Pequenos empresários dominam o setor de drones no BR; mercado movimenta R$ 200 mi
O mercado de drones deve movimentar R$ 200 milhões no Brasil neste ano, segundo a MundoGEO, empresa especializada no setor.
Desse montante, grande parte virá da atividade de pequenas e médias empresas.
"A tendência desse mercado é mesmo a pulverização em empresas de porte menor, uma característica que se repete com frequência no setor de tecnologia", diz Emerson Granemann, 57, diretor da MundoGEO.
Para quem quer atuar no setor, há duas recomendações: ficar atento às tendência internacionais e exercitar a criatividade quanto aos tipos de serviço que os drones podem realizar.
Hoje, o uso comercial dos drones se restringe a substituir outros objetos voadores, como aviões e helicópteros, em monitoramento e filmagem de grandes áreas.
"O potencial de uso dos aparelhos ainda não foi totalmente explorado", diz Granemann. "Ainda vamos descobrir aplicações comerciais para os drones", diz.
Para promover o setor, a MundoGEO realizou, no início deste mês, a feira DroneShow Latin America.
O evento, que reuniu 3.200 pessoas em três dias, em São Paulo, contou com 52 expositores, na maioria pequenos e médios empresários, entre importadores, fabricantes e prestadores de serviço.
EVOLUÇÃO
No que diz respeito aos aparelhos propriamente ditos, empresários do setor dizem já não haver muito mais espaço para evoluções.
"Os drones podem melhorar em um ou outro aspecto pontual, mas já chegamos a um pico evolutivo", diz o empresário Luis Guimarães Neto, 27, proprietário da DroneStore, de São Paulo.
As mudanças devem vir dos softwares que comandam as ações das aeronaves.
Os aparelhos vendidos pela DroneStore, por exemplo, são de código aberto, ou seja, qualquer desenvolvedor pode criar um programa para que eles façam as tarefas desejadas.
Desde 2014, Neto já vendeu cerca de mil drones como representante da chinesa DJI no mercado brasileiro.
Entre os modelos mais comercializados em sua loja, que também presta assistência técnica, está o Phantom 3 Advanced, do tipo quadcopter (com quatro hélices): R$ 5.790.
Aeromodelista, Neto começou a atuar no mercado de drones por curiosidade em 2010, quando adquiriu um aparelho por R$ 15 mil.
Depois de um tempo, ele passou a bater na porta de produtoras de vídeo para mostrar o que o seu drone podia fazer em termos de captação de imagem.
Hoje, ele se dedica apenas à comercialização e à manutenção dos aparelhos.
A Imagem, de São José dos Campos, interior de São Paulo, representa outra marca estrangeira, a americana ESRI, especializada em serviços de inteligência geográfica.
O programa Drone2Map dos aparelhos transforma as imagens captadas por câmeras em mapas 2D e 3D para melhor análise.
"Tempo e dinheiro podem ser economizados com o uso de drones em vez de aviões e helicópteros", diz Abimael Cereda Júnior, 34, diretor da Imagem.
"Com apenas uma viagem e aplicação das ferramentas do nosso software, o fazendeiro já pode mapear toda a sua propriedade, por exemplo", afirma o diretor.
Há também quem prefira construir as aeronaves do zero, em vez de importar.
A Horus, de Santa Catarina, fabrica drones desde o ano passado utilizando, na maior parte, componentes nacionais.
Por conta disso, afirma o diretor executivo Fabrício Hertz, 28, seus produtos podem ser até 75% mais baratos que os similares importados pela concorrência.
Seu drone de asa fixa custa em torno de R$ 60 mil.
Esse modelo decola por meio de mecanismos de catapulta ou pistas como as de aviões de grande porte.
DELIVERY
Em dezembro de 2014, uma pizzaria de Santo André, na Grande São Paulo, divulgou um vídeo promocional no qual um drone entregava uma pizza a um cliente que morava em um apartamento de cobertura na cidade.
Quase um ano e meio depois, esse tipo de iniciativa não saiu do plano do marketing.
"Só daqui a uma década esse tipo de entrega vai ser real no Brasil", afirma Luis Neto, da Drone Store.
Emerson Granemann, da MundoGEO, especializada no segmento, diz que o delivery com as aeronaves deve ser a próxima onda do mercado.
"Hoje, as empresas ainda estão focadas em aplicações nas áreas de engenharia, agropecuária e propaganda", diz.
Parte da demora em ampliar as possibilidades de negócios para os drones está na falta de legislação para regulamentar suas atividades.
Somente cerca de 20 países estabeleceram regras específicas para os objetos voadores não tripulados.
No Brasil, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), ainda não há data para a versão final do texto com os parâmetros para o uso dos drones em espaço aéreo nacional.
As medidas vêm sendo discutidas há três anos.
Enquanto isso não ocorre, os drones ficam em um limbo: não são nem proibidos nem totalmente liberados -e seguem sendo comercializados.
Nos EUA, a gigante de varejo Amazon anunciou que já esta próxima de começar a fazer entregas utilizando drones. A empresa promete passar a fazer entregas em até 30 minutos com a tecnologia.
A companhia já faz testes com drones em Israel, Áustria e no Reino Unido, além dos Estados Unidos.