“A poesia também pode ter graça”, diz Duvivier sobre O Céu da Língua
O Céu da Língua, peça de Gregório Duvivier, faz parte da programação do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília

O Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília chega à sua 30ª edição consolidado como um dos maiores encontros das artes cênicas da América Latina. Entre os destaques da programação está Céu da Língua, monólogo de Gregório Duvivier, que se apresenta nos dias 2 e 3 de setembro na capital, com ingressos já esgotados. O espetáculo propõe uma reflexão sobre a língua portuguesa e seu papel na formação da cultura e da identidade brasileira.
Descrito como um solo lírico, político e poético, Céu da Língua mistura crônica, teatro e performance para percorrer o universo da língua portuguesa como território de memória, identidade e resistência. O texto é assinado por Duvivier, com direção de Luciana Paes, parceira de longa data do ator e comediante.
“O humor e não só ele, a poesia também. A gente usa uma linguagem muito rica e às vezes não percebe. Então a gente viu que a língua tem graça e a peça nasceu dessa vontade”, explica Duvivier ao falar sobre a origem do espetáculo ao Metrópoles.
A ideia surgiu da vontade de revelar o humor escondido nas palavras que usamos cotidianamente, mas também de destacar a poesia presente na língua portuguesa.
O espetáculo se propõe a ser “um elogio à palavra” e “um gesto de afeto em tempos de brutalidade”, utilizando o idioma não apenas como meio de comunicação, mas como objeto central de reflexão sobre o Brasil de ontem e de hoje. A peça desafia o público a olhar para a língua como espaço de criatividade e resistência cultural.
Início de tudo
Duvivier conta que a poesia passou a ocupar um espaço tão importante quanto o humor em sua trajetória ainda na faculdade de Letras.
“Quando a gente é adolescente, acha que a poesia é terapêutica, mas ela pode ser também terapêutica, só que não só, ela também pode ser algo que tem graça e ajuda as pessoas a viver. Então, para mim, ela ocupa esse lugar, que para o humor é muito importante. Eu passei a buscar o humor que tivesse algo de poesia, e também a poesia que tivesse humor”, afirma.
Segundo Gregório, é importante desmistificar a ideia de que poesia e humor são coisas distintas: “Eu não acho que exista essa contradição entre a leveza da piada e a densidade da poesia, até porque a piada pode ser densa e o poema pode ser leve. Então, essa dicotomia entre leveza e densidade é que eu acho que ela não se dá muito na dupla poema e piada, entende? Eu gosto de construir isso, de tentar trabalhar um humor que fosse denso e uma piada que fosse densa e um poema que fosse leve, sabe? Então, é exatamente isso que a peça tenta encontrar”.
O Céu da Língua
O título do espetáculo também carrega múltiplos significados. Duvivier aponta para a dimensão poética e simbólica da expressão. “Tem a ver com o céu da boca, que é uma metáfora gasta, mas que tem muita poesia, então ele nos lembra que a poesia está escondida na nossa boca, e no céu da nossa língua, e no céu da língua tem a boca, então a peça é sobre essa poesia que nós temos todos no nosso aparelho fonador, que é uma palavra sem poesia nenhuma”, detalha.
Além do humor e da poesia, a obra traz um convite à reflexão sobre o tempo e a atenção em um mundo dominado pela informação, produtividade e algoritimos. “É uma tentativa da gente recuperar a brincadeira com as palavras, que é algo que está cada vez mais perdida com o tempo, não precisa de certo ócio para brincar com as palavras”, diz Duvivier.
Ele acrescenta que o espetáculo incentiva o público a redescobrir a inutilidade do poema como uma forma de liberdade. “O convite à poesia é também um convite ao ócio e a inutilidade, porque o poema não serve para nada. Então a gente tem que sair um pouco dessa lógica, da utilidade e partir para uma outra lógica em que as coisas elas são só porque são, não porque elas servem para alguma coisa”, completa.
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