Atriz Virgínia Cavendish revela segredo de Taís Araújo
Virgínia Cavendish brilha nos palcos e revela segredo de Taís Araújo e o desejo de contracenar com Fernanda Montenegro

Mulheres têm o dom de executarem múltiplas tarefas. Nas artes, brilham em diversos segmentos. Em se tratando de Virgínia Cavendish, em diferentes telas – da TV e do cinema, segmento este de cujo ressurgimento participou ativamente a partir dos anos 1990. Mas é no teatro onde esta atriz mostra sua potencialidade. E assim se dá no Teatro Nelson Rodrigues, Rio de Janeiro, onde brilha em “Mary Stuart”.
Ela vive a rainha escocesa, papel-título do espetáculo, no qual contracena com outra atriz tão potente quanto: Ana Cecília Costa,intérprete de Elizabeth I (1533-1603). “Ela sabia a potência das forças contra as quais lutava”, observa Virgínia ao falar da sua personagem. E a frase diz muito também sobre ela própria, que sempre deu relevância a seus papéis. “Muitos atores têm talento, mas não têm vocação”, observa ela, por telefone, nesta conversa com NEW MAG. A seguir, ela celebra a visibilidade alcançada pelo cinema pernambucano, coruja a filha-atriz,Luisa Arraes, revela o desejo de contracenar com Fernanda Montenegro e afirma: “o cinema e o teatro não vão morrer”.
Num mundo polarizado como o nosso, “Mary Stuart” não poderia ser mais atual, não?
Exatamente! Por incrível que pareça os assuntos da peça são contemporâneos. As rainhas tinham seus ministros, todos homens, e, desde lá, tinha essa cultura de varrer a poeira para debaixo do tapete. É assim até hoje na política. Durante séculos, as leis foram definidas pelos homens, elas e as instituições. Henrique VIII (pai da Elizabeth I), fundou uma igreja para casar-se de novo.
O que uma rainha católica do século XVI traz de encorajador e de assustador?
A força das convicções dela. Ela poderia ter abdicado do trono e não o fez. Ela sabia a potência das forças contra as quais lutava e foi firme. Antes de morrer, ela disse que entraria para a História. Ela não era santa e nem boba. E tinha suas fragilidades. Ela estava de peruca quando foi decapitada, pois havia perdido quase todo o cabelo. E foi dura na queda. Tanto que a lâmina da espada não cortou sua cabeça de primeira. E, sob suas roupas, seu cachorrinho ficou com ela até o fim.
A peça traz uma licença poética na cena do encontro entre as duas rainhas, que nunca se viram. Quem na sua trajetória gostaria de ter encontrado e que não foi possível?
Trabalhei com Fernanda Montenegro num mesmo filme (“O auto da Compadecida”), mas não contracenamos. Adoraria que isso acontecesse. Ela é a pessoa mais coerente que conheço. É única em dizer o que deve e em fazer o que quer. É sempre maravilhoso assisti-la. Fui levada a “Hedda Glaber” (encenada por Virgínia em 2006) por causa dela. Eu a havia convidado para um projeto, e ela, gentilíssima, me convidou para um chá. E veio dela a sugestão. Comprei os direitos e fiz.
E Taís Araújo interpretou a Compadecida na continuação do filme. Ela brilha agora em Vale Tudo e merece todo o reconhecimento conquistado, não?
Merece! A Taís é uma atriz dedicada, vocacionada e muito disciplinada. Todos os louros conquistados são resultado de um trabalho árduo. Ela é tão dedicada que acorda às seis da manhã para dar conta de tudo. É aquele tipo de pessoa que faz planilha, sabe? Ela é danada, linda e admirável.
Falando em brilho, Luisa Arraes, sua filha, deixa, aos 32 anos, a pecha de atriz promissora para firmar-se como uma artista potente. O que te deixa mais orgulhosa em relação a ela?
Tudo! Admiro muito a Luiza. Sua vocação, a disciplina e poderia usar para ela os mesmos adjetivos usados para a Taís. Ela tem também tino para produtora. Inventa e viabiliza muitos dos projetos com que se envolve. A inteligência artística dela é admirável.
E isso te comove muito, né?
Sim, porque muitos atores têm talento, mas não têm vocação e quando alguém tem essas duas características é comovente. O Antunes (Filho) dizia uma coisa muito interessante: que o importante é o ator atingir seu objetivo e não importava se isso levará dez dias ou dois anos.
Falando em tempo, “O último azul” e “O agente secreto”, dos recifenses Gabriel Mascaro e Kleber Mendonça Filho, colhem louros no exterior. Como você, que vem de lá, vê esse reconhecimento?
Acho que esse reconhecimento é resultado de talento, claro, mas de um ponto que não pode ser ignorado: as políticas de incentivo à Cultura. E Pernambuco é um estado que nunca descuidou disso. Isso começou lá com o Eduardo Campos e segue até hoje. Pernambuco é um manancial de talentos, não só no cinema como em outras áreas como a literatura e o teatro, e um exemplo é o Newton Moreno…
Um autor teatral e um escritor maravilhoso. Adoro o Ópera, livro de contos dele…
Cada um dos estados deveria dar ao cidadão a possibilidade de ele desenvolver o seu melhor. O estado precisa prover cada ser humano para além das necessidades básicas, e a cultura é uma necessidade básica.
Diretores de cinema entenderam como poucos a atriz que era a cantora Maria Callas. Você trabalhou no teatro com dois exímios cineastas: Guel Arraes e Walter Lima Junior. O que foi mais mágico nessas experiências?
Os dois têm estilos e métodos totalmente diferentes, mas são dois gênios. O Guel vem da comedia e valoriza muito a marcação e o timing. Já o Walter valoriza muito o impulso interno do ator. Ele nos deixava tão à vontade que, às vezes, Aracy ou eu perguntávamos o que faríamos, e ele respondia de boa: o que vocês quiserem (risos). O Guel é mais premeditado e milimétrico no que faz, ao contrário do Walter,mas os dois são brilhantes.
Em 2006 você saiu de uma grande emissora para, numa emissora concorrente, fazer uma novela na qual você pôde explorar mais suas potencialidades de atriz. Foi difícil tomar essa decisão?
Nunca fui contratada por nenhuma emissora. Meus vínculos sempre foram por obra. Não tenho e nunca tive isso. Vou atrás de trabalhos que me desafiem. Na época em que fui para a Record, ensaiva ainda a peça com a Aracy. Fiquei uns oito meses sem dormir direito (risos). Foi uma loucura, mas a vida da gente é assim.
A TV terá ainda mais interatividade com a DTV+. Como vê o futuro do cinema?
Eita! Tô tão ligada ao presente que não saberia dizer… De repente você poderá escolher o elenco de uma produção que será levantada, já pensou nisso? Não penso no futuro. O cinema e o teatro não vão morrer. Com o 3D o cinema não acabou, pelo contrário: se aprimorou.
A questão da holografia no palco te aflige?
Já pensou poder contracenar com a Marília Pêra? Ou com a Cacilda Becker? Durante a pandemia, desenvolvi um projeto de conversas virtuais com atrizes de diferentes gerações, e a Marília e a Cacilda foram as mais apontadas como referências pelas entrevistadas. O fato é que quero ficar velhinha fazendo cinema.
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