Biota registra 131 ninhos de tartaruga de janeiro a junho de 2016; em todo ano passado foram 80
O Instituto Biota de Conversação já conseguiu registrar, em 2016, 131 ninhos de tartarugas nos trechos do litoral alagoano monitorados. Os números foram comemorados pelo presidente fundador e diretor executivo do Biota, Bruno Stefanis, em entrevista ao Jornal do Dia da TV Ponta Verde, já que em todo ano passado foram encontrados 80 ninhos. Mas as estatísticas não são totalmente boas, 47 tartarugas foram encontradas mortas de janeiro a junho deste ano, muitas não resistiram à ação humana.
“Nós estamos avaliando esses números ainda, cresceu muito o registro de novos ninhos, mas nós também aumentamos o nosso monitoramento. Antes registrávamos, na grande maioria dos casos, uma demanda espontânea. A população via e avisava, aí nos deslocávamos ao local e fazíamos o acompanhamento. Agora ampliamos e também estamos procurando e quanto mais procuramos, mais achamos”, expôs Bruno Stefanis.
Atualmente trechos que não eram monitorados pelo Biota passaram a ser e novos locais foram descobertos apresentando incidência de desovas de tartarugas. A praia do Gunga, em Roteiro, é um exemplo desses locais utilizados como ponto de reprodução e que não eram constatemente monitorados. Em fevereiro, após a divulgação de um vídeo feito pela produtora da Tv Ponta Verde, que mostrava a morte de dezenas de filhotes de tartarugas mortos no local, esmagados por quadrículos utilizados por turistas, desencadeou uma ação conjunta que não se limitou a proibir o tráfego dos veículos na faixa de areia e acabou descobrindo mais de 10 ninhos na praia.
“O vídeo desencadeou uma ação interessante, vários órgãos atuaram juntos. As imagens foram divulgadas nacionalmente e com isso foi dada uma resposta à altura. O pessoal que comercializava os passeios nos veículos pela faixa de areia tiveram que se regularizar. Os veículos inaptos foram retirados de circulação e os aptos foram regularizados e agora circulam dentro do que foi firmado no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), explicou o presidente e diretor executivo do Biota.
Atualmente nenhum veículo registrado pelos grupos que realizam os passeios no Gunga passa pela faixa de areia. O circuito foi modificado para não prejudicar a desova das tartarugas. Os veículos seguem por um trecho de 3km por dentro do sítio, na área dos coqueirais, ainda preservando a vista do mar, em seguida, o trajeto passa por cerca de 2,5km pelas falésias.
A vitória conquistada no Gunga foi grande, mas há muito mais a se fazer. Muitas tartarugas continuam morrendo pelo vítimas da falta de consciência ambiental, pelo lixo jogado no mar e pelas ações de alguns pescadores. Segundo o Biota a média de registro de mortes de tartarugas por ano é entre 120 e 150.
“Esse ano, de janeiro a junho registramos 47 mortes de tartarugas, mas esse ano também estamos atuando de forma diferente e esse número não corresponde com a realidade. Decidimos focar no monitoramento das desovas e colocamos as mortes apenas como demanda espontânea, não procuramos, apenas atendemos os acionamentos da população. É preciso que as pessoas entendam que não estamos preservando apenas as tartarugas. Protegendo as tartarugas, protegemos todo o ecossistema, toda a cadeia. O ambiente precisa ficar equilibrado”, afirmou Bruno.
Na tarde desta segunda-feira (11), o Biota dá seguimento ao acompanhamento da reprodução das tartarugas, com a soltura de filhotes na praia da Sereia, no litoral norte. O espetáculo da natureza está previsto para às 16h30.