Menina que viralizou com sapos aparece com animal vestido durante brincadeira em SC
Atualmente com quatro anos, Lívia se diverte com os anfíbios há pelo menos dois. Biólogo diz que cuidados são necessários ao manusear sapos e que vesti-los pode prejudicar regulação de temperatura do animal.
Lívia Gabriella da Silva, atualmente com 4 anos, que viralizou ao segurar sapos, vestiu um deles durante uma brincadeira em Ituporanga, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. O vídeo, feito pelo irmão, teve mais de 300 mil visualizações em uma rede social até quarta-feira (21).
O biólogo e herpetólogo Alex Giordano Bergmann disse que são necessários cuidados ao manusear um sapo e que vestir um pode prejudicar a regulação de temperatura corporal do animal. Mas elogiou o carinho e respeito pelos anfíbios por parte da menina (leia mais abaixo).
No vídeo, o irmão, Pedro Henrique Mello, mostra Lívia com o sapo vestido. "Ô neném, você botou uma roupa no papo? Deixa o mano ver", diz, rindo. No final, ele pede à menina que tire a roupa do animal.
Manuseio e vestimenta
O biólogo respondeu algumas dúvidas em relação ao manuseio e a colocar roupas em sapos. Confira abaixo.
É seguro manusear um sapo?
"É, desde que se saiba como fazer, se tem o conhecimento para isso. Os sapos têm algumas glândulas de veneno na pele, que a gente chama de glândulas paratoides, e, caso essas glândulas sejam apertadas, exprimidas, elas liberam o veneno, que pode sim fazer mal para as pessoas, principalmente se entrar em contato com mucosa, olho ou peles mais sensíveis como a mucosa na boca e tudo mais", disse o biólogo.
"O sapo sendo manuseado ali com cuidado, como a menininha está fazendo, possivelmente não vai ter problema nenhum com relação ao veneno, que tem que ser espremido das glândulas do sapo. Mas é importante lembrar aqui que no caso de algumas rãs e de algumas pererecas, o veneno já está espalhado pela pele e o contato pode sim causar algum problema", completou.
Manusear o sapo pode causar algum problema ao animal?
Segundo Bergmann, pode haver sim prejuízo ao sapo.
"Tanto pelo estresse que isso pode gerar para o animal, quanto por alguma substância química que esteja em contato com a gente. Por exemplo, a pele dos anfíbios, sapos, rãs, pererecas, ela é muito permeável. Eles inclusive realizam parte da respiração, da troca gasosa, pela pele. Então, se a pessoa está com algum produto químico na mão, muito provavelmente a pele do sapo vai acabar absorvendo isso e isso vai prejudicá-lo. Por exemplo, a pessoa fez limpeza, está com algum resto de cloro, de produto de limpeza na mão, ou a pessoa passou repelente. A química repelente em si pode ser absorvida pelo sapo e causar algum mal para o animal".
Pode vestir o sapo?
Como parte da respiração do sapo é feita pela pele, pode ser sim ruim para o animal. Além disso, a roupa pode prejudicar a regulação de temperatura do anfíbio.
"Dependendo do que se for colocar de vestimenta, isso pode acabar prejudicando aí a troca gasosa, pode acabar prejudicando a termorregulação. Esses animais eles costumam buscar ambientes mais quentes para se aquecer e ambientes mais frios para se refrescar. Eles realizam o controle da temperatura buscando os diferentes ambientes e o fato de ter uma roupa em volta dele pode prejudicar essa termorregulação ou mesmo a troca gasosa. Então acredito que não seria o indicado botar qualquer tipo de roupa ou de cobertura em volta do sapo", explicou o biólogo.
Os sapos sentem afeto pelas pessoas?
"Eu não acredito que esses animais desenvolvam algum tipo de afeto. O que eles podem desenvolver é justamente reconhecer que aquela pessoa, aquele indivíduo que está ali não é uma ameaça, e aí eles acabam aceitando a proximidade, inclusive eles podem reconhecer aquele indivíduo, aquela pessoa, como uma 'fonte de alimento'. Tem pessoas que procuram minhocas e dão para o sapo do quintal comer, então o sapo vai reconhecer que aquele indivíduo não é uma ameaça".
Por que os sapos são importantes na natureza?
"Os anfíbios são importantes bioindicadores, eles mostram que a qualidade do ambiente está boa quando eles conseguem sobreviver na área, e eles são muito importantes no controle de certas pragas, como baratas, aranhas, escorpiões, porque eles se alimentam desses animais, alimentam-se de insetos de modo geral", disse o biólogo.
Carinho e respeito
Bergmann também comentou a atitude da menina.
"O bacana desse vídeo é justamente ver que a menininha tem um carinho e um respeito muito grande pelos anfíbios, que é um grupo aí que a maior parte das pessoas acaba negligenciando", declarou.
"Ela pelo menos está demonstrando um carinho, está querendo demonstrar o cuidado. Vai de ter orientação certa só, mas ela está de parabéns pela atitude de amar esses animais e de querer cuidar deles", completou.