Racismo: Ludmilla revela que afinou o nariz aos 18 por pressão da sociedade
"Comentários racistas me dão nojo. Parece que o mundo está evoluindo, mas ainda tem muita gente atrasada", disse em entrevista
A cantora Ludmilla revelou neste domingo, 10, que realizou a rinoplastia (cirurgia plástica no nariz) quando tinha só 18 anos para ser mais aceita pela sociedade. “Conseguiam me ferir porque nem eu mesma me achava bonita”, contou. Em dezembro de 2020, a artista deixou as redes sociais durante uma semana depois de sofrer vários ataques racistas.
A cantora que está vai estrear como jurada do The Voice +, edição do reality musical com cantores amadores acima de 60 anos, falou um pouco mais a respeito de preconceito racial e pressão estética em entrevista ao jornal O Globo.
“É doloroso falar isso, mas fiz a primeira plástica no nariz, aos 18, para ser aceita. Conseguiam me ferir porque nem eu mesma me achava bonita”, lembrou a artista, que sumiu da internet entre os dias 18 e 24 de dezembro.
“Foi a gota d’água, sabe? Costumo não me importar, mas imagina você apanhar todos os dias? Uma hora cansa. Dói! É difícil, sim, por isso, precisei desse tempo offline. Organizei as ideias, me fortaleci e, principalmente, entendi que esse ódio gratuito não é meu e não vai me vencer”, afirmou.
“Sou ser humano e, às vezes, me sinto esgotada, mas me refaço. É o compromisso que tenho comigo e com o meu público. Comentários racistas me dão nojo. Parece que o mundo está evoluindo, mas ainda tem muita gente atrasada”, desabafou.
Ludmilla está casada com dançarina e bailarina Brunna Gonçalves e ainda tem que lidar com a homofobia por se relacionar com uma mulher. “Paguei para ver ao assumir meu amor pela Brunna. Perdi algumas coisas porque você sabe o quanto a galera é preconceituosa, mas acabei ganhando outras. E ser a gente mesmo não tem preço”, finalizou.
Como denunciar racismo
Casos como o de Ludmilla estão longe de serem raros no Brasil. Para que eles diminuam, é fundamental que o criminoso seja denunciado, já que racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89. Muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.