Estreia do Palmeiras no Mundial de Clubes põe à prova plano de Abel
Palmeiras enfrenta o Al-Ahly por uma vaga na final
Quando o Palmeiras entrar em campo nesta terça-feira (8) para enfrentar o Al Ahly, do Egito, pela semifinal do Mundial de Clubes, todas as esperanças da torcida estarão voltadas para uma única pessoa: o técnico Abel Ferreira.
Durante toda a pré-temporada do Verdão para a disputa da competição intercontinental, uma frase virou mantra entre os palmeirenses nas redes sociais e rodas de conversas: 'o Abel tem um plano'.
E de fato o comandante português dá indícios claro de ter um.
Se a campanha do time alviverde na última edição do Mundial deixou a desejar, com direito a nenhum jogo ganho ou gol marcado, desta vez Abel colocou o torneio como uma verdadeira obsessão particular. Mesmo que para isso tenha que superar adversidades.
Desde antes da conquista do bi consecutivo da Copa Libertadores o treinador cobrou publicamente a diretoria por contratações. Em sua cabeça, dois reforços deixariam a equipe perfeita dentro do plano de jogo que tem como ideal para o Palmeiras: um zagueiro canhoto e um centroavante. Nenhum dos dois chegou.
Nada, contudo, que tenha desmotivado o português. Se nesse ano que passou desde o vexame no último Mundial Abel conseguiu dar uma maturação pouco vista em outras equipes brasileiras, chegou a hora de colocar em prova a disciplina tática e respeito e confiança absolutos do grupo que ele transformou.
E, para isso, Abel mais uma vez se fechou no que melhor sabe fazer: o trabalho. O LANCE! apurou com pessoas que frequentam a Academia de Futebol que desde o título diante do Flamengo a rotina do treinador tem sido toda dedicada ao Verdão e à competição intercontinental.
Vídeos, relatórios, análises e leituras ocupam o tempo de Abel quase que integralmente, resultando em jornadas que lhe permitiram cerca de quatro horas diárias de sono. A obsessão pelo Mundial virou "questão de honra" para o técnico alviverde mostrar do que é capaz.
Ainda de acordo com apuração do L!, desde que percebeu que os reforços pedidos não chegariam, Abel decidiu fechar com o grupo que tem em mãos.
Por isso, por exemplo, quando o clube conversou com ele sobre alternativas para o ataque com a pré-temporada em andamento, como Diego Costa, livre no mercado, fez questão de vetar. Elenco e diretoria não peitam 'o patrão', como passou a ser chamado.
Os atletas respeitam suas ordens, seja em campo, com a obediência tática, ou fora, na franqueza com que trata assuntos internos. Só em janeiro, por exemplo, o português enfatizou de que não usaria os campeões da Copa São Paulo de juniores de imediato no time e chamou a atenção publicamente dos jovens pela falta de seriedade para o Mundial.
Com os dirigentes, se foi exposto a ele a decisão de não gastar além da conta por reforços midiáticos, o que foi aprovado pela instabilidade que poderiam gerar, a contrapartida veio em acatar toda a preparação pensada por Abel para a competição, com direito a antecipação de jogo no Campeonato Paulista e treinos realizados até no avião que levou o grupo para Abu Dhabi.
A franqueza e dedicação do treinador, que já chegou a ser vítima das velhas e conhecidas cornetas palmeirenses, hoje são motivo de admiração e confiança da torcida, atingindo uma unanimidade não vista desde as eras de Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari.
E é com esse respaldo, cabeça fria e coração quente para todos serem um só, que o Alviverde chega à competição prioritária da temporada. O lema de Abel já rendeu conquistas históricas ao Verdão. Chegou a hora de superar o maior dos desafios. Trabalho para isso, como visto, não faltou.