Campeonato Brasileiro de futebol: aos poucos a modernização
O futebol brasileiro recebeu um monte de críticas justas após o 7 a 1. Mas também temos que ver as coisas boas
Reclamar da seleção é o passatempo da população brasileira. Esse exercício durou anos e o coitado do treinador sempre teve que dormir com a orelha quente. Depois do 7 a 1, as críticas aumentaram e o futebol brasileiro de forma geral, entrando na roda clubes e sua desorganização, jogadores de futebol e suas deficiências na formação e tudo que envolvesse o mundo da bola.
Entretanto, há que admitir que muitas coisas melhoraram e é possível ver isso no Campeonato Brasileiro de Futebol de 2019. Você já deve ter lido centenas de textos metendo o pau em todo tipo de coisa envolvendo o futebol daqui. Este é um pequeno contraponto. Mas veja bem, isso não quer dizer que tudo está maravilhoso. Ainda temos salários atrasados, jogos do Campeonato em Datas FIFA e outros problemas. Há um longo caminho por percorrer.
https://www.instagram.com/p/B146FZhAvzD/
As regras estão bem definidas
Considerando o Campeonato Brasileiro desde 1959, é raro termos passado uma década sem grandes mudanças na competição, quanto mais quase duas décadas. Já tivemos pontos corridos, só mata-mata, os dois juntos, 20 clubes na disputa e até 94 no Campeonato Brasileiro de 1979. Viradas de mesa eram comuns e fórmulas esdrúxulas também.
A partir de 2003, a fórmula foi definida com um campeonato só de pontos corridos onde todos se enfrentam em casa e fora. O número de times foi caindo, alcançou 20 em 2006 e não mudou desde lá. E o melhor: as divisões inferiores estão com uma certa força e atenção, com a Série B, C e D estabelecidas. Claro, quanto mais abaixo da elite, maiores são os problemas que surgem, mas houve um claro avanço nas últimas duas décadas.
Ainda há problemas? Sim, sem dúvidas. O rebaixamento da Portuguesa em 2013 é um evento, por exemplo. Mas comparado com o que tínhamos, é fácil ver que estamos em um período estável.
E o público comprou a ideia
O Maracanã, Morumbi e Mineirão passando de 100 mil pessoas nos anos 60, 70 e até mais à frente dá a ideia errada a muitos que hoje os estádios não enchem tanto. A verdade é que enchem com mais frequência, só não abarrotam porque isso é um verdadeiro perigo a todos os envolvidos.
A média de público no Campeonato Brasileiro de 1993 a 1997 não saiu da casa dos 10 mil pagantes. Entre 2013 e 2018 nós passamos de 14.969 para 18.821 e neste ano passaremos de 21 mil.
As médias são puxadas pelos grandes públicos de Flamengo, Corinthians e Palmeiras, que também colocam grandes times em campo, claro. Mas o que eles fazem melhor do que os outros é ter programas de sócio-torcedor que faz ir ao estádio ser mais barato e fácil que comprar os bilhetes avulso. Quando todos os times conseguirem implantar programas de maior eficiência, essa média pode chegar a níveis europeus.
A estrutura é muito melhor
É necessário questionar o que foi feito na Copa do Mundo e todas as obras faraônicas. Mas é inegável que eles deixaram uma estrutura para o futebol, que, infelizmente, ainda não sabe o que fazer em alguns casos.
Mas os estádios que estão nos grandes centros do futebol dão um tom ainda maior de modernização para a competição, seja a Fonte Nova em Salvador, a Arena Corinthians em São Paulo, a Arena da Baixada em Curitiba ou o Castelão no Ceará. Ainda tem as novas arenas de Grêmio e Palmeiras que não estiveram na Copa e os outros estádios reformados como Maracanã, Mineirão, Beira-Rio e a lista continua.
Muitos times também investiram em centros de treinamento e em profissionais especializados. A estrutura dos clubes brasileiros melhorou, até mesmo os que ainda vivem situação financeira delicada. Isso é um ponto positivo.
E o dinheiro também chegou
Os contratos de patrocínio estão muito maiores, assim como os salários de jogadores e técnicos e a renda com o acordo televisivo, que pode entregar até 300 milhões de reais para o Flamengo em 2019.
Infelizmente estamos tendo uma concentração de renda maior entre os times de maior exposição e os times em patamares menores, que incluem também clubes gigantes de nosso futebol. Esse é um ajuste que precisa ser feito, mas o fato do dinheiro existir e estar circulando é outro ponto muito positivo e que ajuda na modernização do nosso futebol brasileiro.