Celebridades

Gustavo Rocha sobre vídeo 'saindo do armário': 'Desde que nasci, sou gay'

Com 7 milhões de seguidores no Instagram, Gustavo Rocha se emocionou com áudio da mãe sobre aceitação de sua orientação sexual

Por Uol Noticias 07/10/2020 15h03
Gustavo Rocha sobre vídeo 'saindo do armário': 'Desde que nasci, sou gay'
Gustavo Rocha - Foto: Reprodução/Redes Sociais

"Meus pais me levavam no futebol e eu sempre fiz futebol minha vida toda. Eu gostava de jogar bola, para mim não era um monstro de 7 cabeças, mas quando eu tinha uns 17 anos de idade eu não queria mais fazer aquilo. Eu cheguei nos meus pais e falei que não queria mais jogar bola. E era muito difícil porque, pra quem não conhece, eu tenho um irmão gêmeo, ele chama Túlio, e meu irmão sempre foi muito o homão da família, o másculo, o hétero top. E eu sempre fui muito comparado a ele, e pra mim isso era a parte mais difícil, porque acho que as pessoas esperavam que eu fosse igual a ele, e eu nunca ia ser, porque eu era eu", contou ele, emocionado.

Ainda segundo o influenciador, desistir do esporte foi uma experiência traumática em sua jornada de autoconhecimento. Ele confessou que chegou a se machucar de propósito ao enfrentar a resistência dos pais.

"Falava pros meus pais que eu não queria ir e eles falavam: 'Não, Gustavo, vai no futebol'. E eu não tinha voz, né, pra chegar e falar: 'Não vou mais e ponto final'. Chegou um momento que meu psicológico estava tão debilitado que eu lembro que eu comecei a chutar a parede pra ver se meu dedo quebrava, só pra eu não precisar ir jogar bola. Nesse momento eu olho pro Gustavo de antes e penso: 'Caramba, ainda bem que você não vive mais aquilo'", refletiu.

Ele ainda contou sobre o momento em que seus pais ficaram sabendo de sua sexualidade, afirmando que foi obrigado a assumir ser gay depois do vazamento de uma foto sem sua autorização.

"No dia do ano novo, literalmente faltando umas 2 horas, não lembro exatamente de que ano foi, meus pais receberam uma foto minha beijando um menino. E eu estava sozinho em casa e não sabia o que fazer. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, ainda mais de conversar com os meus pais sobre aquilo e confrontar o que eles me ensinaram. Era uma situação que eu não estava preparado pra viver. Eu tinha 17 anos. E essa foto vazou pra cidade toda, todo mundo viu", lembrou.

Gustavo enfrentou um período de tristeza profunda depois de ser exposto. O influenciador se disse contra a pressão para assumir a orientação sexual, estimulando seus seguidores a contarem que pertencem à comunidade LGBT apenas quando se sentirem confortáveis.

"Eu não digo que eu entrei em depressão, mas eu perdi 7,5 quilos na época, porque eu não conseguia comer nada, não conseguia mais viver, porque tiraram uma coisa de mim, que eu preferia guardar a 7 chaves até o momento em que eu estivesse pronto psicologicamente pra viver isso", argumentou.

"Por isso que eu não entendo quando as pessoas querem arrancar as outras 'do armário'. Você não sabe a realidade do outro, onde ela vive, quais as condições dela. Acho tudo isso muito baixo, porque não é a sua vida. Se você é gay e se assumiu com 12 anos, fico muito feliz por você, mas se tiver alguém de 30 anos que você saiba, ou deduz, que seja LGBTQI+, não faça nada, deixa a pessoa viver o momento dela. Se ela nunca quiser se assumir, ela tá no direito dela", completou.

Apesar dos momentos tensos, Gustavo comemorou que, hoje, seus pais lidam bem com relacionamentos com outros homens. Ele se emocionou ao compartilhar com os fãs um áudio em que a mãe o "agradece por ensinar tantas coisas" a ela.

"Rolou muita conversa com os meus pais, foi muito difícil pra eles entenderem, e eu não julgo os meus pais. Eu amo eles de paixão, com toda as forças da minha vida, só que pra eles foi muito difícil. Eu entendo que eles tiveram uma criação diferente, que eles têm uma mente diferente e tudo o que eu podia fazer era conversar, mostrar o meu lado, mostrar que eu só preciso ser feliz. Os meus pais, a minha família, os meus amigos, têm que entender que eu vou viver uma vida pra mim e não a que as pessoas querem que eu viva", afirmou.

Gustavo disse que também conseguiu fazer as pazes com a própria sexualidade depois de passar sua adolescência enfrentando conflitos internos, se relacionando com meninas apesar de flertar com meninos.

"Nesse processo eu chorei inúmeras vezes. Eu lembro de eu chorar todos os dias e perguntar pra Deus o que tinha de errado comigo. E eu pedia pra ele pra que ele me mudasse. Por que se as pessoas diziam que era errado eu achava que eu era uma pessoa errada", lembrou ele.

"Depois de tanto conversar com Deus eu acabei entendendo que não é com quem eu me relaciono que vai me definir. Minha orientação sexual não me define, eu só quero amar quem eu quiser amar. E pra mim não há nada de errado nisso. Eu não entendo o ódio tão grande que as pessoas têm quando elas veem duas pessoas do mesmo sexo felizes. Existe uma frustração muito grande dentro dessas pessoas", defendeu.