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Faustão rebate fake news, chama críticos de 'imbecis' e se diz agradecido

Para o apresentador, o foco agora é ficar perto da família, dos amigos e dar prosseguimento a reabilitação

Por Uol 09/10/2023 09h09
Faustão rebate fake news, chama críticos de 'imbecis' e se diz agradecido
Faustão concedeu primeira entrevista após transplante de coração - Foto: Reprodução: Record TV

Em sua primeira entrevista após ser submetido a um transplante do coração, Fausto Silva, 73, rebateu a fake news de que teria furado fila do SUS (Sistema Único de Saúde) para ser transplantado.

Em tom crítico àqueles que propagaram inverdades em relação ao seu estado de saúde, o apresentador rechaçou esses rumores que circularam nas redes sociais e afirmou que a internet deu voz para "imbecis". "A gente sabe que a internet abriu espaço para todos os imbecis do mundo, você tem que conviver [com esse tipo de fake news]. O cara que me conhece [sabe que eu não faria isso]. Quem pensa o mal é gente do mal, tem muita gente que só pensa no mal e esse tipo tem em todo lugar", declarou em entrevista ao Domingo Espetacular (Record). 

Faustão também falou sobre a importância de conscientizar a população para a doação de órgãos porque "tem muita informação errada que só prejudica". Ele ressaltou que já era doador antes de precisar passar por transplante e agradeceu a família que doou o coração que foi transplantado nele. Após ser submetido ao transplante, o artista protagonizou uma campanha do governo federal para incentivar a doação de órgãos.

Na entrevista, Faustão também afirmou que repensou a vida após o procedimento e destacou que não tem mais tempo para guardar mágoas ou rancor de alguém. Para o apresentador, o foco agora é ficar perto da família, dos amigos e dar prosseguimento a reabilitação.

"Quem recebe uma benção como essa tem que pensar muito. Fui agraciado de continuar vivendo com minha família, com meus amigos, então tem que repensar muita coisa. A gente perde tempo com besteira, se irrita com bobagens", declarou. "Você imagina depois de ter trabalhado 60 anos, passado por transplante, você acha que um cara com o mínimo de caráter, sensibilidade, pode ter mágoa, rancor? Não cabe mais isso, a vida passa muito rápido, você tem que estar preparado para ter essa consciência", continuou.

Faustão explicou que sabia da necessidade de ser submetido a algum procedimento cirúrgico, mas admitiu ter sido surpreendido com a necessidade de transplante. Segundo explicou, ele não faz uso de substâncias danosas, como álcool, drogas e cigarro, e atribuiu o problema cardíaco a um fator genético.

"Na verdade, já sabia que um dia teria que fazer cirurgia do coração, não sabia que seria transplante. Uma questão de genética, [sou] um cara que nunca fumou, bebeu, usou drogas. Talvez seja pela genética do lado do meu avô paterno, pode ter sido isso, mas, enfim, tive que enfrentar", falou.

O apresentador explicou que antes da internação havia viajado e quando retornou precisou fazer alguns exames, quando soube que "estava todo arrebentado". Após os resultados, o médico que cuida dele determinou a necessidade de internação e, posteriormente, foi avisado sobre o transplante.

"Aí falaram 'chegou a hora'. A grande sorte minha foi o tipo de sangue, e a apartir desse momento já tinha resolvido minha vida, ao mesmo tempo falei 'tem que ser, vamos embora. Sou pragmático, tenho muita fé, falava que quem decide é o lá de cima. Você tem que rezar e esperar o melhor", detalhou.

Faustão também contou que notou a diferença imediatamente após o transplante, mas ressaltou que a reabilitação é complicada. "A cirurgia é o de menos. Instalou coração já começou a funcionar, o problema é a pele seca, ficar 45 dias em cama de hospital, musculatura [precisar] refazer tudo, reabilitação com fisioterapia, muita disciplina. Eu acordei um dia depois e já me sentia um carro velho com motor novo, tem que consertar o resto do carro. Agora fico animado. É impressionante porque você sente a diferença na hora, no dia depois eu sinto que o coração é outro".

Faustão deixou em aberto a possibilidade de voltar à TV e afirmou que seu foco agora é a recuperação. "Até estou bem demais para quem saiu de transplante há um mês", completou.

Reabilitação 

O processo de reabilitação de Fausto Silva pode demorar cerca de três meses. De acordo com o cardiologista do apresentador, o tempo depende do quanto o paciente estava debilitado antes da realização do transplante.

"A insuficiência cardíaca é uma doença que impõe limites muito grandes na qualidade de vida e na expectativa de vida dos pacientes. Quando o paciente tem insuficiência cardíaca avançada, ele perde muita massa muscular, pode ter alterações renais, ele pode evoluir com o quadro de caquexia, que é perda muscular e tal", explicou. 

Faustão passará por um processo cujo objetivo é recuperar a massa corporal perdida. "Esse processo de reabilitação é voltar, além do aspecto nutricional, o aspecto fisioterápico de reabilitação, para voltar a ganhar massa muscular, melhorar a capacidade respiratória, porque é um longo período que a doença vai impondo limitações no paciente." 

Como funciona a fila de transplante do SUS:

A fila é única e controlada pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Pacientes das redes pública e privada estão sujeitos aos mesmos critérios técnicos, que consideram tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, genética e gravidade — que varia de acordo com cada órgão. Quando há empate, a ordem de chegada funciona como um critério de desempate.

Critérios de gravidade. "No transplante cardíaco, por exemplo, o critério de prioridade número um é aquele paciente que foi transplantado e que o órgão não funcionou. Esse paciente passa na frente de qualquer outro paciente em lista. Esse é o primeiro critério de gravidade", completa a médica.

Os dados inseridos na fila não identificam quem são os pacientes de meio particular ou da rede pública. 

Mais de 90% das cirurgias são feitas pelo SUS, mas pacientes que quiserem podem realizar o procedimento na rede particular, com seu médico de preferência. Independentemente da escolha, a captação do órgão continua sendo feita pela rede pública.

A doação de alguns órgãos pode ser feita por um doador vivo, mas a maioria vem apenas de uma pessoa já morta. Neste caso, a família do possível doador deve autorizar o procedimento.