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Ministério Público de Angola pede condenação de bispos da Universal

No final de 2019, os angolanos destituíram o chamado "grupo brasileiro" e assumiram a Universal no país africano

Por uol splash 18/02/2022 08h08
Ministério Público de Angola pede condenação de bispos da Universal
Honorilton Gonçalves, bispo, ex-chefe artístico da RecordTV e líder brasileiro da Universal em Angola - Foto: Reprodução YouTube

Promotores do Ministério Público de Angola pediram ontem (17) a condenação de quatro bispos e ex-dirigentes da Igreja Universal mantidos naquele país.

Há cerca de três anos eles vêm sendo acusados de formação de quadrilha internacional e de lavagem e contrabando de divisas.

No final de 2019, os angolanos destituíram o chamado "grupo brasileiro" e assumiram a Universal no país africano.

Em seguida, fecharam a TV Record, que não é mais transmitida l
á.


Desde então quatro desses religiosos brasileiros passaram a ser investigados e proibidos de deixar o país.

Em 2020, autoridades locais começaram a fechar também uma série de templos pelo país.

Em abril do ano passado, mais de 50 pastores e bispos da igreja foram expulsos pelo governo. Todos estão proibidos de pisar outra vez em território angolano.

A Igreja Universal, em reiteradas notas divulgadas nos últimos três anos, disse enxergar o processo com extrema preocupação.

Ela acusa autoridades angolanas de "perseguição religiosa", e afirma que Ministério Público local age com parcialidade e preconceito (veja nota mais abaixo).

4 universais no banco dos réus

Os quatro líderes brasileiros que ficaram retidos são Honorilton Gonçalves (ex-chefão da TV Record, de onde saiu em 2013); Antonio Miguel Ferraz; Belo Kifua Miguel; Fernando Henriques Teixeira —ex-comandante da Record em Angola, e que é acusado de ter usado a emissora para lavagem de dinheiro. Todos negam as acusações.

A decisão final sobre o destino dos quatro deve ocorrer no próximo dia 10 de março. Se condenados, podem ser presos por anos (quem definirá, nesse caso, é a Justiça). Naquela que hoje considerada a melhor das hipóteses, seriam expulsos.

Membros e líderes angolanos da igreja fundada pelo bispo Edir Macedo no Brasil, em 1977, começaram a denunciar em 2019 que enormes quantias de dinheiro vinham sendo retiradas do país.

Havia uma outra acusação, de que os bispos teriam "obrigado" pastores e obreiros locais a fazer vasectomia. No entanto, Valente Luís, um líder angolano e membro do antigo Conselho de Direção da igreja, negou isso.

Segundo ele, todos que se submeteram a esse procedimento, o fizeram de livre e espontânea vontade.

Fortuna mensal sacada de Angola

A estimativa era de que ao menos US$ 10 milhões (cerca de R$ 50 milhões) eram tirados a cada mês de Angola,

O dinheiro era enviado em um suposto esquema complexo de diferentes rotas, que incluiria outros países africanos e da América Latina. O destino final seria sempre o mesmo: o Brasil.

Aqui, a, digamos, "holding" da Universal inclui a RecordTV, rádios, um portal (R7) e até um banco, o Digimais (antigo banco Renner).

Não é possível estimar o patrimônio da igreja, mas, segundo o que a revista "Forbes" divulgou em 2020, Edir Macedo teria um patrimônio pessoal de R$ 2 bilhões.

Como informou o jornalista Guilherme Ravache no ano passado, com exclusividade, desde que a emissora e o Banco Digimais (do qual Macedo é sócio) começaram a "misturar" seus negócios, o patrimônio líquido da Record cresceu 176%, passando de cerca de R$ 1,8 bilhão para R$ 5 bilhões em apenas um ano.

Outro lado - Universal


A coluna está tentando ouvir a igreja sobre a acusação do Ministério Público angolano, feita ontem. Como a decisão saiu só à noite (horário do Brasil), ainda não houve uma resposta. Se ela ocorrer, será incluída neste texto.

Nos últimos três anos, porém, a Universal tem se defendido com veemência do que considera uma "perseguição religiosa", "preconceito contra os integrantes brasileiros em Angola", e aponta "parcialidade e arbitrariedades das autoridades daquele país".

"A igreja lamenta profundamente que sua imagem, seus membros, obreiros, pastores e bispos estejam sendo manchados, sem possibilidade de defesa", afirma.

A instituição anuncia ainda que está recorrendo do que considera "arbitrariedades" e "violação da liberdade religiosa".