Um ano da Glória Eterna: torcedor quase morre no Maracanã durante conquista do Fluminense
Título tricolor completa um ano nesta segunda-feira (4)
Nesta segunda-feira (04), o Fluminense relembra um ano da conquista inédita da Libertadores 2023, no Maracanã. Mais do que uma vitória nos gramados, este título trouxe para milhares de torcedores, a sensação de fim de uma longa espera. Para a família Matos, trouxe um turbilhão de emoções, desde o medo e a tensão até a glória e a celebração.
Robson Matos, um torcedor apaixonado de 63 anos, sofreu uma síncope cardíaca logo após o gol do Boca Juniors, em meio à atmosfera eletrizante do Maracanã. Ao ver o desmaio do pai, seu filho Rodrigo, que estava separado do pai pelo corredor que dividia os setores, se jogou desesperado para o socorrer, mas foi confundido pelos seguranças com um torcedor tentando invadir o campo e acabou sendo detido pela polícia.
– Eu fiquei na Leste totalmente à esquerda, ele ficou na sul totalmente à direita. Quando o Cano faz aquele gol, eu viro para o lado e mando um beijo para o meu pai. E falo, eu te amo. E aí eu viro para o meu pai, para comemorar. Na minha direção, eu vi o Advincula cortar para a esquerda. Quando ele chutou, eu vi a trajetória da bola. Eu percebi, essa bola vai entrar. Quando ela entrou, veio na minha memória todo o histórico lá de 2008. Percebi que a minha pressão caiu. Nesse momento eu desmaiei.
Rodrigo contou como foi a sensação de ter visto seu pai desmaiar na arquibancada.
– Quando eu olho para a minha direita, eu vejo o meu pai sendo carregado. E as prioridades mudam. Eu saio no meio da galera gritando: 'sai da frente, sai da frente.' Eu vim correndo, descendo a arquibancada. Quando eu chego na mureta, eu pulo a mureta e vou no gramado com o objetivo de socorrer o meu pai. Naquele momento, o segurança interpreta que eu estava invadindo.
Naquele momento, seu Robson acorda e percebe a movimentação com Rodrigo. Ambos foram retirados da arquibancada e levados para o departamento médico.
– Eu vi a polícia levando o meu filho, o Rodrigo. Os caras batendo no Rodrigo. E eu meio que acordei. Falei para quem estava me carregando: 'É o meu filho'. E eles levaram o Rodrigo. Mesmo assim levaram. O Rodrigo desapareceu, já estava preso. O delegado, com toda a compreensão, ele veio perguntar o que houve. E aí ele falou: 'vai lá, vai socorrer teu pai, vê como é que está.'
– E ali, no departamento médico, nós ouvimos um grito, um 'gol' muito forte. O médico falou: 'foi gol do Fluminense.' Aí comecei a melhorar. Eu não vi o gol do John Kennedy. O gol do John Kennedy eu estava lá na delegacia. E aí a resposta que eu dei para ele foi assim: 'As prioridades mudam. E a minha preocupação agora é meu pai.'
Felizmente, tudo terminou bem. Robson foi atendido pelos médicos de plantão no Maracanã e se recuperou, seu filho foi liberado e a família conseguiu se reencontrar para acompanhar os momentos finais do jogo. A vitória do Fluminense tornou-se ainda mais significativa para eles. Aquele 4 de novembro também marcava o aniversário de 98 anos do Sr. Adorelino, pai de Robson e patriarca da paixão tricolor na família, conhecido no bairro como "Seu Fluminense", que faleceu de câncer e foi o precursor do amor incondicional pelo clube.
O que torna essa história ainda mais especial são os registros capturados por câmeras do mundo todo. Temos imagens do primeiro gol, onde Rodrigo homenageia o pai, assim como a celebração final, em que os dois aparecem emocionados. Além disso, recentemente um repórter do Globo Esporte enviou uma imagem do momento em que Robson, desmaiado, estava sendo levado em uma maca. Uma cena que resume o drama e a superação daquela noite épica.
Essa é uma história de paixão, resiliência e amor familiar, que vai além das quatro linhas do campo e captura a essência do que o Fluminense representa para seus torcedores.