Conversei na manhã da última terça-feira (23), com o secretário municipal de saúde de Messias, Dr. Rafael Ayres. Ele falou sobre temas importantes relacionados a área da saúde no município. Rafael possui mestrado, doutorado, dois pós-doutorado em medicina, professor universitário, tem 34 anos de idade.

O secretário falou sobre a prestação de serviços realizados pelas ambulâncias: “Nós temos duas ambulâncias disponíveis aqui para o município que são da gestão passada. Você vai interromper esse contrato ou vai permanecer com ele para atender à população? A gente optou por manter as ambulâncias, mas não foi uma atitude correta porque os veículos estavam em estado crítico, assim como toda a frota da saúde. Os carros que a gente têm eles rodam três dias e quebram. Quando penso que esse mês estou aliviado, em dois dias a ambulância quebra; então, fica difícil trabalhar desse jeito".

Rafael Ayres falou como resolveu esse problema: “Para resolver essa questão nós tiramos as ambulâncias sucateadas e agora estamos contratando ambulâncias por licitação com um estado funcional que atenda a população. Ontem, consegui trazer uma ambulância locada que tem um padrão de atendimento, ela é uma UTI móvel. Estamos nos organizando, mas temos que acabar com esses vícios da gestão passada, a gente concerta um carro e ele quebra com três dias, não tem política pública no mundo que aguente”.

“Esse vício, esse absurdo do passado de as ambulâncias ir buscar os médicos em Maceió e a cidade ficar desguarnecida, isso acabou. Outro dia, a Dra. Isabel pediu um transporte para não atrasar o atendimento porque ela estava de plantão no HGE e largava às 6h, ela falou que seria impossível chegar às 7h em Messias, então, destinei um transporte e as 7h20 ela estava assumindo o plantão, essa foi a única vez, diferentemente do que ocorria no passado”, afirmou.

O secretário explicou o motivo da falta de médico em alguns plantões: "Para evitar esse problema, aumentei o número de médicos na escala. Temos que estar preparados para substituir os médicos que adoecem, tem problemas familiares etc. Antigamente o número de médicos era reduzido e, consequentemente, o número de plantões médicos era altíssimo, então, eles ganhavam bem porque tinham uma carga horária alta, então contratei mais profissionais, e isso as vezes gera um desconforto para quem está lá porque o número de plantão cai, mas tenho que fazer isso como gestor. Os médicos começam a vir porque pagamos bem e garantimos o pagamento em dia, e esses atrasos no atendimento acontecem porque as vezes o médico está em uma emergência e não podem largar o paciente no meio do procedimento”.

É verdade que o Dr. Maximiliano não vai mais atender em Messias? “Esse aumento no número de profissionais médicos na escala fez com que alguns ficassem insatisfeitos por ter reduzido o número de plantões. Como gestor, eu tenho que pensar sempre no todo não nas coisas particulares. Eu contratei o Dr. Paulo e ele ficou com um plantão do Dr. Maximiliano. Expliquei a ele – Dr. Max - que isso era passageiro, é só para a gente ter um número de médico maior na escala. O doutor Max não vai sair, eu garanto. Ele é um excelente profissional, jamais queremos perde-lo".

Sobre o adicional noturno e gratificações: “Nosso setor jurídico, através do Dr. Petrúcio Livramento, tem a incumbência de resolver problemas trabalhistas. Nós achamos gratificação para apadrinhados, técnico de enfermagem recebendo mais que enfermeiro; o que é que eu faço para me manter como um bom gestor? Ser o mais justo possível. Então, alguém vai achar ruim, mas aquele que estava sendo esquecido vai começar a se sentir valorizado por que agora as condições estão equiparadas. Foi retirada a insalubridade das pessoas que não tinham direito, mas quem realmente exerce uma atividade insalubre, recebe. Quem trabalha no período noturno tem que ter adicional noturno. Pode ser que exista dois ou três funcionários que não esteja recebendo essa taxa e que por direito deveriam receber, mas eu acho muito difícil, porque a gente fez um estudo minucioso de ajuste salarial, inclusive as enfermeiras elogiaram bastante porque algumas delas ganhavam exorbitantemente bem e outras não”.

Relação com a Câmara Municipal: “Fui três vezes a Câmara de Vereadores, eu fui o secretário mais solicitado e fui o que mais atendeu aos pedidos, explicando o que os vereadores queriam saber. Tenho recebido os vereadores que me procuram sem distinção alguma, eles sempre saem daqui com uma resposta positiva, inclusive mostrando-lhes documentos, portarias, mas é preciso que as pessoas fundamentem as afirmações, as informações estão disponíveis para todos, então, essas falácias infundadas têm que acabar, inclusive começam a ventilar coisas que terminam agredindo a honra das pessoas”.

O secretário fez uma pausa para continuar: “Uma vereadora me questionou o porquê de os mototaxistas não terem sido vacinados, então, eu expliquei a ela o porquê isso não aconteceu. Imprimi o plano estadual de imunização, imprimi os critérios de grupos prioritários de vacinação para que ela lesse. E o documento diz: ‘exceto mototaxistas’, foi por isso que a gente não assinou. Tenho um bom relacionamento com a maioria dos vereadores, e faço questão de falar sobre minhas ações, não tomo nenhuma atitude sozinho, todas as minhas ações tem o aval do prefeito”.

Em certo momento da entrevista, o secretário mostrou-se indignado com um comentário surgido na Câmara de Vereadores: “Foi ventilado na Câmara de Vereadores que já tínhamos adquirido a ambulância e eu estava guardando-a para apresenta-la na emancipação política; isso é boato, é muito chato ouvir essas coisas, isso em nada contribui para o desenvolvimento de nosso município, jamais deixaria um carro na garagem esperando o dia da emancipação para apresenta-lo a população; isso é ridículo, inadmissível, antiético, isso é mentira. A gente recebeu uma emenda parlamentar impositiva do deputado Antônio Albuquerque destinando 100 mil reais para a compra de ambulância, ela está em processo de adaptação no Rio Grande do Sul, o prazo que eles têm de entrega são 30 dias a partir do momento que enviamos o empenho da compra para o fabricante, o empenho foi enviado quinta-feira passada, ela deverá chegar em outubro". enquanto isso, temos duas ambulâncias próprias rodando que trouxe ontem, essa semana nós estaremos retornando a nossa ambulância máster, portanto, nós não estamos desguarnecidos”.

Licitação para reformas, aparelho de Raio X, Kit Intubação: “Estamos com a licitação já feita da reforma do pronto atendimento, queremos deixá-lo com a capacidade maior do que existe, a gente tem que dá condições de o médico trabalhar para que ele não seja o médico somente de encaminhamento de pacientes. A verba já foi aprovada, e, provavelmente, em setembro a gente está começando as obras. Nossa ideia é trazer os leitos semi-intensivos, ou seja, pacientes que tiver algum trauma ele vai conseguir fazer o Raio X aqui, isso é um fato inédito, nunca se viu isso em Messias; o paciente hoje pode ser intubado, porque temos o kit de intubação, uma coisa também que nunca foi feito aqui. Sempre, em qualquer situação, o paciente era transferido para Maceió”.

Rafael disse que a pandemia está sob controle em Messias: “A pandemia está controlada em Messias. Já concluímos a faixa etária de 18 anos, estamos trabalhando com os que não tomaram a segunda dose. Messias hoje tem o número de óbitos muito baixo no Covid-19, isso por conta da ampla vacinação e da assistência que a gente tem dado, porém, como a pandemia está diminuindo, a necessidade de equipes também cai, e se você recebe mais, você tem o poder de contratação maior, se o ministério reduz a verba o seu poder de contratação também cai, então, é bom enfatizar isso. Quando a gente contratou pessoas em caráter temporário, elas já sabiam que quando a pandeia acabasse o contrato delas seria desfeito; falam que o prefeito estaria demitindo as pessoas, isso não é verdade, é que a pandemia está controlada”.

Redução do número de equipes: “Quero lhe adiantar em primeira mão, nós vamos tomar medidas de ‘enxugar’ um pouco a nossa equipe por conta de não haver necessidade de mente-las, o motivo é a redução de serviços, redução de plantão. Hoje, as pessoas têm um acréscimo de 20% por plantão para enfrentar a pandemia, isso terá que ser retirado”.

O secretario deixou uma mensagem de fé e esperança aos messienses: “Estou preparado para estar à frente da pasta da saúde. Não estou aqui para exercer um cargo político, estou aqui por ter capacitação e para gerenciar e resolver os problemas dessa área. Tenho uma equipe excelente. Sei que temos muito a melhorar, a gente tem trabalhado da forma mais justa possível e a população tenha certeza que dias melhores virão. Estou sempre aberto ao diálogo”, concluiu.