na própria Ufal.

“Um prêmio traz maior visibilidade aos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores nos mais diversos níveis, desde trabalhos de graduação, iniciação científica e tecnológica até pós-doutoramento, permitindo que a pesquisa aplicada seja reconhecida pela comunidade e a ela sirva. Ou seja, possibilita a transposição do conhecimento gerado intramuros da universidade para a aplicação na prática, de forma a beneficiar toda a sociedade”, celebrou Sílvia, que também coordena o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Ufal.

Sobre o Fundo Vale

Criado há 14 anos, o Fundo Vale ajuda a construir uma nova realidade econômica ao investir no desenvolvimento de negócios, na geração de conhecimento e em arranjos financeiros voltados à conservação e à recuperação de biomas, com especial atenção para a Amazônia. De maneira colaborativa, o órgão fortalece comunidades, povos tradicionais, agricultores e empreendedores, para que possam viver da produção sustentável.

O Fundo Vale tem como missão o impulsionamento de soluções de impacto socioambiental positivo que fortaleçam uma economia sustentável, justa e inclusiva, pois se move na crença de que o país possa ser reconhecido como uma grande potência da bioeconomia. Para tanto, o órgão foi planejado para atuar em biomas críticos, tendo iniciado sua operação pela Amazônia, conectando instituições e iniciativas em prol do desenvolvimento sustentável.

"Cabe reforçar que o Fundo Vale, como um fundo de fomento e investimento criado para gerar impacto socioambiental positivo, atuará como apoiador da tecnologia selecionada no Workshop, a partir de sua atuação no hub de inovação Cubo, onde será feito um matchmaking, em data a ser definida, atuando como uma ponte entre as tecnologias contempladas no evento e corporações interessadas em conversar com as vencedoras e ver como elas podem ajudar", explicou Giovana Serenato, representante do Fundo Verde.