Muitos casos de violência sexual praticados contra crianças ou adolescentes poderiam ser evitados se fossem denunciados, isso porque muitas vezes o agressor está entre as pessoas mais próximas da vítima, faz parte do seu grupo de convivência. 

O medo e até mesmo o desejo de proteger o agressor impedem, muitas vezes, que as autoridades ou órgãos competentes atuem e adotem medidas para proteger a vítima e prender o abusador.

O conselheiro tutelar da região II de Arapiraca, Lázaro Lopes, recebeu a reportagem do 7Segundos e falou sobre as estratégias utilizadas após o recebimento de uma denúncia anônima, por exemplo.

"Quando a gente recebe uma denúncia de abuso contra uma criança, por exemplo, a gente age de maneira muito discreta, para primeiro, garantir proteção à vítima, e também para evitar que o abusador perceba que o caso já está sendo investigado, então, as pessoas que souberem que algo desse tipo pode estar acontecendo com alguém, não se fique calado, denuncie para nós tomemos as medidas cabíveis porque nós somos preparados para agir em casos assim", disse Lázaro.

E os canais de denúncia são os seguintes: o próprio telefone do conselho tutelar (82 9 9906-3745), o Disk 100 (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania) e o Disk Denúncia 181 (Polícia Civil).

Lázaro explicou também que o Conselho Tutelar de Arapiraca ainda não pôde agir no caso da menina de 11 anos, moradora do Sítio Xexéu, zona rural de Arapiraca, que sofreu abuso sexual cometido pelo tio, segundo as investigações, porque muito provavelmente a denúncia tenha sido feita diretamente à Polícia Civil.

O suspeito pelo crime foi preso nesta quarta-feira (26) pela equipe da Delegacia Especial da Criança e do Adolescente de Arapiraca, coordenada pela delegada Maria Fernandes Porto.

"Nós tomamos conhecimento do caso por parte das notícias veiculadas na imprensa, mas assim que nós formos informados oficialmente sobre o caso, iremos agir para procurar saber como e por quem esta criança está sendo acompanhada. Pelo que nós tomamos conhecimento, a menina está na companhia da mãe, o que já nos dá uma certa tranquilidade, mas vamos agir para tomar as medidas cabíveis sim", explicou Lázaro, que ressaltou também que a Polícia Civil é uma importante parceira do Conselho Tutelar.

Assista a entrevista em vídeo com o conselheiro Lázaro Lopes e na sequência do texto, relembre o caso:

O caso

Desenhos e rascunhos de uma menina de 11 anos, moradora do sítio Xexéu, zona rural de Arapiraca, levaram a polícia a prender um homem de 41 anos por estupro de vulnerável. 

A vítima, de acordo com a polícia, teria tentado suicídio devido ao trauma da violência. O homem, que é tio da vítima, foi preso na quarta-feira (26), pela equipe da Delegacia Especial da Criança e do Adolescente de Arapiraca, coordenada pela delegada Maria Fernandes Porto, em cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pela justiça. 

A denúncia foi feita pela família da criança, que descobriu que a menina de 11 anos estava sendo abusada sexualmente pelo tio por meio de desenhos e desabafos feitos em folhas de papel. A vítima desenhava o próprio corpo e com setas apontando para suas regiões íntimas e indicando que havia sido tocada naqueles locais. 

Nos papéis, ela ainda escreveu frases como "eu não so mais vigis", "ele toco ei mi", e "e eu não podia cota para niquei". Os desenhos eram feitos pela criança em momentos de isolamento e escondidos, mas foram encontrados pela irmã mais nova da vítima, que mostrou para a mãe. 

A partir daí, a Delegacia da Criança instaurou inquérito policial e durante as investigações foi descoberto que a vítima teria tentado tirar a própria vida, devido os traumas sofridos em decorrência dos abusos, e então a delegada Maria Fernandes encaminhou à Justiça pedido de prisão preventiva contra o acusado, que vai responder pelo crime de estupro de vulnerável.